200 mil barris radioativos afundados no oceano ao longo de 40 anos serão analisados
Missão NODSSUM será a 1ª investigação científica em larga escala a estudar efeitos dos dejetos lançados ao mar


Em meio à crise climática atual, seria impensável escolher o oceano como o melhor lugar para descartar barris carregados de materiais radioativos. Mas entre 1946 e 1990, o raciocínio foi outro. Países europeus como Reino Unido e França escolheram as águas do Atlântico Norte para afundar, deliberadamente, mais de 200 mil tambores do material que, agora, quase 80 anos depois, será analisado.
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A “Missão NODSSUM”, liderada pelo Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) e parceiros como Ifremer e a Nuclear Safety and Radiation Protection Authority (ASNR), será a primeira investigação científica em larga escala a estudar os efeitos do afundamento radioativo. O estudo está previsto para começar neste sábado (15).
Por que barris radioativos foram despejados no oceano?
Até que mudanças normativas — incluindo a Convenção de Londres — fossem instauradas e proibissem a prática, por volta de 1990, despejar materiais radioativos nas águas do Atlântico Norte era comum entre países europeus, como França, Reino Unido e Bélgica.
Isso porque, naquela época, acreditava-se que os planaltos abissais eram regiões “sem vida” e isoladas. Logo, seriam ideais para o descarte de “lixo perigoso sem risco aparente”. Foi assim que, ao longo de quase 80 anos, materiais de laboratório, luvas e amostras contaminadas foram alocados em barris e despejados deliberadamente no fundo do mar.


Quais os riscos desses materiais
Estima-se que os barris radioativos resultaram em cerca de 36 petabecqueréis (PBq) de radioatividade — menos de 1% da radiação liberada no desastre de Chernobyl, por exemplo, que liberou cerca de 5.200 PBq.
A maioria dos isótopos (variações de um mesmo elemento químico) de meia-vida curta já decaiu, embora elementos persistentes (como plutônio e trítio), que podem permanecer por décadas ou séculos, ainda existam.
Por isso, os principais pontos de atenção são a corrosão dos barris, que podem potencializar vazamentos; o acúmulo de radionuclídeos em sedimentos e organismos; e a possível contaminação da cadeia alimentar marinha, que pode afetar a pesca e ecossistemas profundos.
É aí que entra a missão NODSSUM. Atualmente a mais de 4 mil metros de profundidade, os barris radioativos, inicialmente, não devem ser trazidos à superfície. Ao invés disso, o submarino robótico UlyX, capaz de operar a 6 mil metros de profundidade, vai sobrevoar os materiais a partir de um sonar e câmeras, visando captar imagens e mapear o terreno.
Amostras de água, sedimento e vida marinha também serão coletados para analisar os possíveis impactos dos resíduos. Uma segunda expedição, prevista para 2026, planeja usar veículos tripulados ou robôs com braços mecânicos para examinar os barris radioativos mais de perto.
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