Saiba como funcionam as eclusas do Rio Tietê, famosos “elevadores” de barcos gigantes
Sistema permite que embarcações subam até 30 metros de altura dentro da estrutura
Os frequentadores do rio Tietê costumam usar um verbo que não existe: “eclusar”. Ou “o ato de atravessar eclusas” — que, para quem nunca esteve na Holanda ou não se lembra dos tempos de escola, são obras de engenharia que permitem aos barcos vencerem desníveis de água com a altura de edifícios, como acontece ao longo de boa parte do Tietê.
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De Barra Bonita para baixo, tudo no maior rio de São Paulo gira em torno das eclusas, gigantescos “elevadores” de barcos, onde o que sobe ou desce não são apenas as embarcações, mas também toda a água ao redor deles, feito um colossal tanque móvel.
São as eclusas que permitem o fluxo de água do rio e a sua navegação, além de tornarem o Tietê ainda mais atraente para o turismo, já que esse tipo de recurso é raríssimo no país.
Entrar com um barco em uma eclusa é uma experiência e tanto, até pelas dimensões da coisa. São colossais caixas de concreto, revestidas de aço, que, vazias, têm a altura de edifícios e, cheias, viram piscinas com centenas de milhões de litros d’água, que sobem e descem junto com o barco.
Em algumas eclusas do Tietê, a diferença entre o sobe e desce do conjunto barco e água chega a 30 metros de altura, o mesmo que um prédio de dez andares.
Uma vez dentro da eclusa, a visão das paredes, altíssimas, úmidas e escuras é um tanto fantasmagórica — e a certeza de que, do outro lado, existe uma muralha d’água querendo entrar, não é muito reconfortante. Mas a magnitude do sistema é algo extraordinário. Embora bem simples no conceito.
Uma eclusa é como se fosse uma caixa sem tampa (a “câmara”), onde em cada extremidade há uma porta (“comporta”), que sobe e desce feito uma guilhotina e serve tanto para permitir a entrada da água quanto para retê-la lá dentro, quando a caixa já estiver cheia.
Quando uma porta se abre, a outra tem que estar fechada, para a caixa encher ou esvaziar, através de tubulações. A parte de cima da eclusa chama-se “montante”; a de baixo, “jusante”. O barco (ou “barcos”, já que cabe uma flotilha inteira dentro de uma eclusa), entra por uma porta e sai pela outra, depois que a caixa encher ou esvaziar. Ao sair, ele estará muitos metros acima ou abaixo de quando entrou.
Sem as eclusas, a navegação no Tietê seria impossível, porque originalmente o rio tinha cachoeiras e vários trechos de corredeira — sem contar que ainda haveria escassez de energia em boa parte do estado de São Paulo, porque a função das barragens é represar a água para fazer girar as turbinas que geram eletricidade para as cidades.
Mesmo para os mais familiarizados com grandes feitos da engenharia, é uma obra e tanto. No mínimo, algo que não se vê todos os dias. A menos, claro, que você viva no Tietê e esteja pra lá de cansado de “eclusar”.
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