Leões-marinhos filmam áreas inexploradas do oceano com ajuda de câmeras

Experimento reuniu 89 horas de filmagens feitas pela perspectiva da espécie, que percorreu 500 km com os aparelhos acoplados ao corpo

08/09/2024
Leoa-marinha-australiana descansa com câmera acoplada ao corpo. Foto: Nathan Angelakis/ Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Austrália do Sul (SARDI)/ Reprodução

O fundo do oceano guarda a sete chaves inúmeros segredos, mas uma ajuda nada convencional pode mudar esse cenário. Isso porque um grupo de oito leoas-marinhas-australianas, equipado com câmeras, filmou em detalhes as profundezas da região sul da Austrália — incluindo áreas ainda inexploradas.

A aventura faz parte de uma pesquisa conduzida por uma equipe de cientistas australianos e norte-americanos, que decidiu acoplar uma filmadora em cada um dos animais participantes do projeto.

Foto: Roger Kirkwood/ Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Austrália do Sul (SARDI)/ Reprodução

Como resultado, obtiveram 89 horas de filmagens que capturaram seis habitats marinhos ocupados pela espécie e flagraram momentos impressionantes, como um em que a mãe sai para caçar junto ao filhote dela e consegue predar uma sépia. Veja abaixo:

 

 

Além das câmeras, as leoas-marinhas-australianas também foram equipadas com rastreadores e sensores de movimento, presos com adesivos de neoprene — um tipo de borracha sintética. Os dispositivos foram projetados para não exceder 1% do peso corporal dos animais, de forma a não afetar a qualidade de vida ou comportamento deles.

Usar leões-marinhos para mapear o fundo do mar tem vantagens consideráveis. Os leões-marinhos podem cobrir grandes áreas em curtos períodos e podem acessar habitats que não podemos– explicou Nathan Angelakis, um dos pesquisadores do projeto

Foto: Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Austrália do Sul (SARDI)/ Reprodução

As imagens cobriram mais de 500 quilômetros e permitiram o mapeamento de 5 mil km² do leito oceânico. Os resultados foram publicados na revista Frontiers in Marine Science.

Experimento com leões-marinhos joga luz sobre questões importantes

Um dos motivos para explorar o fundo do mar é entender como proteger os habitats subaquáticos caso a atividade humana acabe os alterando. O foco desse estudo, no caso, foi conhecer melhor as ‘moradias’ da espécie.

Foto: Simon Goldsworthy/ Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Austrália do Sul (SARDI)/ Reprodução

Por meio das imagens, os cientistas conseguiram entender melhor o comportamento das leoas-marinhas-australianas e a biodiversidade dos ambientes em que vivem. Além disso, foi possível treinar uma inteligência artificial que prevê as características de áreas ainda desconhecidas com uma precisão de mais de 98%.


O estudo também ajuda a proteger a espécie que vive sob ameaça. Para se ter uma noção do risco que corre, suas populações no sul e oeste da Austrália diminuíram em mais de 60% nos últimos 40 anos.

 

“Nosso estudo ajudou a identificar habitats e áreas de importância para os leões-marinhos. Essas informações serão cruciais para conservar e gerenciar suas populações no futuro”, complementa Nathan. “Habitats e áreas que são valiosos para os leões-marinhos australianos também podem ser importantes para outras espécies marinhas importantes”.

 

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