Teste Schaefer 450: uma das melhores lanchas de 45 pés dos últimos tempos

Com volume de um barco maior e sofisticado, modelo encanta pela agilidade e performance sobre as águas

Por: Redação -
16/09/2024
Foto: Victor Santos/Revista Náutica

Idealizada como uma obra de arte da engenharia e apontada pelo comandante da Schaefer Yachts, Marcio Schaefer, como “a melhor 45 pés com flybridge do mercado”, a Schaefer 450 personifica a evolução contínua da marca em termos de conforto, design e prazer em navegar.

Desde o seu lançamento, no Rio Boat Show 2022, dava para perceber o sorriso de satisfação dos frequentadores do salão náutico ao descerem do barco após uma simples visita de avaliação — imagine então a felicidade de quem sentiu o gostinho de realizar um test-drive.

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Atualmente, mais de 30 unidades já navegam pelos mares do mundo. Ou seja, uma produção a todo vapor com mais de um barco por mês.

 

Produto tipo exportação, a lancha tem mercado garantido também nos Estados Unidos, país onde a Schaefer Yachts mantém representação cada vez mais forte. Não por acaso, NÁUTICA testou a elegante 45 pés nas águas entre Fort Lauderdale e Hollywood (cidade homônima da capital do cinema, a meio caminho de Miami), na Flórida.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

O projeto da Schaefer 450 incorpora tecnologia e soluções de arquitetura e engenharia presentes nos modelos maiores e mais sofisticados da Schaefer Yachts, marca que no fim de 2023 comemorou 30 anos, posicionada na linha de frente entre os grandes estaleiros nacionais e com forte presença no mercado global, com quase 4000 barcos na água!

 

 

Como era de se esperar, a lancha estava equipada com diversos equipamentos que tornam a experiência de pilotar ainda mais agradável, como estabilizador Seakeeper 3 e motores Volvo Penta D6 com sistema IPS 650.

Foto: Revista Náutica

Detalhe: para o mercado norte-americano, o estaleiro oferece a opção de três motores de popa Mercury V12 600, que também ficará disponível para o brasileiro.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

No embarque, chama atenção a boca generosa do barco: são 4,30 metros de largura, o que resulta em mais espaço a bordo, claro, maior conforto e — como se verá adiante — maior estabilidade na hora de navegar.

Foto: Revista Náutica

Uma vez lá dentro, a sensação é de estar numa lancha maior do que uma 45 pés, devido ao maior volume. Sem contar que, seguindo a tendência dos últimos anos já adotada em outras embarcações da Schaefer, há uma abertura lateral no casco, a boreste, ampliando a área da praça de popa em 20%.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

No salão, o projetista (o próprio Marcio Schaefer) adotou soluções que tornam a vida a bordo mais prática e confortável.

Foto: Revista Náutica

A cozinha, por exemplo, foi deslocada para ré, a bombordo, junto à porta de vidro de três folhas que, quando aberta, integra totalmente o cockpit e o salão. Do lado oposto à cozinha, ou seja, a boreste, há um balcão (que pode ser usado como bar ou como área de apoio) cuja parte de baixo comporta duas geladeiras (ou uma geladeira e um freezer).

Foto: Victor Santos/Revista Náutica
Foto: Victor Santos/Revista Náutica

No alto, rente ao teto, ficam o painel elétrico e o comando do ar-condicionado. Atrás do encosto do sofá de três lugares que vem a seguir, ainda a boreste, fica embutida uma tv que, para entrar em uso, é elevada por um dispositivo elétrico, com acionamento pelo controle remoto.

Foto: Revista Náutica

No outro bordo, há outro sofá em U, maior e muito confortável, além de duas banquetas com baús (revestidas com o mesmo tecido) posicionadas junto à mesa dobrável, que pode ser usada tanto para aperitivos como para refeições.

 

No total, até oito pessoas podem se acomodar nesse salão, sem apertos. O piso é todo nivelado, livre de qualquer degrau ou saliência. E para manter aquela sensação de espaço, o pé-direito chega a quase dois metros.

