Teste Azov Z480 HT: uma lancha com desempenho esportivo, conforto e luxo
Com acabamento elogiável e estilo veloz, a embarcação entrega requinte e performance reunidos no mesmo barco
Sempre que surge um novo estaleiro, o mercado fica de alerta. Será confiável? Será que os seus barcos são tão bons quanto o fabricante promete? No caso da Azov Yachts não foi diferente. Afinal, novidade é novidade. Fomos, então, conhecer a história da empresa e conferir o desempenho de suas lanchas, e ficamos agradavelmente surpresos com o que vimos.
Azov vende lancha antes do início do Boat Show e espera “nova era” em Salvador
Confira a lancha que a cantora Simone Mendes escolheu para começar a navegar
Inscreva-se no Canal Náutica no YouTube
Comandada por Carlos Avelar, a Azov Yachts parece que entrou mesmo pela porta da frente no mercado náutico. Sua fábrica — que fica em um prédio próprio de 15 mil m² no município de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco — já produziu, segundo o próprio, 368 barcos (desde que entrou em atividade, em março de 2019), sendo 72 deles apenas em 2023.
Iniciamos com a Z480 HT, que tem 15,30 metros, depois veio a Z380 Open, de 12,40 metros, e por último a Z260 Open, de 8,42 metros– conta Avelar
“Para o São Paulo Boat Show 2024 reservamos o lançamento da Z380 cabinada. Em breve, iniciaremos a produção de uma linha de barcos maiores, todos com flybridge. Adquirimos de uma grande marca italiana os moldes de cinco modelos, que darão origem às Azov Z600, Z630, Z680, Z780 e Z880”, acrescenta ele.
Mas o que fez o estaleiro se estabelecer tão rapidamente, com números tão invejáveis, disputando mercado com marcas consagradas? Os méritos, segundo Avelar, devem-se acima de tudo à qualidade de seus cascos, de proa alongada, que cortam a água feito uma faca, além, é claro, da qualidade da construção de seus barcos.
Eu sempre digo: antes de comprar um barco, navegue. Compare. Eu gosto disso porque, quando alguém compara o desempenho das minhas lanchas com as de alguns outros concorrentes, acaba comprando as minhas– diz o CEO da Azov Yachts
Como gostamos de desafios, fomos conferir o desempenho, inicialmente, de sua maior lancha atual, a Z480 HT. O casco, de 15,30 metros (50,19 pés) e a boca máxima, de 3,98 m, tem perfil de offshore, com proa saliente, para ajudar a amortecer o choque contra as ondas, e V profundo na popa, com 24 graus.
No embarque, chama atenção as dimensões da plataforma de popa, superequilibrada. Como se sabe, nas lanchas brasileiras, essa parte saliente do barco, casco afora, está cada vez maior, mais completa e mais ousada.
Bom para os usuários, pois aumenta consideravelmente a área social e “útil” do barco, além de ter um quê de deque de piscina. Mas convém não exagerar, sob o risco de gerar consequência negativas para a navegação. No caso da Azov Z480, o projetista acertou na dose.
Mesmo sendo submersível (ou seja, do tipo que afunda alguns centímetros na água), mantém uma excelente área na parte fixa, permitindo o uso sem restrição do espaço gourmet.
Por sua vez, a churrasqueira elétrica dispõe de um botão corta-corrente e de uma camada refratária na tampa de fibra, importante para evitar acidentes, caso seja fechada com a grelha ainda ligada.
Completa, a área vem com tábua de corte, pia, armário, porta-copos, uma grande geleira, duas lixeiras por tubos e um chuveirinho com braço móvel e água quente e fria.
E ainda há um grande paiol no piso. A parte submersível da plataforma tem suportes para jet ou bote, além de pega-mãos nos dois bordos e de uma escada de quatro degraus, para quem retorna da água após o mergulho. Porém, como essa base desce 1,10 m, forma-se um grande degrau entre ela e a parte fixa, que mereceria uma escada, solução que o estaleiro promete estudar.
O acesso ao cockpit é feito por um degrau bem alto (que é bom) apenas por bombordo, o que permitiu a instalação de um grande sofá em J a boreste, com uma mesa de madeira à frente, na praça de popa. A base dessa mesa tem o formato do logotipo do estaleiro: um Z estilizado, de inox.
No outro bordo, há um segundo sofá, que pode ser usado como chaise. E todos os estofados têm encosto confortável e assentos largos, que se traduzem em um conforto acima da média.
A targa da casaria tem design esportivo e vem recheada de caixas de som. Além disso, no hard-top, há um toldo do tipo Stobag, de acionamento elétrico, que, nos dias mais ensolarados, oferece alívio térmico para quem está na praça de popa.
Mais à frente, a bombordo, o projetista emparelhou o posto de comando a um divã, sem encosto nem braços, além de uma geleira de grande volume, com trava na tampa. Essa chaise long fica numa posição bem alta, truque que permitiu aumentar o pé-direito do banheiro logo abaixo, na cabine.
