Oceano global escureceu 21% nos últimos 20 anos, aponta estudo

Animais que precisam de luz disputam recursos; escoamento agrícola e grandes volumes de chuvas estão entre as causas

13/06/2025
Imagem ilustrativa. Foto: debbalba / Envato / Reprodução

Mais de 75 milhões de km² do oceano global escureceram nas últimas duas décadas. O número, que corresponde a 21% da água salgada que cobre quase toda a Terra, foi levantado em um estudo conduzido pela Universidade de Plymouth, na Inglaterra, publicado no final de maio na revista Global Change Biology.

Conforme explica a pesquisa, o escurecimento do oceano está ligado a mudanças nas propriedades ópticas da água, que reduzem a zona fótica, camada onde vive 90% da vida marinha e que varia conforme a área do oceano.

 

Essa região é mais superficial justamente para permitir a entrada de luz solar ou lunar para que processos biológicos que são guiados por essa iluminação possam acontecer, a exemplo da fotossíntese.

 

A falta de luz afeta diretamente a sobrevivência dos animais que dela dependem, como os copépodes Calanus (pequenos crustáceos marinhos do oceano Atlântico, importantes na cadeia alimentar) que, na falta de iluminação, têm de migrar para camadas mais superficiais e, assim, passam a disputar recursos.

O oceano global escureceu. E qual é a causa?

Entre os principais motivos apontados pelo estudo da Universidade de Plymouth para o escurecimento do oceano estão o escoamento agrícola, o aumento das chuvas e as mudanças na temperatura da superfície do mar.

 

Tratam-se de fatores que contribuem para o acúmulo de nutrientes, sedimentos e matéria orgânica nas águas costeiras, o que interfere na penetração da luz solar e lunar.

Mapa-múndi mostra mudanças nas zonas fóticas globais entre 2003 e 2022. Os vermelhos indicam regiões onde os oceanos estão ficando mais escuros, enquanto os azuis mostram regiões onde os oceanos estão ficando mais claros. Brancos apontam onde não houve mudança significativa no período. Foto: Universidade de Plymouth / Divulgação

Já em áreas de mar aberto, o aumento da temperatura da água altera a dinâmica do plâncton e da proliferação de algas, o que também reduz a clareza da água e, consequentemente, a profundidade da zona fótica.

 

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores combinaram dados de satélite com modelagem numérica, além de informações do Ocean Colour Web, da NASA — uma plataforma que mede a cor do oceano em pixels de 9 km. Um algoritmo específico ainda pôde estimar a profundidade da zona fótica ao longo do tempo.


O estudo contou também com modelos de irradiação solar e lunar, responsáveis por permitir avaliar como a entrada de luz no oceano mudou nas últimas duas décadas, tanto de dia quanto à noite.

 

Para se ter uma ideia, uma área com mais de 32 milhões km², representando 9% do oceano, teve uma redução de mais de 50 metros da zona fótica. Ao mesmo tempo, em 2,6% da área oceânica ocorreu a diminuição da camada superficial em mais de 100 metros.

 

Por outro lado, parte das águas têm ficado mais claras nos últimos 20 anos: cerca de 10%, o que corresponde a mais de 37 milhões de km².

 

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