Encontrada proa de navio dos EUA que navegou de ré por 2,9 mil km após ataque japonês

O USS New Orleans sobreviveu a bombardeio devastador na 2ª Guerra Mundial e protagonizou travessia improvável

17/07/2025
Imagem da proa do barco americano atingido pelo Japão durante a 2ª Guerra. Foto: Fundo de Exploração Oceânica / Divulgação

Um pedaço da história foi encontrado a 675 metros de profundidade, nas Ilhas Salomão, na Oceania. Trata-se da proa do USS New Orleans, navio americano que foi bombardeado pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Embora o ataque tenha gerado uma ampla explosão, o navio não naufragou — e ainda navegou 2,9 mil km de ré até Washington em um movimento heroico da tripulação.

Segundo a marinha americana, o ataque aconteceu durante a Batalha de Tassafaronga, em 1942, que vitimou mais de 180 dos 900 tripulantes do USS New Orleans. O confronto aconteceu na Ilha Guadalcanal, que integra o arquipélago de Salomão. Foi por lá que, durante 21 dias, a expedição Nautilus Live, da organização de exploração marinha Ocean Exploration Trust, analisou com veículos subaquáticos.

Jogada de mestre da tripulação

A ofensiva japonesa atingiu o compartimento de munições do New Orleans, causando uma explosão no navio americano e danificando 20% do barco. A proa, parte frontal da embarcação, foi a mais atingida, mas os tripulantes não se deram por vencidos.

O USS New Orleans visto em águas inglesas, por volta de junho de 1934. Foto: Marinha dos EUA / Divulgação

Em meio ao caos, os sobreviventes conseguiram levar o navio até o porto da ilha de Tulagi, onde adentraram a floresta em busca de materiais para reparo. O resultado foi uma proa improvisada feita com toras de coco.

USS New Orleans em doca seca em Sydney, Austrália, em 3 de fevereiro de 1943, enquanto a tripulação limpa os destroços do ataque japonês. Foto: Marinha dos EUA / Divulgação

Assim, a tripulação conseguiu navegar, em marcha ré, cerca de 2.900 km pelo Pacífico até a Austrália. À CNN, Carl Schuster, capitão aposentado da Marinha dos EUA, destacou que “a palavra ‘difícil’ não descreve de forma adequada o desafio”.


Isso porque a proa do barco é a que tem capacidade de cortar as ondas, diferente da popa — parte de trás do navio –, que não foi feita para enfrentar o mar.

Isso afeta a maneira como o navio responde aos efeitos do mar e do vento e altera a resposta do navio às ações do leme e do hélice– explicou Schuster

Para o ex-capitão, o comandante do Nova Orleans teve que aprender uma nova forma de navegar, e a engenhosidade da tripulação foi a responsável por salvar o navio.

 

Já em Washington, o barco passou por reparos e seguiu sendo utilizado para as batalhas decisivas de Saipan e Okinawa, sendo peça fundamental na luta dos EUA contra o Japão Imperial. De acordo com o Museu da Segunda Guerra Mundial, o navio foi premiado com 17 estrelas pelas batalhas que passou.

 

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