Novo continente? Ilha de lixo três vezes maior que a França abriga 1,8 trilhão de resíduos plásticos

Com cerca de 160 mil km², enorme "sopa espessa" situada no Pacífico coloca vida marinha em risco

30/07/2025
Foto: The Ocean Cleanup/ Divulgação

Desde cedo, aprendemos que o planeta tem seis grandes extensões de terra: América, África, Ásia, Europa, Oceania e Antártica. Entretanto, o ser humano conseguiu, de maneira perturbadora, formar um “novo continente” que nada mais é do que uma imensa ilha de lixo.

Trata-se da Ilha de Lixo do Pacífico (ou Grande Mancha de Lixo do Pacífico), um local que não possui terra firme e nem abriga qualquer forma de vida humana. Por lá, só é possível encontrar resíduos de plástico flutuantes, sendo esse um dos fenômenos mais alarmantes dos oceanos.

Foto: The Ocean Cleanup/ YouTube/ Reprodução

A mancha de lixo fica localizada entre a Califórnia e o Havaí, com cerca de 160 mil km². Estima-se que a região reúna aproximadamente 1,8 trilhão de pedaços de plásticos — com a maioria bem invisível na superfície. Para se ter ideia do tamanho do problema, o local é três vezes maior que a França.

Mapa da Mancha de Lixo do Pacífico. Foto: NOAA/ Domínio Público

A comparação com países, no entanto, é em vão. Apesar de possuir dimensões comparáveis, a ilha de lixo não permite ser pisada, além de ter uma composição extremamente perigosa. A densidade desse “continente” mais parece uma sopa espessa formada por resíduos inutilizados.


Não à toa, o material representa uma grave ameaça à vida marinha, sendo responsável — direta e indiretamente — pela morte de inúmeros animais entre a Califórnia e o Havaí. Entre as vítimas, estão tartarugas, aves marinhas, peixes, mamíferos marinhos e outros.

Como se formou a ilha de lixo?

De acordo com levantamento da BBC, 94% dos 1,8 trilhão de fragmentos presentes nesta região do Pacífico são microplásticos, definidas como partículas minúsculas de plástico, com menos de cinco milímetros. Elas podem vir de diversas fontes, como a degradação de plásticos maiores ou produtos cosméticos.

 

Os microplásticos não se agrupam e nem flutuam de maneira uniforme, logo, não formam uma unidade de terra firme. Além disso, esses pedaços são invisíveis a olho nu e representam muito perigo à vida marinha — não são raros os casos que animais confundem o material com alimento e os consomem.

Imagem ilustrativa. NAudigie/ Envato

Só na ilha de lixo, os pesquisadores estimam que há 80 mil toneladas de fragmentos plásticos. Logo, o crescimento da região tem mobilizado cientistas e ambientalistas ao redor do mundo — e não é de hoje, já que seu primeiro registro ocorreu em 1997, feito pelo renomado oceanógrafo Charles Moore.

 

Para piorar, o material não se decompõe naturalmente, o que o torna uma fonte de poluição permanente. Devido às correntes marítimas, os detritos acabam se concentrando em determinadas regiões do oceano, onde o Pacífico Norte se destaca.

Capa de Nintendo Gameboy, produzida em 1995, encontrada na Grande Mancha. Foto: The Ocean Cleanup/ Divulgação

Na ilha de lixo, há substâncias provenientes dos anos 1980 e 1990, o que comprova a longevidade desse tipo de poluição.

O começo do fim?

A Grande Mancha é espaço para os mais variados objetos. Porém, os mais comuns são redes de nylon e armadilhas de pesca abandonadas. De tão poluído, 46 espécies de invertebrados já colonizaram a área, numa espécie de “ecossistema distópico”, que é artificial e tóxico.

 

 

No entanto, há iniciativas que pretendem, se não limpar totalmente, amenizar o lixo acumulado no Pacífico. A principal delas é a The Ocean Cleanup, que planeja remover todos os entulhos em até 10 anos, a um custo total de US$ 7,5 bilhões (cerca de R$ 41, 7 bilhões na conversão de julho de 2025).

 

Atualmente, o projeto conta com progressos significativos. Após a implantação de frotas de sistemas em cada giro oceânico, combinadas com a redução na fonte, a Ocean Cleanup projeta ser capaz de remover 90% do plástico flutuante do oceano até 2040.

 

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