Mais que um atleta: Vinnícius Martins desbrava o mar e atua na vanguarda dos esportes de vento

Campeão mundial de stand-up paddle, o atleta se empenha para moldar o futuro das modalidades aquáticas

26/08/2025
Foto: Samuel Cardenas/ Wing Foil World Tour/ Divulgação

A bússola da vida sempre apontou para uma única direção na trajetória de Vinnícius Martins: o mar. Nascido em Búzios (RJ), o “waterman” desafia os limites dos esportes náuticos ao mesmo tempo em que atua na vanguarda de vários deles, ajudando no desenvolvimento.

Desde o primeiro contato com os esportes de vento, aos 7 anos, o carioca não parou mais: conheceu surfe, stand-up paddle (SUP, aos mais íntimos), windsurf, wing foil e por aí vai. Nem mesmo as modalidades aquáticas mais embrionárias fugiram das pranchas de Vinnícius.

Foto: Instagram @vinmartins/ Reprodução

Mais do que praticar os esportes, Vinnícius os desbrava. Sempre antenado nas novidades, o multi-atleta desenvolve equipamentos, participa ativamente na criação de regras e projeta melhorias para que a cadeia de watersports (ou “esportes aquáticos”, em inglês) cresça cada vez mais.

Foto: romantsovaphoto/ Wing Foil World Tour/ Divulgação

À NÁUTICA, Vinnícius contou sobre o seu pioneirismo. Inquieto, trabalha ativamente no desenvolvimento de acessórios para esportes de vela como um “piloto de teste”. Ou seja, o competidor de 29 anos põe a mão na massa — ou melhor, na prancha — para avaliar os protótipos e entregar suas sugestões de melhoria aos fabricantes.

Nos primeiros anos do wing foil os equipamentos tinham pouquíssima rigidez. Hoje, o material já está muito bom– relembra Martins

Vinnícius Martins praticando stand-up paddle. Foto: Arquivo Pessoal

Mais do que um competidor, Vinnícius Martins tem como motivação estar na vanguarda desses esportes. “Uma das coisas que eu mais gosto é ter a chance de brincar e ajudar a desenvolver o equipamento, depois vê-lo chegando ao mercado”, afirma.

 

Este costume de participar não vem de hoje. Seu tio, Marcos Vinícius Martins, foi um dos pioneiros do windsurf no Brasil. Por volta de 2019, inclusive, Vinnícius chegou a ir em várias fábricas que produziam a maior parte das pranchas de stand-up paddle no país.

Vinnícius Martins nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, quando foi medalhista de prata em stand-up paddle. Foto: Arquivo Pessoal

Nesta onda de explorar esportes pouco conhecidos, a nova “brincadeira” dele se chama parawing, uma mistura entre o parapente e wing foil. Em vez da tradicional asa inflável, a novidade utiliza uma feita em tecido ultraleve para levantar a prancha e, ainda assim, poder ser guardada logo após o uso. O esporte é embrionário no Brasil, mas está crescendo em países como França, Alemanha e Havaí.

É muito recente e ainda tem muitos problemas, mas é dessa parte que eu gosto– ressalta

Compartilhar a paixão

O currículo impressiona: campeão mundial de stand-up paddle em 2019, dono de títulos sul-americano e brasileiro de wing foil e vencedor do Carabete Wing Fest, na República Dominicana, em julho deste ano. Um histórico que marcaria qualquer trajetória. Mas, além dos troféus, o atleta busca compartilhar conhecimento e inspirar a nova geração.

Vinnícius Martins após título mundial de stand-up paddle, em 2019. Foto: Instagram @vinmartins/ Reprodução

Para levar seu conhecimento para mais gente e ajudar no fomento dessas práticas, o carioca organiza os Wing Camps. A iniciativa busca atingir o público que leva a atividade como hobby, mas quer aperfeiçoar as técnicas para, quem sabe, também entrar no cenário competitivo.