Foto: Revista Náutica

O posto de comando interno fica um nível acima do piso do salão e vem equipado com uma poltrona de couro com regulagem elétrica de inclinação e distância. Entre outros confortos, o piloto conta saída do ar-condicionado, carregador de celular, porta-trecos, apoio para os pés e janela de ventilação — porém, nesta, o mecanismo de abertura não é muito eficiente.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

Tanto o rádio vhf quanto o joystick estão na posição adequada. No painel, há duas telas de 12 polegadas da Garmin, com sistema “Glass Cockpit” da Volvo Penta, e espelhadas com as do comando superior, no fly. O volante é escamoteável e o campo de visão do piloto através do para-brisa, excelente.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

Na praça de popa, o convés limpo, com piso de teca, tem um sofá em L, a ré, que forma uma chair a bombordo, além de uma mesa de madeira dobrável (na unidade testada, o proprietário optou por uma inteiriça com placa de resina).

 

A abertura da varanda lateral a boreste (que aumenta a largura do cockpit em 1,00 m) ocorre com um simples apertar de botão, além da soltura da trava de segurança. Por sua vez, a escada de acesso ao flybridge não é menos que excelente, com degraus largos e antiderrapantes, de madeira teca. Não é necessário fazer ginástica para subir.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

Lá em cima, o posto de comando tem banco de dois lugares com assento dobrável, a posição de pilotagem é perfeita, facilitada pelo volante quase vertical. E tudo está à mão do piloto. Um dos pontos mais positivos são os botões de acionamento manual dos flaps, especialmente bem-posicionados, assim como o rádio VHF.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

A unidade testada estava equipada com duas telas Garmin de 12 polegadas cada, para leitura dos motores e de informações náuticas como GPS, mapas, sonar, radar etc., mas o espaço no painel é suficiente para duas telas de 16 polegadas. Além de um porta-copos com drenagem e de um nicho específico para os celulares, há duas tomadas USB, o que não passa de um equipamento prosaico nesses tempos de telefonia móvel.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

Para os privilegiados passageiros, o flybridge, com piso de teca, tem um conjunto de sofás, mesa dobrável, solário e um espaço fluido para a circulação das pessoas, além de uma grande pia com geleira e lixeira — arranjo que agrada em cheio a quem prefere navegar ao ar livre.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

Dentro da cabine, o nível de conforto chega a ser surpreendente para uma lancha de 45 pés. Estética e design se equilibram. Mérito do projeto, que — repita-se — incorpora soluções de arquitetura e engenharia presentes nos modelos maiores e mais sofisticados da Schaefer Yachts.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

São duas suítes (a vip, na proa, compartilha o banheiro com a área social), ambas com janelas nos dois bordos, na linha d’água, para que, mesmo na hora de descansar, não se perca o contato com o mar.

 

A suíte máster (do proprietário), à meia-nau, ocupa toda a largura do casco (4,30 metros) e conta com cama queen size, um grande sofá lateral, armários, gaveteiro com seis gavetas, televisão, uma pequena penteadeira com banqueta, janelas com vigias e cortinas blackout e controles e comando do ar-condicionado na cabeceira da cama, para conforto e comodidade dos proprietários.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica
Foto: Victor Santos/Revista Náutica

No banheiro, o vaso sanitário (protegido por um tampo) compartilha espaço com a área de banho, com box fechado e ducha móvel, o que resulta em ótimo aproveitamento de espaço. A altura chega quase a dois metros e as janelas também têm vigias para ventilação.

Foto: Revista Náutica

O acesso à proa é feito por duas passagens laterais com regulamentares 25 cm de largura cada. Isso significa que é fácil ir da praça de popa à proa. Ladeando os acessos e a proa, o estaleiro demonstrou preocupação com a segurança ao instalar um guarda-mancebo alto.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

Por outro lado, a plataforma de popa — semelhante à da Schaefer 660 — tem todos os recursos que se pode esperar de uma lancha desse porte. Ou mais. No espaço gourmet, que é um pouco baixo, a churrasqueira, pia e área de apoio são retráteis; ou seja, ficam embutidas no móvel quando não estão em uso. O acionamento é fácil e rápido, por botões. Com esse truque, ganha-se espaço para circulação.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

Com acesso pela popa, há ainda um camarote para o marinheiro, o que é bem raro em uma embarcação desse porte. Tem uma cama com 1,98 m de comprimento, pia com gabinete e chuveirinho independente, vaso sanitário elétrico, iluminação de led, sensor de incêndio e saída de ar-condicionado. Definitivamente, nada claustrofóbica!

