Legado e história: Pedro Rodrigues participa da Copa Mitsubishi de vela desde 2000

Ao lado de alunos da BL3, escola de vela que fundou com o irmão ainda em 1944, o velejador se tornou um dos mais simbólicos da competição

31/07/2024
Foto: Aline Bassi/Balaio de Ideias

Sempre com dois barcos de sua escola de vela na flotilha, o comandante Pedro Rodrigues participou de todas as edições da Copa Mitsubishi — Circuito Ilhabela, desde o ano 2000. É um dos velejadores mais simbólicos da competição, com seus alunos a bordo.

Se tem regata em Ilhabela (e sempre tem, pois a Copa Mitsubishi — Circuito Ilhabela de Vela acontece ao longo de todo o ano, sem contar a Semana Internacional de Vela, em julho), lá estão os alunos da BL3, a bordo de dois veleiros-escola: o Urca, que corre pela classe RGS A, e o Mangalô, pela RGS Cruiser (antiga Bico de Proa).

Foto: Aline Bassi/Balaio de Ideias

Tem sido assim há 30 anos, desde que a escola de vela comandada por Pedro Rodrigues (e por seu irmão, Paulo “Pêra” Rodrigues, que dá aulas na represa de Guarapiranga) abriu as portas em Ilhabela, em 1994.

 

“Já formamos quase 15 mil alunos”, afirma Pedro, numa conta em que estão incluindo tanto os velejadores de Oceano quanto os praticantes de monotipo, kitesurf e windsurf, além dos participantes de eventos corporativos, nos quais líderes e gestores de equipes de grandes empresas são convidados a assumir as diferentes funções de tripulantes em um veleiro oceânico.

Foto: Aline Bassi/Balaio de Ideias

“Apenas nos cursos de vela Oceânica, nós temos 80 alunos por ano, que são os nossos tripulantes na Copa Mitsubishi”, explica o gestor e instrutor da BL3 — que tem sede na Praia da Armação e oferece cursos desde Optimist até Vela Oceânica, passando pelo Kite, pelo WingFoil e pelo Openbic, para pessoas de 7 a 80 anos.

 

Segundo Pedro, o melhor método de aprendizagem é aquele que coloca os alunos dentro do barco já no primeiro dia, com a realização de aulas práticas. No caso de crianças e adolescentes, a bordo de monotipos de classes como Open Bic, Optimist, Dingue ou Laser. No caso de adolescentes e adultos, de barcos de Oceano.

Em um único fim de semana de regatas da Copa Mitsubishi a gente vive situações que demoraria anos para aprender num velejada de cruzeiro. São várias condições de raia, ventos, mar, clima. Uma verdadeira escola– compara Pedro

Não é só competição. O objetivo, muito além ensinar aos alunos a arte de navegar ao sabor dos ventos, é transformar a vida das pessoas através da vela. Ao mesmo tempo, mostrar a importância do trabalho em equipe, lição que Pedro começou a aprender aos 12 anos de idade, velejando de Pinguim no Yacht Clube Paulista, na Guarapiranga, tendo como mestre o irmão, Pêra, e como primeiro timoneiro o hoje também professor de vela Richard “Dick” Andersen.

Foto: Aline Bassi/Balaio de Ideias

Disputar uma competição a vela, segundo ele, é sinônimo de prazer, mas também de trabalho duro. A menos que você esteja no comando, sua missão será puxar cabos presos em catracas pesadas, desenrolar velas gigantes e, acima de tudo, obedecer a ordens. Isso durante várias longas horas, comendo biscoito água e sal e sem poder usar o banheiro.

Foto: Aline Bassi/Balaio de Ideias

O trabalho de equipe da tripulação é o segredo de tudo. “Não adianta ter um barco muito melhor que os outros, se o entrosamento a bordo não estiver à altura”, ensina Pedro, que é formado em Educação Física na USP, com MBA em Recursos Humanos pela FIA-USP, e antes de abrir a própria escola de vela trabalhou na loja náutica Regatta, na qual, ao lado de Sibylle Buckup, montou a Escola de Vela Regatta.