 

No Wing Camps, são realizadas até duas sessões práticas por dia, seguidas de análises em vídeo para que os participantes possam se observar de fora e ter melhor percepção dos movimentos.

Wing Camps realizados por Vinnícius Martins. Foto: NeilPride/ Divulgação

A iniciativa já passou por diversos lugares encantadores, como Grécia, Egito e Caribe. Este ano, chega ao Brasil, pela primeira vez, no local tido por Vinnícius como um dos “melhores lugares do mundo para velejar”: a praia do Preá, no Ceará.

É um caminho para eu continuar dentro da água durante muitos anos, até quando eu não estiver competindo profissionalmente– ressalta Vinnícius

Wing Camps realizados por Vinnícius Martins. Foto: NeilPride/ Divulgação

Esportes que não acabam mais

A nova menina dos olhos deste esportista de mão cheia é o wing foil — também conhecido como wingsurf — que se destaca por permitir que o atleta “voe” sobre a água em cima uma prancha com foil, enquanto segura uma asa inflável que capta o vento e gera a propulsão necessária para se mover.

Foto: romantsovaphoto/ Wing Foil World Tour/ Divulgação

Vinnícius explica que o wing foil tem quatro modalidades, com diferentes complexidades:

  • Wing Wave: similar ao surfe, os competidores têm um tempo determinado para pegar as duas melhores ondas. A pontuação mais alta nessas duas ondas define o vencedor;
  • Wing Foil Freestyle: focado em manobras em águas calmas e sem ondas, busca as três melhores manobras, como saltos, giros 360° e outras acrobacias;
  • Wing Slalom: corrida de velocidade e técnica, com foco nas habilidades em curvas;
  • Wing Race: é a modalidade de corrida. Considerada a mais estratégica, é comparada à vela olímpica.

 

 

Segundo o atleta, caso o wing foil se torne um esporte olímpico, seria justamente nessa última categoria. Países como França e Estados Unidos já estão investindo na modalidade através das respectivas federações de vela nacionais. “Se eles estão investindo nisso, não é à toa”, sugere Vinnícius, que acredita ver o esporte nas Olimpíadas ainda nos próximos 10 anos.

Manobras feitas no wing foil. Foto: romantsovaphoto/ Wing Foil World Tour/ Divulgação

Em Portugal, o atleta alcançou outra façanha que foge do escopo dos títulos mundiais ao se tornar a primeira pessoa, com registro, a encarar as ondas gigantes de Nazaré com um wing foil. O local é conhecido pelas ondas abissais e atrai surfistas do mundo todo.

Foto: Arquivo Pessoal.

À NÁUTICA, Vinnícius Martins revelou que o feito não aconteceu na primeira, mas na terceira tentativa. Ele conta que, além das ondas gigantes, nesse caso também precisou do vento na direção certa. A marca serve para ele como um símbolo do avanço dessa modalidade.

Tem espaço para todos

A essa altura do campeonato, já deve ter dado para entender que todas as modalidades aquáticas que envolvem surf têm espaço no coração de Vinnícius. Ao mesmo tempo que pretende entrar nas ondas gigantes — que costumam receber atletas de até 50 anos — o carioca ainda almeja ganhar uma etapa mundial de wing foil.

Vinnícius Martins e outros competidores durante o Wing Foil World Tour. Foto: romantsovaphoto/ Wing Foil World Tour/ Divulgação

Eu amo esporte de vento e pretendo fazer isso o resto da minha vida– afirma o esportista

Viver nas águas foi a vida que escolheu. Essa paixão, segundo Vinnícius, se retroalimenta: os treinamentos em alto nível permitem que se mantenha no âmbito competitivo, o que garante mais horas no mar, e vice-versa.

Foto: Arquivo Pessoal

No final das contas, a motivação que fez o “waterman” começar nesse universo é o mesmo que o incentiva a continuar. No que depender desse apaixonado, enquanto houver alguma prancha e o mínimo de onda, é onde ele quer estar.

 

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