Peixes dormem? Saiba o que diz a ciência
Símbolos de cansaço também estão no fundo do mar — e a ciência está de olho neles


Uma dúvida frequente — não apenas entre as crianças — é se os peixes dormem. Indo direto ao ponto: sim, eles dormem. Não exatamente da mesma forma que os mamíferos, mas também têm momentos de descanso. E há muitos outros aspectos interessantes sobre esse tema, que reunimos nesta reportagem.
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A verdade é que a ciência já não debate tanto se os peixes dormem, pois o consenso atual é que de fato eles repousam. As dúvidas agora giram em torno dos detalhes desse processo: como eles dormem, quais são as características do sono e que benefícios o descanso traz para esses animais.


Um estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, divulgado em 2019, mapeou o sono do peixe-zebra (Danio rerio) com uma técnica não invasiva. Os cientistas descobriram que esses animais apresentam dois tipos principais de sono, semelhantes aos observados em mamíferos — onde os seres humanos estão inclusos.
A equipe identificou algo similar ao movimento rápido dos olhos que ocorre durante o sono humano. O REM — como é chamada a movimentação — é caracterizado por movimentos oculares rápidos e aleatórios com as pálpebras fechadas, quando há baixa atividade muscular e alta atividade cerebral.
Além disso, os pesquisadores observaram outro tipo de sono, chamado de “sono de ondas propagantes”, influenciado pelo concentrador de melanina, um hormônio associado ao sono em mamíferos. Ou seja, os peixes podem ter muito mais em comum com nosso padrão de sono do que se imaginava.


Outro estudo, também da Universidade de Stanford, conduzido pelo Departamento de Psiquiatria e Ciências Comportamentais, analisou o sono de diferentes espécies — incluindo vermes, moscas, peixes, pássaros e humanos — e concluiu que todos esses animais alternam entre sono e estado de vigília ao longo da vida.
Em todos os casos estudados, dois fatores principais mostraram regular esse ciclo: o relógio biológico, que organiza o sono ao longo do dia, e a pressão do sono, que aumenta conforme o tempo acordado. Além disso, necessidades como fome, reprodução ou o risco de predadores também influenciam esse equilíbrio.
A conclusão foi que os animais — onde os peixes estão inclusos — podem ajustar o sono dormindo menos ou de forma mais leve. A qualidade do sono, por sua vez, foi o foco de uma outra pesquisa, agora da Universidade Metropolitana de Osaka, no Japão.


Nessa pesquisa, cientistas analisaram os efeitos da privação de sono em peixes limpadores, avaliando como isso afetaria a capacidade de aprendizado e memória. Nesse estudo, um grupo de peixes teve o sono interrompido com luz durante a noite, enquanto o outro pôde dormir normalmente.
O estudo, publicado em março deste ano, avaliou que os peixes que dormiram mal tiveram mais dificuldade para aprender uma nova tarefa: demoraram mais e cometeram mais erros ao tentar encontrar comida.


No entanto, quando todos os peixes voltaram a dormir normalmente e foram testados dias depois, ambos os grupos se saíram igualmente bem na tarefa — o que indica que a memória não foi tão afetada quanto o aprendizado inicial.
Logo, o resultado concluiu que a falta de sono compromete o aprendizado em peixes. Os cientistas sugerem ainda que a relação entre sono e funções mentais pode ser antiga e comum a muitos vertebrados.
A ciência continua investigando os detalhes, processos e curiosidades sobre o sono dos peixes e de outros animais. Mas, por enquanto, sabemos que apesar de tão diferentes, eles podem ter muito mais em comum conosco do que imaginamos.
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