Ainda assim, essa área ainda pode ser mais bem explorada; ficou um espaço enorme, mas um pouco indefinido sobre o melhor uso. Para completar o nível de conforto, atrás do banco do piloto há uma TV embutida, de acionamento elétrico.
O posto de comando está no mesmo nível das demais áreas do cockpit. Tem um bom apoio para os pés, importante para a pilotagem na posição sentado. Um, não: dois, sendo que este segundo permite passar a cabeça pela abertura do hard-top e, assim, obter visão de quase 360°.
O banco (duplo) é ergonômico, com encosto alto, e o volante, escamoteável. O para-brisa inclinado confere ao barco um visual esportivo. E para facilitar as manobras de atracagem (e promover a ventilação natural) as duas janelas laterais têm aberturas no centro.
Ainda no comando, as botoeiras estão bem etiquetadas e tanto os manetes como os botões de acionamento dos flaps, perfeitamente posicionados. As duas telas Garmin, de 12 polegadas, apesar de “flutuarem” sobre o painel, não interferem na visão do piloto; pelo contrário, facilitam a leitura durante a navegação.
Além disso, o piloto dispõe de porta-copos à sua direita e à sua esquerda e de um porta-treco (perfeito para acomodar o celular) protegido de qualquer respingo d’água. Pequenos detalhes que fazem a diferença.
Para se ter acesso à proa, é preciso subir uma escada de três degraus e cruzar uma porta que se abre no para-brisa, a bombordo, num movimento muito simples. O solário, lá na frente, tem encosto rebatível e não impede a livre circulação das pessoas, já que a proa é bem lançada, por conta do casco com configuração de lancha esportiva.
Tanto é assim que sobrou espaço no bico de proa para a instalação (no corpo do guarda-mancebo) de um banco de madeira com formato em V, no qual três pessoas podem se sentar, além de servir de apoio à área operacional.
A caixa de âncora tem dispositivo de molas nas portinholas, que evita o fechamento brusco, e é toda revestida com gelcoat, material que oferece proteção contra impactos, além acabamento mais brilhante e bonito.
Os porta-defensas, fixados ao guarda-mancebo, oferecem o risco de alguém tropeçar; o ideal era que fossem retráteis. Além disso, ficou faltando a instalação de um chuveirinho de proa, importante para lavar a corrente e a âncora e para refrescar as pessoas durante os banhos de sol.
Segundo o estaleiro, essa ducha é item de série, e só não estava instalada na unidade testada por NÁUTICA porque o proprietário escolheu dispensá-la.
A cabine, por se tratar de uma lancha com casco do tipo offshore, é toda despojada, certo? Nada disso! Por dentro, a Azov Z480 HT agrada em cheio a quem procura uma lancha para andar rápido, sem abrir mão de pernoites a bordo. Comprida, com pé-direito de 2,06 m e tirando proveito dos 3,98 metros de boca máxima, ela oferece o conforto de um autêntico barco de passeio.
São dois camarotes (uma suíte) e dois banheiros, além de uma sala com cozinha integrada. O conjunto todo agrada tanto pela decoração de bom gosto quanto pela ampla área iluminada, seja pelas janelas laterais esportivas, pelas fitas de led ou ainda pela parte de cima da porta de entrada na cabine, que, lançada em direção ao teto, atua como uma claraboia.
Todas as janelas contam com persianas blackout, projetadas para bloquear a luz do sol e levar mais conforto e aconchego ao ambiente.
Na entrada da cabine, há uma escada segura de quatro degraus largos, com corrimão e pega-mão. Ficaria ainda mais segura, porém, se a pia da cozinha (a boreste, equipada com fogão de duas bocas, micro-ondas, armários, uma pequena geladeira e vigia para ventilação) tivesse a quina arredondada.
Enfatize-se a qualidade do painel elétrico, muito bem montado e etiquetado, com a chave-geral do Seakeeper 3 ao lado. A fiação é estanhada, com certificação internacional, o que significam mais de 10 anos sem aborrecimentos por perda de energia.
Outro ponto alto é o calibre dos materiais usados no revestimento das paredes e o preciosismo empregado nos acabamentos. Todas as anteparas têm acabamento de tecidos e couro; não há fibra aparente.
Um grande sofá em linha, com uma mesa grudada a ele, ocupa quase toda a sala a bombordo, com uma tv na cabeceira. Acima deles, há um conjunto de três armários horizontais, e um quatro na posição vertical (com um espelho na parte externa da porta), entre o sofá e o banheiro social (este, com pé-direito de 1,93 m).
Se sobra altura no banheiro, falta no camarote de meia-nau, a começar pela porta de correr da entrada (não mais que uma passagem). Na unidade testada por NÁUTICA, a cama de casal (com TV à frente, cortina blackout na janela e um maleiro a boreste), apesar de larga, tinha 1,90 m de comprimento.
