Canoagem é prata em Paris! Isaquias sobe ao pódio e se iguala a Grael e Scheidt, com 5 medalhas olímpicas
Canoísta agora está atrás apenas de Rebeca Andrade, com 6, na lista de maiores medalhistas olímpicos do Brasil
Mais um capítulo histórico acaba de ser escrito nas Olimpíadas de Paris. Isaquias Queiroz, canoísta brasileiro, garantiu medalha de prata no C1 1000m da canoagem de velocidade. O feito rendeu a ele sua 5ª medalha olímpica, o que o coloca ao lado dos velejadores Torben Grael e Robert Scheidt na lista de maiores medalhistas olímpicos do Brasil.
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À frente tanto de Isaquias quanto de Grael e Scheidt está Rebeca Andrade, maior medalhista olímpica brasileira, com seis medalhas — quatro delas conquistadas nesta edição dos Jogos. O canoísta poderia se igualar à ginasta caso tivesse pegado pódio na C2 500m, com sua dupla Jacky Godmann — o que não aconteceu.
Com 30 anos, Isaquias Queiroz conquistou duas pratas e um bronze na Rio 2016 e um ouro em Tóquio 2020. A prata em Paris completou seu gigante feito no esporte. Rebeca, por sua vez, conquistou um ouro e uma prata em Tóquio, além de um bronze, duas pratas e um ouro em Paris.
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Já Robert Scheidt somou ao longo da carreira duas medalhas de ouro (Atlanta 1996 e Atenas 2004), duas de prata (Sidney 2000 e Pequim 2008) e uma de bronze (Londres 2012). Torben Grael vem logo atrás com dois ouros (Atlanta 1996 e Atenas 2004), uma prata (Los Angeles 1984) e dois bronzes (Seul 1988 e Sydney 2000).
Como foi a prova de Isaquias
O percurso na C1 1000m que rendeu a medalha de prata a Isaquias foi concluído em 3min44s33. O brasileiro ficou atrás do tcheco Martin Fuksamais, que fez a prova em 3min44s68 — melhor marca olímpica de todos os tempos.
No início da corrida, Isaquias disputava a quarta posição, a cerca de 1 segundo do tcheco. No meio da prova, com 500 metros já percorridos, o brasileiro ocupava o quinto lugar — e foi a partir daí que as coisas começaram a mudar.
No último quarto da prova, Isaquias começou a diminuir a distância para os oponentes, voltando para quarto e chegando cada vez mais perto dos líderes. Nos últimos 250 metros, o canoísta conseguiu tirar mais de 2 segundos de diferença, para fechar a prova na segunda colocação.
Uma infância de superações
O baiano Isaquias Queiroz se tornou, em 2016, o primeiro atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição dos Jogos Olímpicos. O feito foi registrado nos Jogos do Rio, quando o canoísta conquistou duas pratas e um bronze. Para chegar até a marca histórica, contudo, muita água precisou rolar — e para muito além do esporte.
Ainda na infância, Isaquias superou adversários que em nada tinham a ver com a canoagem, quando ele sequer imaginava que se tornaria uma referência mundial na modalidade. O primeiro deles veio logo aos 3 anos de idade, quando Isaquias sofreu um grave acidente com água fervente.
Enquanto sua mãe, Dilma — mãe de Isaquias e de outros nove filhos, quatro deles adotados — , trabalhava como servente na rodoviária, uma jovem ficava encarregada de cuidar de Isaquias. Por um descuido, contudo, ela deixou uma panela com água fervendo no fogão, que virou e atingiu o pequeno. Isaquias chegou a passar um mês internado, desacreditado pelos médicos — mas conseguiu se recuperar.
Aos cinco anos, Isaquias passou por outro fato marcante de sua vida, ao ser raptado. Considerado uma criança forte, Dilma muito ouvia pela vizinhança de Ubaitaba, uma cidade de 20 mil habitantes, que Isaquias seria sequestrado. As ameaças se tornaram realidade, mas a criança foi encontrada, sozinha e chorando, em uma roça de cacau.
Aos 10 anos, outro susto. Ao subir em uma árvore para ver uma cobra morta de perto, Isaquias caiu em cima de uma pedra, sofreu uma hemorragia interna e precisou fazer a retirada de um dos rins. Além de ter ganhado o apelido de “Sem-Rim”, a partir daí o canoísta precisou passar a beber quantidades muito mais significativas de água.
Jornada de herói na canoagem
Em 2011, com apenas 17 anos, Isaquias registrou um feito histórico na canoagem brasileira, quando foi campeão na C1 200m e vice no C1 500m, no campeonato mundial júnior, realizado, naquele ano, na Alemanha.
O feito dava indícios de que uma nova joia surgia na modalidade. Apesar de ser verdade, a jornada não foi linear. Nesse mesmo ano, Isaquias havia deixado Ubaitaba para viver no Rio de Janeiro, e enfrentou problemas clássicos de atletas de baixa renda: adaptação à nova rotina de treinamentos, poucos amigos e dinheiro escasso.
Quando não foi incluído na equipe que disputaria o Pan-Americano de Guadalajara (México) em outubro daquele ano, Isaquias não resistiu e voltou à Ubaitaba mesmo sem ter autorização, o que resultou em uma suspensão da seleção. De volta aos treinamentos apenas em 2012, o canoísta ainda ficou fora dos Jogos Olímpicos de Londres.
Em 2013, Isaquias faturou um ouro e um bronze (C1 1000m) no Mundial de Canoagem em Duisburg, na Alemanha. Sem reconhecimento, o atleta chegou a desabafar em seu Facebook. Intitulado “Desabafo de um campeão triste”, o texto criticava a falta de apoio financeiro após suas primeiras vitórias em mundiais.
Estou pensando seriamente em abandonar a canoagem. Já não aguento mais apresentar bons resultados e não ter mudanças significativas em minha vida– escreveu Isaquias
No ano seguinte, já no Mundial de 2014, em Moscou, as coisas pareciam começar a fluir novamente para Isaquias na modalidade, quando ele liderou quase toda a prova individual dos 1000 m. Mas o que parecia sonho, virou pesadelo.
O atleta acabou perdendo o titulo por ter mergulhado na água para comemorar antes da linha de chegada. O ouro, então, ficou com o alemão Sebastian Brendel. Isaquias ficou com a prata, mas não por muito tempo. Uma atualização no sistema da prova concluiu que o canoísta sequer concluiu a corrida e, Isaquias, saiu de Moscou sem nada no peito.
Toda a dura caminhada, contudo, agora rende bons — e históricos frutos. Na Rio 2016, Isaquias conquistou duas pratas e um bronze — resultado que só não foi melhor porque o mesmo Sebastian Brendel garantiu o ouro em duas oportunidades.
Apesar de rival no esporte, Sebastian é um grande ídolo de Isaquias. Por conta disso, em 2017, o baiano batizou seu primeiro filho de Sebastian, em homenagem ao alemão.
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