Congresso Internacional Náutica debate plano para transformar Lago de Itaipu em paraíso náutico
Em um misto de conferência e benchmarking, Angra dos Reis, no Rio, reuniu autoridades de cidades lindeiras do famoso lago paranaense
Com o tema “Como Potencializar o Turismo Náutico em sua cidade”, o Congresso Internacional Náutica teve uma edição especial, entre os dias 22 e 25 de fevereiro, realizada na Ilha dos Coqueiros, em Angra dos Reis, tendo como anfitrião Ernani Paciornik, presidente do Grupo Náutica.
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Em um misto de conferência e benchmarking — ferramenta de gestão em que um empreendimento de sucesso é tomado como referência e inspiração para outro que esteja em gestação —, o encontro reuniu prefeitos, vice-prefeitos e secretários de turismo das cidades Lindeiras do Lago de Itaipu, além de representantes do Ministério do Turismo, da Itaipu Binacional (Brasil e Paraguai), do Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), da Acobar e da Adetur Cataratas e Caminhos.
Em pauta: o desenvolvimento náutico da região com a criação do Distrito Náutico de Itaipu. Foi o segundo Congresso Internacional Náutica focado nesse tema — o primeiro aconteceu paralelamente ao Foz Internacional Boat Show, em novembro de 2023, no Wish Resort Golf, em Foz do Iguaçu.
Mas, por que o encontro foi realizado em Angra do Reis? Aí é que entra o benchmarking. Batizada como capital náutica brasileira, Angra reúne inúmeras referências, especialmente em infraestrutura náutica, que podem ser reproduzidas no Lago de Itaipu, distante mais de 1.000 quilômetros.
Não por acaso, além de acompanhar os debates durante o Congresso na Ilha dos Coqueiros, a comitiva paranaense — em barcos comandados por representantes do Grupo Náutica, responsável pela programação do evento — navegou pela linda Baía de Angra, onde pode conhecer in loco várias referências de boas práticas nesse setor, como condomínios e hotéis com estruturas náuticas, ilhas com píeres de atracação, marinas com postos de combustível e restaurantes à beira-mar, entre outros cases que poderão servir de modelo.
Outras referências de gestão sustentável nesse setor que poderão ser replicadas no Lago de Itaipu foram apresentadas, como o Programa Turismo Náutico da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Setur-SP).
O programa visa estruturar uma série de cidades localizadas à beira de represas, lagos e rios para a exploração do turismo náutico. A estratégia no oeste paranaense — onde o Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros mantém o Fórum Permanente de Turismo Náutico no Lago de Itaipu— é unir os 15 municípios às margens do reservatório da usina de Itaipu (conhecidas como “municípios lindeiros”) para ocupação do lago com infraestrutura à beira d’água.
Não serão ações isoladas. Quem vai coordenar o uso do lago para fins de turismo náutico será a Itaipu Binacional, empresa estatal pertencente ao Brasil e ao Paraguai. As prefeituras das cidades lindeiras seguirão um programa, de forma sustentável e ordenada.
Formado pelo represamento do Rio Paraná com a construção da hidrelétrica, o Lago de Itaipu encanta pelo volume de água (são 1.350 km² de área alagada, 770 km² no lado brasileiro e 580 km² do lado paraguaio) e pela beleza natural do seu entorno. Paradoxalmente, esse mar de água doce não abriga atividades náuticas de recreação, com exceção da pesca esportiva, que acontece a partir do Iate Clube Lago de Itaipu (ICLI). O regulamento da Itaipu Binacional não permitia.
Em 2018, porém, essa página começou a ser virada. Com a determinação de apoiar o incremento do turismo e aumentar a renda das localidades da região, a estatal decidiu apoiar ações de desenvolvimento turístico no lago, desde que maneira ordenada, com total cuidado com o meio ambiente.
Daí a criação do Fórum Permanente de Turismo Náutico no Lago de Itaipu. E a realização do Congresso Internacional Náutica sobre o tema. Durante o encontro, o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, reconheceu no reservatório um vasto potencial para impulsionar o setor do turismo.
“Nossa meta é maximizar a utilização do lago para atividades de lazer, entretenimento, esportes náuticos e turismo. Isso não apenas resultará na criação de empregos, mas também estimulará a economia, reforçará a segurança do lago e proporcionará uma ocupação positiva por meio do turismo”, afirmou Enio Verri em sua mensagem.
