Cuca Sodré celebra 50 anos de vela à frente de grandes competições de oceano do país

Ex-velejador, Carlos Eduardo Sodré hoje é responsável técnico da Semana de Ilhabela e da Copa Mitsubishi

15/10/2023
Foto: Aline Bassi/Balaio de Ideias

Responsável técnico por competições como Semana de Ilhabela e a Copa Mitsubishi, o ex-velejador de monotipo e de oceano Carlos Eduardo Sodré — também conhecido como Cuca –comemora uma vida pela vela em 2023. Já são 50 anos em serviço deste esporte — seja nas águas ou nos bastidores.

Com 64 anos de idade, o paulistano Cuca Sodré coleciona títulos por todas as classes que passou. Mas tudo começou em 1973, na represa de Guarapiranga, em São Paulo, quando passou a frequentar o Yacht Club Santo Amaro e a velejar de Pinguim, que foi seu barco-escola.

 

Depois vieram as classes Snipe, Star e Lighthing, seguidas pelos veleiros de oceano, como o Zodíaco — um Velamar 32, com o qual conquistou a Semana de Vela de Ilhabela.

Velejador desde os 14 anos, virou dirigente a partir dos 30. Em 1989, Cuca Sodré passou a conciliar as atividades de esportista com as de colaborador de comissões organizadores de regatas.

 

“Meu segundo sogro, Dionysio Sulzbeck, era juiz de regata; eu comecei a viajar com ele e, quando fui ver, já estava no circuito de vela fazendo júri ou cuidando da gestão das provas”, lembra ele.

 

A partir daí, quando não estava na raia disputando competições como Santos-Rio, Circuito Rio e Semana de Vela de Ilhabela (entre outras), estava nos bastidores, encarregado de executar as largadas, controlar a chegada dos barcos, verificar o correto contorno às boias, autorizar a realização da regata e computar os resultados. Ou integrando o júri das regatas que ajudava a organizar.

E pegou gosto pela coisa. Daí a se tornar o principal responsável técnico por algumas das principais competições a vela do país foi um pulo.

 

“Ele é o cara da Copa Mitsubishi”, apontam uns. “E também da Semana de Vela de Ilhabela”, acrescentam outros. Conclusão: Cuca Sodré alcançou como juiz internacional e como organizador de competições o mesmo sucesso que teve como velejador. Ou mais.

Foto: Aline Bassi / Balaio de Ideias / Acervo SIVI

Já são 33 edições de Semana de Ilhabela como integrante do time organizador. “No começo, eu era um ajudante da Comissão de Regatas; ajudava a montar raia. Depois, virei juiz. Na sequência, juiz principal. Em seguida, passei a fazer as duas coisas: organizar a parte técnica, junto com a diretoria do clube, e ser juiz das competições. Foi num crescente”, resume Cuca Sodré.

Durante muito tempo, ele se dividiu entre as competições e o trabalho em sua oficina de automóveis, em São Paulo. Há 15 anos, no entanto, vive exclusivamente da vela e para a vela.

 

Considerada a maior e a mais importante competição de regularidade do país, a Copa Mitsubishi Circuito Ilhabela é um de seus orgulhos como organizador. Começou no ano 2000, com apoio do velejador e mecenas da vela Eduardo Souza Ramos, até hoje patrocinador da prova e um dos símbolos do esporte no país.


“Depois da Semana de Vela de Ilhabela, tive a ideia de fazer um torneio anual, de modo a criar um calendário para animar os velejadores”, conta Souza Ramos. No início, eram duas etapas por ano. Depois, a diretoria do Yacht Club de Ilhabela, liderada pelo José Nolasco, adotou o formato atual, com quatro etapas ao longo do ano, que ocorrem em dois fins de semana a cada trimestre, totalizando 30 regatas.

Foto: Fred Hoffmann

“O melhor de tudo é que as regatas são realizadas em várias condições de raia, com variações de mar e vento, de calmaria a porradaria”, lembra Cuca Sodré. “Tudo isso intercalado com muita confraternização”, acrescenta.