Depois disso, fui para a Inglaterra, onde fiz um curso de instrutor de vela, e voltei na bagagem com o certificado da Royal Yachting Association, a RYA, que é a associação inglesa de vela– recorda 

De lá, Pedro trouxe a metodologia de ensino: “Tenha certeza que seus alunos estão seguros, felizes e aprendendo”, valores que norteiam sua escola de vela de Ilhabela. O nome BL3 é uma homenagem dos dois irmãos Rodrigues a um dos maiores protagonistas da vela brasileira em todos os tempos: Joerg Bruder, tricampeão mundial da classe Finn, cujo barco tinha o numeral BL 3.

 

Bruder morreu em 1973 em um acidente aéreo quando se dirigia ao campeonato no qual tentaria conquistar seu quarto título mundial.

 

Na escola de Ilhabela, os alunos geralmente passam primeiro pelos cursos básico e intermediário, antes de entrarem nas competições. Mas também podem ser escalados diretamente para a disputa de regatas, se desejarem. Mas sempre sob o comando de um instrutor experiente, seja o próprio Pedro (skipper do Mangalô) ou o Clauberto Andrade (comandante do Urca).


 

“Eles vão se revezando nas várias posições a bordo: secretaria, trimmer de mestra, trimmer de genoa, trimmer do balão, proeiro… Só não vão no leme. A ideia é que tenham o máximo possível de experiências. Sempre com os objetivos do aprendizado e do resultado”, explica Pedro.]

 

Os barcos da escola de vela de Ilhabela são presença constante — e marcante — nas principais competições náuticas realizadas na Capital da Vela. “De 1994 para cá, nossos alunos-velejadores participaram de todas as edições da Semana de Vela de Ilhabela, com a conquista de títulos na classe RGS e de um tricampeonato na Bico de Proa”, comemora Pedro.

 

Somos uma das poucas equipes que não perderam uma só Copa Mitsubishi, que começou no ano 2000”, garante ele. Tudo provado por imagens e troféus conquistados nas disputas. E comprovado pelo responsável técnico das duas competições, Carlos Eduardo “Cuca” Sodré. “Os alunos do Pedro estão sempre na raia. No caso da Copa Mitsubishi, desde a primeira edição, sem falhar em nenhuma”, endossa.

Foto: Aline Bassi/Balaio de Ideias

Não por acaso, há vários velejadores consagrados que se iniciaram na vela pelas mãos dos professores da BL3. Nomes como Daniel Hilsdorf (da C30), Edgardo Vieytes, Fábio Gandelman, Marcelo Belotti, Raimundo Nascimento, Reginaldo Costa e Valéria Ravani. Além de um grande talento (e promessa de medalha olímpica) atual: Alex Kuhl, campeão mundial de Optimist, em 2021, primeiro e único do Brasil na história.

 

Na Copa Mitsubishi 2024, é claro, lá estão os dois barcos-escola: o Urca, que é um Wind 34 que corre pela classe RGS A, levando a bordo um skipper, um imediato e seis alunos-tripulantes; e o Mangalô, um Jeanneau Sun Odyssey 42, que compete pela RGS Cruiser (antiga Bico de Proa) com um skipper, um imediato e oito alunos-tripulantes.

Estamos com os barcos preparados para ir para cima. A gente sempre busca pódio– diz o gestor da BL3

Idealizador e patrocinador das principais competições de iatismo disputadas em Ilhabela, Eduardo Souza Ramos é uma das referências de Pedro Rodrigues no esporte. “Eu o conheci no Yacht Clube Paulista, na Guarapiranga, quando ele tinha um veleiro chamado Krishna e ainda competia pela classe Star, nos anos 1980”, recorda-se.

 

“Ele é uma das minhas inspirações, não só como atleta, mas também como empresário e ser humano. A paixão dele pela vela é impressionante e, de certa forma, contagiante também”, acrescenta.


Como empresário, Pedro se orgulha da importância que seus eventos corporativos têm para Ilhabela, movimentando hotéis, restaurantes, lojas e o comércio em geral em épocas do ano em que a cidade recebe poucos turistas.

A maioria das vivências com empresários é realizada durante a semana e fora da temporada e dos feriados, o que ajuda a diminuir os efeitos que a sazonalidade causa à região e contribui para a geração de empregos– explica

O detalhe é que, nessas clínicas, os integrantes dos times disputam uma série de regatas nos mesmos moldes da Copa Mitsubishi, que se desenvolve em quatro etapas ao longo de oito fins de semana, com as mesmas dificuldades e todos os prazeres que conhecemos. E amamos.

 

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