Empresa angolana de cabos submarinos investe na vela oceânica e estreita laços com o Brasil


De acordo com o mapa atualizado da consultoria TeleGeography, há cerca de 300 cabos submarinos espalhados pelo mundo, interligando países e continentes. Alguns deles levam a assinatura da multinacional de telecomunicações Angola Cables, empresa fundada em 2009 que mantém um escritório em Fortaleza e planeja inaugurar, também na capital cearense, um data center — o qual, por sua vez, estará conectado a dois cabos submarinos de fibra óptica, o SACS (South Atlantic Cable System) e o Monet.
Com investimento superior a US$ 130 milhões, o SACS ligará a Angola ao Brasil ao longo de 6 mil km de distância, dispondo de mais de 40 Tbps (terabytes por segundo) de capacidade. Já o Monet, com extensão de 10,5 mil km, ligará Santos, no litoral paulista, a Miami, nos Estados Unidos, passando por Fortaleza e oferecendo mais de 28 Tbps de capacidade inicial, ao custo de US$ 170 milhões. Assim, serão integrados nessa operação três continentes (África, América do Sul e América do Norte) e abertas novas possibilidades de comunicação de voz e dados, para além dos satélites.


Segundo António Nunes, CEO global da Angola Cables, cabos submarinos têm vida útil de 25 anos e são mais eficazes que os satélites, inclusive para efeito de troca, já que sai mais barato produzir um equipamento novo. “Nossos empreendimentos têm como objetivo criar rotas novas e inovadoras”, filosofa ele, que esteve em Ilhabela para participar da abertura da Semana de Vela, correndo a Regata de Alcatrazes por Boreste — Marinha do Brasil, a bordo do Mussulo 40.
O barco, que é comandado pelo angolano radicado no Brasil José Guilherme Pereira Caldas, velejador e neurocirurgião, conta em Ilhabela com uma equipe formada por seis tripulantes, incluindo o skipper baiano Leonardo Chicourel, que disputou, no início do ano, a regata transatlântica Cape2Rio 2017, na qual o time foi o primeiro colocado na categoria Double Hand e quebrou o recorde da classe, terminando a prova após 16 dias, 14 horas 22 minutos e 12 segundos.


Aliás, a Angola Cables está cada vez mais conectada à vela de competição oceânica e sonha patrocinar um barco da Volvo Ocean Race, a maior regata de volta ao mundo. “Por ser um evento mundial, para nós, desperta um interesse muito grande, porque somos uma empresa com referências mundiais. Nosso negócio é feito com ligações intercontinentais e a VOR faz as pontes intercontinentais”, avalia o executivo, ressaltando que, por enquanto, a empresa aposta no estreitamento de laços com o Brasil. “Nesse sentido, participar da Semana de Vela de Ilhabela tem total sinergia e representatividade com nossos negócios, já que o esporte está intimamente ligado à travessia de mares e oceanos”, explica.
Voltando aos negócios, o objetivo da Angola Cables é transformar tanto Angola, na África, quanto o Brasil, no continente sul-americano, em hubs (pontos de conexão) das telecomunicações. “Quando estiver concluído”, projeta António, “o Monet irá beneficiar os usuários das telecomunicações em território brasileiro, que passarão a ter rotas alternativas para o acesso aos Estados Unidos e, por esta via, a outros centros de consumo e produção de conteúdos, como Europa e Ásia”. Já o SACS, completa o CEO, por ser “o primeiro cabo do tipo transatlântico sul, é a menina dos olhos da empresa”. Mas a ideia central é “abrir a infraestrutura para todos os agentes do mercado”, possibilitando a exploração das novas oportunidades de negócios de maneira abrangente. “O data center terá ‘n’ empresas usando este espaço como um centro de alocação de dados”, reforça.


No sábado, dia anterior à regata de abertura da Semana de Vela de Ilhabela, NÁUTICA acompanhou um treinamento do Team Angola Cables pelas águas da região. Ernani Paciornik, presidente do Grupo NÁUTICA, visitou o Mussulo 40, onde conheceu pessoalmente o executivo da empresa de telecomunicações angolana e o comandante do barco, além de tomar conhecimento dos planos da Angola Cables para o Brasil. E, naturalmente, desejou-lhe boa sorte, tanto nos negócios quanto na raia, onde ele também participaria da Regata de Alcatrazes por Boreste — Marinha do Brasil, a bordo do trimarã Barracuda.
Independentemente de qualquer resultado, porém, António Nunes estava contente por desfrutar as belezas da ilha mais bela do Brasil a bordo de um veleiro. “Meu signo é aquário. Portanto, já nasci dentro d’água!”, brincou ele, dizendo que sempre teve barco (atualmente, possui um veleiro e uma lancha). “Sou muito suspeito ao nível do mar! Não sei viver sem o mar nem a água. É o que me tranquiliza”, afirmou.


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