Teste Real 280 Special Deck: uma lancha de sangue quente

O barco tem cockpit espaçoso, motor de popa e plataforma ao mesmo tempo; na navegação, chegou a quase 40 nós com um motor de 250 hp

22/12/2024
Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Grande sucesso da Real Powerboats, a Real 280 Special Deck foi feita para quem procura uma lancha de proa aberta com motor de popa, mas sem abrir mão de ficar pertinho do mar, com a utilização do deque traseiro. A equipe de NÁUTICA fez o teste da Real 280 Special Deck nas águas da Baía de Guanabara,

A Real 280 Special Deck usa um truque inteligente para aproveitar melhor o espaço da popa: sobre o motor, está uma mesa de madeira desmontável (item opcional não presente na unidade testada por NÁUTICA). Há ainda uma segunda plataforma (deck beach), espécie de degrau submersível, que permite se sentar com a água na altura do umbigo.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

No teste da Real 280 Special Deck, a lancha estava equipada com um motor de popa V8, 4.6 litros, Mercury de 250 hp, a gasolina, com a qual ofereceu uma navegação firme e segura, como se verá adiante. Mas há ainda as opções de 225 e 300 hp, também de popa. Com o 250 hp, navegando com quatro pessoas a bordo, a lancha parecia um foguetinho.

 

Mas, para quem costuma levar mais gente a bordo (10 ou mais pessoas, lembrando que o barco foi homologado para 13 passageiros + 1), o acréscimo de 50 cavalos certamente será bem-vindo.

 

 

A plataforma de popa e o motor externo convivem muito bem. Tudo foi pensado para que os passageiros possam curtir o mar na parte saliente do casco quando a lancha estiver parada. A plataforma contorna todo o motor, graças ao arranjo bem-bolado pelo projetista.

 

Ao mesmo tempo, desparafusando duas peças, o motor pode ser levantado por inteiro até o limite da caixa do cavalete, facilitando a vida do mecânico na hora da manutenção, ou, ainda, permitindo que o barco fique na água sem deteriorar a rabeta.

 

Nessa extensão natural do cockpit há uma escada de três degraus na popa, com pega-mão, estrutura aceitável para uma lancha de 28 pés, embora uma escada de quatro degraus fosse uma melhor pedida.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Na área gourmet há uma geleira boreste e uma pia com lixeira a bombordo. A churrasqueira não é fixa (deve ser armada num suporte removível), como era de se esperar num barco desse porte.

 

No piso (de EVA ou fibra aparente) da plataforma, o marinheiro conta com dois paióis para guardar cabos, defensas, etc., todos com acabamento em gelcoat e com dreno, o que é bem legal.

Foto: Revista Náutica

Na passagem para a área de cockpit, um degrau divide os ambientes e, ao mesmo tempo, bloqueia a entrada de água. A targa, que é recuada, faz um “boné” atrás, gerando um pequeno sombreado nessa área. O piso, característico de lanchas de proa aberta, é nivelado em todo o cockpit.

Foto: Revista Náutica
Foto: Revista Náutica

Como não há escada no meio do para-brisa, o acesso à proa é totalmente livre. Lá na frente, chamam atenção a largura dos assentos e a altura dos encostos do sofá, em V, conversível em solário, com duas curvas ergonômicas nas bases. Pega-mãos nos dois bordos oferecem maior segurança aos passageiros; e dois porta-copos (poderia ter mais dois), mais conforto.

Foto: Revista Náutica

Já na área operacional, apesar do bom comando de âncora pelo guincho elétrico (que tem trava, como pede o figurino), há um problema: se a corrente embolar no fundo da caixa, será preciso erguê-la com as mãos para liberar a tampa e abrir o paiol. A tampa não é bipartida. O estaleiro tem plenas condições de reparar essa falha.

Foto: Revista Náutica
Foto: Revista Náutica

Mesmo sendo uma lancha de proa aberta, sem cabine, a Real 280 Special Deck conta com um banheiro (instalado no lado oposto ao posto de comando), com vaso elétrico, ducha manual, pia, espelho, iluminação de led e vigia com abertura para ventilação — detalhes importantes durante os passeios com a família.

Foto: Revista Náutica
Foto: Revista Náutica

A porta de entrada, de acrílico, faz o seu papel e ainda valoriza a decoração; o único senão está na trava: uma peça de metal com canto vivo, que oferece o risco de ferir quem entra no banheiro, comprometendo a segurança.

 

No cockpit, cujo arranjo não foge muito do layout clássico desse tipo de lancha, o projetista tirou bom proveito de seus 2,74 metros de boca. Há um grande sofá em forma de L, a bombordo, com mesa de centro removível, e outro, reto, a boreste. Assim como na proa, os sofás têm encostos altos.