 

São competições altamente seletivas do ponto de vista técnico, mas que não excluem os simples competidores de fim de semana. É aí justamente que reside um dos segredos do sucesso de Cuca Sodré como dirigente: permitir que velejadores amadores possam dividir a raia com campeões olímpicos.

 

 

Enquanto uns competem a bordo de veleiros de alta performance, outros velejam em barcos menos tecnológicos (mas ainda regateiros), uma vez que as regatas são distribuídas por cinco classes: ORC, RGS, C30, HPE 25 e Bico de Proa.

 

Impossível não ficar impressionado com as dimensões de um evento que nasceu despretensiosamente, 23 anos atrás, e que hoje reúne 75 barcos e cerca de 500 velejadores — nem todos ao mesmo tempo, ressalva-se; muitos comandantes têm os barcos baseados fora de Ilhabela, por isso não cumprem todas as etapas.

 

Na média, 40 barcos competem por etapa. Por sorte, o regulamento prevê o descarte dos quatro piores resultados obtidos ao longo do campeonato. Assim, quase todos se mantêm na briga até o último fim de semana.

Em suas jornadas como dirigente, Cuca Sodré nunca está sozinho: tem sempre ao lado sua mulher, a sueca Ann Viebig, com quem desenvolve uma parceria de trabalho há mais de duas décadas.

 

“A gente monta os campeonatos juntos. Mas, na hora em que a competição vai acontecer, ela organiza a parte administrativa (inscrições, credenciamento, resultados, etc.), enquanto eu vou para o mar. Ela cuida da parte de terra; eu, da parte de água”, resume.

 

Além do espírito esportivo, cada vez mais a competição é marcada pela confraternização entre as equipes, com muita diversão dentro e fora d’água.

“Este ano, estamos incentivando ainda mais os eventos sociais. A cada etapa fazemos um coquetel de boas-vindas, um happy hour e um jantar de confraternização entre as equipes, com direito a levar convidados, além da canoa de cervejas e de shows com bandas tocando ao vivo em pelo menos um fim de semana de cada etapa. Com isso, esperamos atrair ainda mais gente”, diz Cuca Sodré.

 

Para estimular a formação de novos velejadores de oceano, há 18 anos ele criou a figura do “tripulante mirim”, que dá oportunidade para a garotada de até 16 anos (e não mais que 70 quilos) velejar junto com iatistas mais experientes e, assim, ganhar conhecimento e experiência, o que é mais difícil de acontecer com os barcos monotipos.

 

“Cada barco pode levar um tripulante mirim, que não conta peso para total da tripulação nem paga inscrição. Isso só traz benefício para a equipe. Por outro lado, é um incentivo para que a garotada siga velejando e se interessando pelo esporte”, defende o criador da ideia.

Fotos: Fred Hoffmann / Divulgação

O saldo é altamente positivo. Em Ilhabela, são inúmeros os casos de adolescentes que se destacaram depois dessa experiência inicial, como Vicente Monteiro, timoneiro do Ginga, que se sagrou campeão brasileiro de HPE inúmeros vezes; Dudu Bentivi Mateus, também campeão de HPE 25; e Marina de Jesus Santos, aluna da Escola de Vela de Ilhabela, que já dividiu um barco com Lars Grael. Sem contar os próprios filhos dos comandantes dos barcos, que com 10/12 anos já começam a descobrir o prazer de velejar.

 

Outra iniciativa bem-sucedida foi a de trazer mais mulheres para raia. “Nossa primeira iniciativa foi de tornar gratuita a inscrição delas. Hoje em dia, damos 50% de isenção. Com isso, vários barcos contam com a presença de pelo menos uma mulher. Além disso, neste ano, o Asbar II, um Delta 32 comandado por Valéria Ravani, tem uma tripulação 100% feminina”, comemora ele. Um barco pra lá de empoderado, assim como Cuca Sodré, o poderoso organizador da Copa Mitsubishi.

 

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