No Congresso em Angra, Vinicius Lummertz, presidente do conselho do Grupo Wish, explicou: “A ideia é organizar um distrito turístico no Lago de Itaipu para atrair investimentos, com planejamento vocacionado para resorts, marinas, portos turísticos, estruturas náuticas e tudo aquilo possa completar um destino turístico consagrado, como Foz do Iguaçu, por onde passam dois milhões de visitantes por ano”.
Para isso, acrescentou o executivo — que já foi Ministro do Turismo e secretário de Turismo de São Paulo e é o autor do livro Sem Turismo a Conta não Fecha — o primeiro passo foi colocar os municípios lindeiros para dialogar.
Por sua vez, Yuri Benites, diretor de turismo do Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), afirmou que as referências apresentadas pelos organizadores do Congresso em Angra dos Reis permitirão a construção de um plano de ação no Lago de Itaipu, possivelmente o mais próximo da efetividade.
“Essa vivência permitirá que sejamos muito assertivos no planejamento do nosso sonho de ver um Lago de Itaipu utilizado tanto para o turismo quanto para atividades de pesca, sem esquecer das medidas de preservação ambiental e da geração de energia. Permitirá também traçar uma linha de horizonte com uma amplitude muito maior, a partir de um destino consolidado, como Angra”, avaliou ele.
Pelo Ministério do Turismo, a Secretária Executiva Ana Carla Lopes destacou a importância das atividades de navegação como opção de turismo. “É uma experiência maravilhosa”, definiu ao desembarcar de uma lancha em Angra, durante o Congresso.
“Levo daqui tanto saberes como lições práticas”, revelou ela. A Secretária Executiva do MTur também destacou a potencialidade do Lago de Itaipu dentro desse segmento e afirmou que a pasta planeja ampliar a oferta de estruturas náuticas por todo país, incluindo a região de Foz do Iguaçu, que, além de ter um mar de água doce, oferece muitos atrativos naturais para atrair os visitantes.
Gerente de Iniciativas da Itaipu Binacional, Aline Teigão sabe bem disso. “Para nós de Itaipu, o lago é um grande tesouro. A nossa matéria-prima é a água. Então, a gente tem muito carinho e muito cuidado com ela. Mas, a gente acredita que é possível transformar a região de Itaipu em referência de turismo náutico. Ocupando o lago de maneira ordenada podemos conciliar as duas coisas: a proteção ambiental e a exploração das atividades náuticas”, diz ela, defendendo esse casamento como uma oportunidade para os municípios lindeiros na geração de renda e emprego.
Sobre os três dias de Congresso em Angra dos Reis, Aline disse que foi uma experiência valiosa. “O que mais valeu a pena foi a gente ver um centro náutico que deu certo, o que nos inspira para transformar o Lago de Itaipu em outro destino náutico de referência nacional. Sem trocadilho, temos um mar de possibilidades”, reiterou.
Coordenador do Fórum Permanente de Turismo Náutico e presidente do Conselho dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu, o prefeito de Santa Helena, Evandro Miguel Grade, disse que o objetivo da visita a Angra foi conhecer a estrutura de um lugar que é referência de turismo náutico.
“Isso aqui é um paraíso natural. A gente olha e fica apaixonado. Mas para que o turismo pudesse movimentar a economia da cidade foram necessários investimentos”, lembrou Evandro. “O prefeito Fernando Jordão, que nos recepcionou, nos passou um pouco de sua experiência. Vimos ainda o programa de turismo náutico que está em andamento no interior de São Paulo. Acredito que Itaipu também tem potencial para implantar um projeto que vai fazer a diferença na vida de todos os municípios lindeiros ao Lago de Itaipu. E vamos sair daqui entusiasmados para implantá-lo na nossa região”, garantiu.
O Secretário de Turismo de Foz do Iguaçu, André Alliana, também defendeu a transformação do Lago de Itaipu num grande espeço de turismo náutico. “Juntar todos os conhecimentos, em um momento em que podemos trocar experiências, como esse, e fazer disso um grande case de sucesso é fundamental”, proclamou.
Segundo André, ao oferecer mais esse atrativo, Foz do Iguaçu aumenta a permanência dos turistas na cidade e região, com todas as vantagens que se pode imaginar. “A gente beneficia a nossa economia, gerando renda para toda a comunidade. Sem contar a oferta de um novo espaço de lazer para a própria comunidade, que poderá passear, pescar ou tomar um bom banho no lago”, diz.