Foto: Revista Náutica

Os assentos, por sua vez, são mais curtos, truque usado para aumentar a área de circulação; mas, apesar da menor profundidade, contam com uma elevação na ponta, que os tornam mais ergonômicos. Além de confortáveis, os sofás oferecem áreas de armazenamento interno; são três paióis camuflados embaixo dos assentos; sem contar outros três paióis distribuídos sob o piso.


A bombordo, paralelo ao posto de comando, fica o banco do acompanhante. Mais atrás, sobre a amurada, há um chuveirinho de água doce.

 

Além disso, atrás do banco do piloto, a boreste, os ocupantes do cockpit contam com um móvel com pia, duas geleiras, porta-trecos e cristaleira. E para cobrir tudo isso, uma capota de lona bem fixada na targa, que por sua vez tem dois spots e uma faixa de led, que produzem uma iluminação confortável, quase indireta, de tão discreta e charmosa que é.

Foto: Revista Náutica
Foto: Revista Náutica
Foto: Revista Náutica

O painel do posto de comando tem um eletrônico multifuncional Raymarine Element de 7 polegadas, tamanho adequado a uma lancha deste porte. Os flapes estão bem posicionados, assim como o timão e manete do acelerador, que na unidade testada por NÁUTICA tinham comando eletrônico, opcional altamente recomendável, porque com ele o barco fica mais macio e responde muito rápido.

Foto: Revista Náutica
Foto: Revista Náutica
Foto: Revista Náutica

Seriam bem-vindos alguns ajustes, como apoio para o braço do piloto ao lado do acelerador, um lugar para apoiar o celular e uma saída USB para recarregá-lo, o que já não passa de um recurso prosaico nos barcos atuais.

 

O estaleiro fluminense Real Powerboats soma nada menos que 38 anos de atividades. Nesse período, produziu mais de 12 mil lanchas, conquistando a fidelidade de milhares de consumidores.

 

Atualmente, de sua fábrica de 36 mil m², na região metropolitana do Rio de Janeiro, saem 15 modelos, de 22 a 60 pés, incluindo a linha Luxury, de acabamento mais refinado. E não param de brotar novidades.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

No recente São Paulo Boat Show, a marca anunciou o lançamento de duas novas lanchas com conceito Cabriolet (com capota de lona aberta nas laterais e recolhível na parte da frente, o que resulta em uma generosa circulação de ar pelo cockpit): a Real 34C e a Real 35. E vem aí uma lancha de fly de 53 pés.

Navegação da Real 280 Special Deck

O casco da Real 280 Special Deck tem fundo em V com ângulo de 18°, bom para navegar em águas agitadas. Com isso, antes de acelerar, a expectativa é de uma performance firme, macia e segura. E a Real 280 SD não negou fogo.

 

Dada a partida, ela começou a devorar milhas, como se estivesse num trilho, passando com firmeza pela ondulação espaçada da saída da Baía de Guanabara, onde foi realizado este teste, e com o trim e os flaps zerados. Uau! Você se sente no comando de um carro esportivo.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Em uma sequência de curvas, o casco se comporta muito bem, mostrando-se sempre ágil e equilibrado. A direção não é tão leve, mas firme e precisa, o que é bom com o barco em alta velocidade. Além de não deslizar, ainda andou rápido, alcançando quase 40 nós de máxima (38,2 nós).

 

Na aceleração, a Real 280 Special Deck precisou de pouco mais de sete segundos para ir de zero a 20 nós. E olhe que a lancha estava equipada com um motor de 250 hp. A bordo: duas pessoas, 150 litros de combustível e 50 litros de água. Nessas mesmas condições, com um motor de 300 hp, ela vai virar um foguete, mesmo carregada.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

No posto de comando, há um ponto alto e um ponto baixo. Apesar de o piloto se acomodar em uma poltrona individual confortável, com assento rebatível, encosto ergonômico e apoio para os pés inclinado, a posição é baixa. Mesmo para um timoneiro com estatura acima da mediana, como esse que vos escreve (1,95 m), a visão para a proa não é boa.

 

A melhor forma de pilotar esse barco é com o assento rebatido (ou até em pé), mesmo o volante não sendo escamoteável.

Foto: Revista Náutica

Saiba tudo sobre a Real 280 Special Deck

Pontos altos

  • Navegação ágil e firme
  • Cockpit espaçoso
  • Motor de popa com plataforma

Pontos baixos

  • Banco do piloto baixo
  • Tanque de combustível um pouco pequeno
  • Trava da porta do banheiro

Características técnicas

  • Comprimento: 8,47 metros
  • Boca: 2,74 m
  • Ângulo de V na popa: 18 graus
  • Tanque de combustível: 200 litros
  • Tanque de água: 50 litros
  • Capacidade: 14 pessoas
  • Peso com motor: 1400 kg
  • Motorização: 1 popa de 225 a 300 hp
Foto: Revista Náutica

 

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