Conheça a história do primeiro submarino russo do século 18


Esta embarcação do século 18 foi planejada para ser uma arma imbatível do Império Russo que permitiria controlar todo o Mar Báltico. Os submarinos se tornaram parte integrante das Forças Armadas dos principais países do mundo no início do século 20. A Rússia, porém, teve a oportunidade de criar uma frota de submarinos mais de 200 anos antes disso. Mas por que ela não foi para frente?
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No início do século 18, Efím Níkonov, carpinteiro de estaleiro que não teve sequer formação técnica, teve a ideia de um novo navio capaz de “navegar na água secretamente e derrubar os navios de guerra de debaixo d’água”.
Níkonov não sabia ler ou escrever, mas tinha grande habilidade para a construção naval.
O carpinteiro enviou ao imperador Pedro I (também conhecido como Pedro, o Grande) diversas propostas de construir um submarino, escritas com ajuda de pessoas letradas, e disse que estava pronto para pagar por um fracasso com a própria cabeça.
Em 1719, o monarca finalmente deu atenção ao projeto e convidou Níkonov para uma conversa cara a cara. Embora a ideia de Níkonov não fosse completamente nova (o engenheiro holandês Cornelius Drebbel testou o primeiro submarino do mundo ainda em 1620), o imperador gostou e se inspirou com a ideia de Níkonov, que foi nomeado “mestre dos navios ocultos”, ganhou uma oficina em São Petersburgo e a possibilidade de escolher assistentes.
Em 1720, o primeiro pequeno protótipo de submarino russo foi testado no rio Nievá, em São Petersburgo. A embarcação submergiu no meio do rio e emergiu do outro lado. O segundo teste, porém, não foi tão bem-sucedido: a embarcação não conseguiu emergir. O imperador participou pessoalmente da elevação do navio à superfície com cordas e, apesar do fracasso, ordenou a construção de um modelo em escala real.
O “navio escondido” de Níkonov, que recebeu o nome “Morel” foi concluído em 1724. O primeiro submarino russo tinha a forma de um grande barril de madeira de seis metros de comprimento e dois metros de altura, era amarrado com aros de ferro e forrado com couro.
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O casco tinha 10 placas de estanho com furos passantes de diâmetro mínimo para que a água de fora entrasse nas bolsas de couro, que, como lastro de água, contribuíram para a submersão da embarcação. Durante o emersão, a água era bombeada para fora com ajuda de uma bomba de pistão de cobre.
O submarino, com uma tripulação de cinco pessoas, se movia a remos.
Um lança-chamas seria a principal arma do “Morel”. Além disso, segundo o projeto, um mergulhador podia sair do submarino para danificar o casco do navio inimigo com instrumentos especiais.
Na primavera de 1724, o “navio secreto” foi testado no rio Nievá na presença do tsar e dos oficiais da frota. O “Morel” submergiu com sucesso até a profundidade de 3 ou 4 metros, mas, de repente, atingiu o fundo do rio. A estanqueidade do navio foi quebrada e a tripulação teve que ser resgatada com urgência.
No entanto, mesmo com a nova falha, Pedro I não ficou decepcionado nem com o barco, nem com o mestre, e ordenou “não culpá-lo pelo embaraço”.
Entretanto, a morte do imperador, em 1725, pôs um fim ao ambicioso projeto. Sem patrono, Níkonov parou de receber fundos, materiais e pessoal.
O último teste do “navio escondido” foi realizado em 1727. Depois de novo fracasso, Níkonov foi rebaixado de “mestre” para simples “trabalhador do almirantado” e enviado para a cidade distante Ástrakhan. Como resultado, a Rússia teve que esperar mais dois séculos para ganhar sua própria frota de submarinos.
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