Outra que só vê vantagem na transformação do Lago de Itaipu num distrito náutico é a prefeita de Itaipulândia, Cleide Griebeler Prates. “Estamos trabalhando fortemente o turismo. Começamos com o religioso. Agora, finalmente chegou a vez do turismo náutico, aproveitando que nossa cidade tem uma posição privilegiada às margens do Lago de Itaipu, e não por acaso se chamar Itaipulândia”, diz.
A expectativa de Cleide é de receber muitos investimentos, beneficiando o comércio local e a economia do município com uma atividade limpa. “Vamos sair ganhando, e muito”, acredita. Sobre a experiência em Angra, diz que foi muito importante para dar o start nesse tipo de turismo. “Chegando em Itaipulândia, imediatamente vamos colocar em prática as primeiras estratégias para organizar nossa cadeia de turismo”, promete.
“A ideia é oferecer no Lago de Itaipu muitos atrativos para que turistas de todo o país possam visitar o que ela classifica como “essa riqueza que temos no extremo oeste do Paraná”, afirma Cleide.
O economista Gustavo Griza, consultor da InvestSP, concentrou sua explanação na experiência bem-sucedida do Estado de São Paulo na implantação de suas primeiras estruturas náuticas, além de compartilhar com a comitiva do oeste paranaense a noção de distrito, de como se organiza um distrito náutico.
“A primeira grande ação é a construção de píeres e de estruturas náuticas. Esses equipamentos são o motor, o catalisador do mercado. A partir deles virão a indústria, os serviços e o movimento turístico”, diz Gustavo, indicando o caminho.
Para o presidente do Grupo Náutica, Ernani Paciornik, a ideia de promover o evento sobre o Lago de Itaipu é potencializar, “nauticamente”, um dos principais pontos turísticos do Brasil. Isso não apenas resultará numa ocupação positiva do reservatório como na criação de muitos empregos, graças a seu efeito multiplicador na economia pela ligação com setores como comércio, alimentação, hotelaria e outros serviços. “O objetivo é povoar o lago com boas práticas do turismo”, resume.
Para o diretor de Patrimônio Natural do Instituto Água e Terra, Rafael Andreguetto, ao apoiar o desenvolvimento do Lago de Itaipu, o IAT consegue conciliar as atividades econômicas com a conservação e educação ambiental.
“Com esse olhar diferente para as águas queremos impulsionar o desenvolvimento do turismo náutico. E fazer com que o Paraná se consolide e seja protagonista na economia náutica e em toda cadeia produtiva do setor. O objetivo é estimular o ecoturismo, de forma sustentável, conciliando navegação com educação ambiental”, disse Andreguetto.
Da comitiva que participou dessa edição especial do Congresso Internacional Náutica e conheceu experiências em Angra dos Reis fizeram parte também: Ricardo Javier Careaga e Rose Marie L. Blasco (da Itaipu Binacional – Paraguay); Ana Claudia Folletto (Secretária de Turismo de Guaíra); Matheus Linhares (Coordenador-Geral de Mobilidade e Conectividade Turística do Ministério do Turismo); Volmir Wollmann (Secretário de Indústria, Comércio, Turismo e Desenvolvimento Econômico de Pato Bragado).
Também estiveram presentes Silvana Gomes (Gerente Técnica do Complexo Turístico Itaipu na Fundação Parque Tecnológico Itaipu); Sara Moraes (Coordenadora da Adetur Cataratas e Caminhos); Marcia Hanzen (Diretora Técnica da Adetur); Eduardo Colunna (presidente da Acobar); Sandra Finkler (diretora do Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu); Evandro Mees (vice-prefeito de Medianeira); Eugenio Schwendler (vice-prefeito de Missal) e Claudio Schutz (Secretário de Turismo de Santa Terezinha).
Quando se pensa em Foz do Iguaçu, o que logo vem à cabeça são as famosas Cataratas, uma das sete maravilhas da natureza. Ou a Usina de Itaipu, que também oferece um belo espetáculo de água (e luzes) aos turistas. É só uma questão de tempo para a região oeste do Paraná ganhar outra atração turística igualmente incrível e que está sendo agora desbravada: o Lago de Itaipu, terceiro maior lago artificial do mundo.
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