Navegação da Schaefer 450

Na casa de máquinas, verdadeiro coração de um barco, o acesso aos motores e, portanto, sua manutenção, é facilitado pelo bom espaço de circulação promovido pelo projetista. Ao lado fica o gerador, de 9 kVA.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

O revestimento termoacústico, bem dimensionado, evita que o calor se condense no local, mantendo a temperatura estável, além de evitar a propagação do ruído dos motores para os outros ambientes. E todas as instalações, elétricas e hidráulicas, são certificadas para atender às rigorosas normas brasileiras e internacionais.

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O par de diesel Volvo IPS 650 de seis cilindros e 480 hp cada é a única opção de centro, além da futura versão com três motores de popa de 600 hp cada. Mas, com ele, esta lancha está muito bem servida, formando um conjunto equilibrado com o casco, que tem boa hidrodinâmica.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

No teste em águas norte-americanas, com ventos de até 22 nós nas rajadas e mar desencontrado, com ondas de swell pouco acima de 1,2 metro, a Schaefer 450 decolou rápido, empurrada pelos 960 cavalos. Além disso, navegou firme e se manteve estável o tempo todo, mesmo na velocidade de cruzeiro, que foi de ótimos 26,2 nós a 3500 rpm.

Nas manobras, enfrentando as próprias marolas e as ondulações de um mar bem chato e encarneirado, também mostrou muita agilidade, reagindo rápido aos comandos.

 

Em sua melhor passagem, com mar liso, a 3700 rpm, alcançou 29 nós de velocidade final, limpa e, quando “trimada” (ajustados os flaps) em seu ponto ideal, bateu 3790 rpm e 30,1 nós, performance boa para uma lancha com flybridge e que desloca, leve, quase 16 toneladas e importantes 4,3 metros de boca máxima.

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Em aceleração e cruzeiro, mostrou-se extremamente sensível ao uso dos flaps. Basta um pequeno toque no botão de acionamento, que ela responde, oferecendo mais estabilidade e, consequentemente, menor consumo de combustível. Como é típico dos barcos do estaleiro já testados por NÁUTICA, a eficiência do conjunto é melhor com os motores girando mais rápido.

 

Para se ter uma ideia, andando mais rápido, no cruzeiro normal (26,2 nós a 3500 rpm), a autonomia foi de 161 milhas, contra 139 milhas no cruzeiro econômico (21,1 nós a 3200 rpm). Isso significa que a curva de eficiência fica melhor acima dos 3350 rpm.

Foto: Victor Santos/Revista Náutica

 

Em resumo, a Schaefer 450 é uma lancha de 45 pés com volume de uma 50 pés e que ainda por cima tem casco navegador, decoração elegante e design diferenciado. Se você pedir a qualquer apaixonado por barcos para fazer uma lista das melhores lanchas com flybridge na faixa dos 45 pés, pode ter certeza: em algum momento surgirá a Schaefer 450.

Saiba tudo sobre a Schaefer 450

Pontos altos

  • Volume de um barco de 50 pés
  • Tem camarote para marinheiro
  • Casa de máquinas espaçosa e bem montada
  • Maior suíte de meia-nau da categoria

Pontos baixos

  • Banco do piloto (interno) não regula altura
  • Móvel gourmet poderia ser mais alto
  • Mecanismo de abertura da janela lateral do piloto

Características técnicas

  • Comprimento: 13,66 m
  • Boca máxima: 4,26 m
  • Peso: 15.785 kg
  • Ângulo de V na popa: 18°
  • Tanques de combustível: 1200 L
  • Capacidade de água doce: 500 L
  • Capacidade (dia): 14 pessoas
  • Capacidade (noite): 6 pessoas
  • Motorização de centro: Volvo IPS 650 (2 x 480 hp)
  • Motorização de popa: três de 600 hp cada

 

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