Segundo o estaleiro, o padrão são 2,04 m; os quatorze centímetros de diferença se devem à instalação do Seakeeper3; mas, nas novas unidades, a medida original já foi restabelecida, mesmo nos barcos equipados com o estabilizador.
Já na suíte fechada do proprietário, na proa, com uma gaiuta no teto, três janelas no costado e 1,95 m de altura na entrada, a cama de casal acomoda até dois jogadores de basquete, já que tem mais de 2,20 m de comprimento. Os armários seguem o padrão da sala; são cinco dispostos na horizontal e um na vertical.
O jogo de luzes, com lâmpadas e filetes de led, torna o ambiente mais aconchegante. O banheiro da suíte, com box fechado, vaso elétrico e ducha higiênica com água quente e fria, tem tamanho adequado para o propósito desta lancha, que são os passeios diurnos, com opção de pernoites bordo.
Para climatizar toda a cabine (e o cockpit, quando fechado), o barco conta com dois aparelhos de ar-condicionado de 16 mil BTUs cada.
Navegação da Azov 480HT
Hora de acelerar. Navegando na saída da Baía de Guanabara, com quatro pessoas a bordo, tanques de combustível com 60% da capacidade e 100% de água, o casco não teve nenhuma dificuldade para cortar as ondas de 1,20 metro que brotavam próximo à barra, com 1,50 m na rainha.
Não sentimos qualquer batida dura contra a água. Equipada com dois motores de centro-rabeta Volvo Penta D6, de 440 hp cada, a Azov Z480 HT acelerou forte na reta e mostrou-se bem ágil nas curvas, comportamento esperado para esse tipo de casco.
Mesmo na sua velocidade de cruzeiro (que foi de 28,8 nós a 3200 giros), fez curvas de até 180 graus sem problemas nem perda de desempenho. Na média de várias passagens, a velocidade máxima foi 35,9 nós (a 3680 rpm), marca nada desprezível, embora aquém do potencial dessa lancha com essa motorização, o que pode ser explicado pelas condições de mar, com razoável ondulação.
Com trim zerado, porém, perto da velocidade máxima, o casco começa a apresentar um caturro.
Mas foi só baixar a rabeta (menos quatro graus) para eliminar esse pequeno inconveniente. Na prova de aceleração, já em águas mais tranquilas, ela foi da marcha lenta aos 20 nós em 15,6 segundos, tempo bom, pelo tamanho do barco e pela característica do casco, com V muito profundo, que chama torque na saída.
Sob o piso da praça de popa, abrigado por uma tampa, fica a casa de máquinas, mais uma área que merece elogios. O mecânico, com certeza, não vai reclamar do acesso aos motores, ao gerador (de 9 KvA) e às instalações elétrica e hidráulica (por sinal, impecáveis): o espaço é bem dimensionado e exibe um ótimo revestimento acústico.
Cada um dos dois tanques de diesel ocupa um bordo. A capacidade desses tanques é de 400 litros cada; considerando o estilo dessa lancha, esses tanques poderiam ser maiores (550 a 600 litros cada), o que resultaria em maior autonomia de navegação.
Após o teste, o estaleiro informou que oferece a opção de dois tanques com 1160 litros totais.
Em resumo, fazendo jus ao nome do estaleiro, que remete ao mar do Oriente (Mar de Azov ou Mar de Azove) conhecido por impor dificuldades aos navegantes, a Z480 HT se mostrou uma lancha de boa performance, com casco equilibrado e muito fácil de manobrar.
Saiba tudo sobre a Azov 480HT
Pontos altos
- Excelente construção e acabamento caprichado
- Posto de pilotagem ergonômico e empolgante
- Ótima lista de itens de série e de opcionais disponíveis
Pontos baixos
- O acesso à cama de meia-nau
- Tanques de combustível precisam ser maiores
- Porta defensas no guarda-mancebo não é retrátil
Características técnicas
- Comprimento: 15,30 metros (50,19 pés)
- Boca máxima: 3,98 m
- Calado: 0,70 m
- Tanques de combustível: 800 litros (2 x 400 l)
- Tanque de água doce: 490 litros
- Peso: 12.800 kg
- Pé-direito na cabine: 2,06 m
- Capacidade (dia): 20 pessoas
- Capacidade (noite): 5 pessoas
- Motorização: 2 x Volvo Penta D6 de 440 hp cada
Náutica Responde
Faça uma pergunta para a Náutica
Relacionadas
Num canto remoto dos Alpes, a Geleira Hintertux conta ainda com gigantesca pista de esqui e um dos teleféricos mais altos do planeta
Lançada no 2º semestre de 2024, embarcação chega como uma complementação da Schaefer V33, lancha brasileira mais vendida nos EUA
“Fórmula 1” da vela atracará pela primeira vez na América Latina nos dias 3 e 4 de maio; Martine Grael comanda equipe brasileira
Flagra aconteceu numa praia na cidade de Perth, na Austrália; o animal é considerado raro pelas autoridades e sobreviveu
Através do aplicativo de NÁUTICA é possível fazer o download do material; confira os principais destaques da edição