Cientistas criam novo plástico que se dissolve 100% no mar e não deixa rastros

Novo material promete sumir sem vestígios, livrando os oceanos de resíduos como microplásticos

Por: Nicole Leslie -
24/04/2025
Imagem divulgada pelo instituto simula como novo plástico é dissolvido no mar
Imagem divulgada pelo instituto simula como novo plástico é dissolvido no mar. Foto: RIKEN / Reprodução

Imagine um plástico que simplesmente desaparece ao cair no mar. Parece ficção científica, mas é ciência pura. Cientistas desenvolveram um novo plástico 100% solúvel, que não deixa resíduos como microplásticos. O composto, que pode substituir o plástico comum em diferentes texturas, forças e resistências, é totalmente solúvel na água do mar.

A descoberta foi feita por pesquisadores do Centro de Ciência da Matéria Emergente (CEMS) do RIKEN, no Japão. O instituto afirma que embora já existam plásticos biodegradáveis, como o PLA, todos — até então — apresentam o mesmo problema ao chegarem no oceano: são insolúveis em água. Por isso, acabam sendo transformados em microplástico.

Criamos uma nova família de plásticos fortes, estáveis, recicláveis e, o mais importante, que não geram microplásticos— Takuzo Aida, líder de pesquisa do CEMS

Microplásticos têm entrado na cadeia alimentar a partir de animais marinhos
Microplásticos têm entrado na cadeia alimentar a partir de animais marinhos. Foto: deeangelo60141735 / Envato

Os micro pedaços de plástico vêm prejudicando toda a cadeia alimentar. Por terem menos de 5 mm, acabam sendo ingeridos por animais marinhos, que eventualmente são consumidos pelos seres humanos. E a não dissolução em água faz com que esses resíduos raramente sejam dissolvidos, resultando em cada vez mais acúmulo.


Como o novo plástico se dissolve na água?

Sabendo que o principal problema dos plásticos biodegradáveis de hoje é, no final das contas, não dissolver na água do mar, os cientistas foram em busca de resolver esse impasse a partir de plásticos supramoleculares.

Embora se acreditasse que a natureza reversível das ligações em plásticos supramoleculares os tornasse fracos e instáveis, nossos novos materiais são exatamente o oposto— explica Takuzo Aida

O material do novo plástico é formado por pontes salinas quase irreversíveis. “Quase” porque basta serem expostas a eletrólitos como os encontrados nas águas do mar, que as ligações são desfeitas — até o plástico literalmente desaparecer.

Novo plástico pode substituir o convencional de diferentes formas. Foto: RIKEN / Divulgação

A equipe de pesquisa apontou, ainda, que a dissolução do desse material em água salgada é fácil e eficiente, mas no solo também não decepciona. As folhas do novo plástico se degradam completamente em 10 dias, fornecendo fósforo e nitrogênio ao solo, como se fosse um fertilizante.

Do plástico ao pó e além

Nos testes de laboratório para averiguar a qualidade do material, cientistas descobriram que ele pode ter diferentes texturas, forças e resistências. Ao mesmo tempo em que a equipe gerou plásticos duros e rígidos, a mesma base resultou em plásticos semelhantes à borracha e ao silicone. Além dessa ampla variedade, o novo composto é atóxico e não inflamável.

 

E mais: a pesquisa também deu origem a uma versão de plástico feita com polissacarídeos, ideal para impressoras 3D. Isso significa que objetos criados em máquinas como essas poderão um dia desaparecer completamente no mar, se essa tecnologia for utilizada.

 

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