Urso-polar com plástico na boca chama a atenção em concurso de fotografia dos oceanos
Foto finalista de categoria sobre impacto do homem na natureza foi tirada no local mais remoto do mundo; confira outras imagens
Pensar em fotos que retratam a natureza e a vida marinha, geralmente, levam à mente imagens dignas de wallpapers. Na realidade, contudo, esse universo está, cada vez mais, adquirindo traços vindos do ser humano — ou melhor, do seu descaso com o meio ambiente. Fotógrafos do mundo todo traduziram esse cenário em imagens para o concurso promovido pela Oceanographic Magazine.
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Das oito categorias do prêmio Ocean Photographer of the Year 2024, uma das que mais chama a atenção é a “Conservação (impacto)”. Como o próprio nome sugere, o grupo traz fotos que simbolizam como o ser humano tem impactado a vida animal nos oceanos.
Uma das imagens de destaque é a de um urso-polar. Não pelo animal estar listado como vulnerável à extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), mas pelo que, ainda que nessa situação, ele carrega na boca: um pedaço de plástico.
Batizada de ‘Plástico Perigoso’, a foto foi feita pela fotógrafa Celia Kujala no arquipélago de Svalbard, no Oceano Ártico. O local, que só conta com 2,2 mil habitantes, é considerado o mais remoto do mundo. É nada menos que a última cidade do planeta Terra. Ao Norte, não há nada além de geleiras, o que só reforça como o impacto negativo do homem na natureza chega a todos os lugares.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a cada minuto o equivalente a um caminhão de lixo de plástico é jogado nos oceanos. O próprio Brasil, inclusive, é responsável por 3,44 milhões de toneladas do plástico que chega aos mares todos os anos, de acordo com um estudo do Blue Keepers.
Um urso polar caminhava pela costa quando algo no chão despertou seu interesse. Ele pegou e começou a brincar com ele. Meu coração afundou quando percebi que ele tinha encontrado um pedaço de plástico– conta Kujala
Outra foto entre as finalistas retrata mais um cenário doloroso, também resultado de atitudes humanas. Em uma fábrica de caça às baleias na Islândia, um cetáceo espera para ser abatido, antes de ser levado ao Japão.
A Islândia, assim como a Noruega e o Japão, ainda pratica a caça comercial de baleias, apesar das críticas de ativistas ambientais e de defesa dos direitos dos animais. O país chegou a suspender a prática, em junho de 2023, mas voltou atrás em junho deste ano, com restrições aos métodos usados anteriormente — que não respeitavam a lei de bem-estar animal — e a presença de inspetores oficiais a bordo.
“Espero que esta imagem aumente a conscientização e sirva de inspiração para manter a pressão pública”, escreveu Frederik Brogaard, autor da foto.
Essas baleias são cruciais em nossa luta contra as mudanças climáticas, sequestrando toneladas de CO2 em sua vida. Valem mais para nós vivas do que mortas– ressaltou o fotógrafo
Ainda há esperança
Em contrapartida à categoria que mostra os impactos causados pelo homem na natureza, há outra no concurso que desperta uma gota de esperança na humanidade que, não à toa, é intitulada de “Conservação (esperança)”.
Uma das fotos finalistas é a do fotógrafo Henley Spiers. A imagem retrata os esforços feitos nas Maldivas para a conservação de recifes de corais. Kaia Ali, bióloga marinha por trás de uma das iniciativas na Cocoa Island, conta que as Maldivas se esforçam para “conservar seu patrimônio oceânico”.
Segundo a bióloga, a pesca industrial com redes é proibida no país, que criou um dos primeiros santuários nacionais de tubarões do mundo. Ainda assim, as “Maldivas sofreram muito nas mãos de mudanças ambientais que transcendem suas fronteiras, e fortes eventos do El Niño mataram de 80 a 90% de todos os corais duros rasos”, explica.
A esperança para o futuro está em parte nos esforços para regenerar o recife por meio da jardinagem de corais– destaca Kaia Ali
Confira outras fotos finalistas do concurso
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