Temporada de baleias: confira regras e onde avistar o animal no Brasil
De junho a novembro, cetáceos saem da Antártica em busca das águas brasileiras para se reproduzirem; veja 3 projetos que apoiam o animal
Quando as baleias começam a sair da Antártica e procuram as águas quentinhas do Brasil para se reproduzirem, é sinal de que está oficialmente aberta a temporada desses mamíferos em território brasileiro. Alguns estados se destacam por receber um grande número delas, bem como apresentam projetos incríveis para avistá-las de maneira saudável. Por aqui, você ficará por dentro de três dos principais deles.
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Dá para se dizer que muitas das baleias que passam pelo Brasil são, inclusive, brasileiras, uma vez que os animais se alimentam na Antártica e têm os seus filhotes em território nacional, em um período que vai de junho a novembro.
A viagem de lá para cá, inclusive, não é moleza, e as baleias levam cerca de dois meses para percorrerem os 4.500 km que separam as geladas águas antárticas do território tropical “quentinho”.
É nesse momento que os inesquecíveis encontros entre baleias e humanos acontecem — e tem acontecido cada vez mais.
Em 2022, um monitoramento aéreo feito pelo Instituto Baleia Jubarte confirmou a recuperação da população brasileira de jubartes (Megaptera novaeangliae), estimada em 25 mil animais — número próximo ao de 200 anos atrás (27 mil a 30 mil baleias), que havia sofrido uma brusca queda devido à caça ilegal.
Sendo assim, tem sido comum avistar no litoral brasileiro duas das principais espécies que navegam por aqui: as baleias-jubarte e as baleias-franca (Balaenidae) — esta última, principalmente no Sul do país.
É preciso saber, contudo, que existem regras e boas maneiras para se aproximar do animal sem estressá-lo. Por isso, NÁUTICA separou uma série de dicas para que você consiga ver uma baleia de perto ainda em 2024.
Projetos para o avistamento de baleias no Brasil
Em 2001, a quantidade de baleias-jubarte no litoral brasileiro era de 1,5 mil. Em 2022, esse número já tinha subido para 25 mil animais — depois que a caça foi proibida por lei federal, em 1986. Com esse crescimento, fica mais fácil de encontrar as jubartes pela costa do país, mas, ainda assim, vem a pergunta: por onde começar?
Alguns estados se sobressaem aos outros quando o assunto é o avistamento de baleias. Os principais são: Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina. Em cada um deles há vários projetos voltados aos mamíferos, que levam turistas para vê-los de pertinho por meio de operadoras de turismo confiáveis, que seguem as Normas de Avistagem no Brasil.
Projeto Baleia Jubarte
Presente no Espírito Santo e na Bahia — mas com braços também em São Paulo –, o Projeto Baleia Jubarte nasceu em 1988 e é administrado pelo Instituto Baleia Jubarte e patrocinado pela Petrobras desde 1996. A iniciativa trabalha em três frentes: pesquisa, educação e políticas para a conservação, para assegurar a recuperação plena da espécie.
A iniciativa parte do princípio de que o Turismo de Observação de Baleias e Golfinhos, mais conhecido internacionalmente como whale watching, “é praticado em mais de 100 países e territórios” e que “se praticado de forma sustentável, seguindo as normas legais, não impacta nem os indivíduos nem as populações das baleias-alvo”, além de gerar empregos diretos e indiretos.
Por isso, o Projeto Baleia Jubarte conta com uma lista de operadoras parceiras que seguem as Normas de Avistagem no Brasil. Entre elas estão empresas qualificadas nos estados de São Paulo (São Sebastião e Ilhabela), Bahia (Praia do Forte, Salvador, Itacaré, Porto Seguro, Cumuruxatiba, Prado e Caravelas) e Espírito Santo (Vitória).
O Projeto Baleia Jubarte, inclusive, publicou um guia sobre a observação de baleias-jubarte no Brasil, para suprir quem mais deseja vê-las — seja no ramo empresarial, turístico ou público — com informações essenciais para manter o animal seguro.
Amigos da Jubarte
Nascido em 2014, o Projeto Amigos da Jubarte, do Espírito Santo, é uma iniciativa multiplataforma de conservação da espécie. Antes de sua existência, a população capixaba pouco sabia sobre o animal, tampouco imaginava que a baleia navegava pelas águas de seu litoral.
Com pesquisas científicas, atividades culturais, educação ambiental, sensibilização, capacitações e ações de fomento ao desenvolvimento turístico regional, o Amigos da Jubarte levou a espécie ao conhecimento dos moradores do Espírito Santo. Agora, a população local tem a baleia não só como símbolo capixaba, mas também como uma das diretrizes para o turismo pelo Governo Estadual.
Antes do início da temporada do animal no Brasil, o Amigos da Jubarte realiza um curso de capacitação técnica para profissionais marítimos e operadoras de turismo sobre a observação de baleias em Vitória (ES). Em 2017, a iniciativa criou o site “Quero ver Baleia”, que facilita o contato entre o público e agências de turismo capacitadas e certificadas pelo projeto.
Projeto Franca Austral | ProFranca
O Projeto Franca Austral atua nos âmbitos de conservação, pesquisa, responsabilidade socioambiental e de políticas públicas para a conservação da baleia-franca. Esta é a única espécie ainda ameaçada de extinção que se reproduz na costa brasileira e costuma frequentar o litoral sul do país.
O objetivo do ProFranca é conservar a baleia-franca-austral “tanto através da continuidade de pesquisas realizadas a longo prazo, como pela execução de metodologias inovadoras aplicadas para descobertas de novas informações biológicas sobre a espécie”.
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A entidade possui um centro de visitações com informações atualizadas sobre o animal: o Centro Nacional de Conservação da Baleia Franca, em Imbituba, Santa Catarina — cidade também conhecida como capital nacional da baleia-franca.
Por lá, é possível avistar a espécie com o uso de binóculos, na beira da praia de Itapirubá. O local funciona de terça a sábado, tem entrada gratuita, visitação guiada por especialistas e loja de souvenires.
O Projeto Franca Austral é realizado pelo Instituto Australis e conta com patrocínio Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Regras na hora de avistar baleias no Brasil
Antes de mais nada, é importante ressaltar que a atividade de Turismo de Observação de Baleias em águas brasileiras é normatizada pela Lei Federal 7.643 de 1988, que proíbe o molestamento intencional de qualquer espécie de cetáceo, e pela Portaria IBAMA 117 de 1996, que define normas específicas para a atividade. Portanto, as embarcações são proibidas de:
- Aproximar-se de qualquer espécie de baleia com o motor ligado a menos de 100 m de distância do animal mais próximo;
- Religar o motor antes de avistar claramente as baleias na superfície ou a uma distância de no mínimo 50 m da embarcação;
- Perseguir, com motor ligado, qualquer baleia por mais de 30 m, ainda que respeitadas as distâncias estipuladas acima;
- Interromper o curso de deslocamento de cetáceo de qualquer espécie, dividindo-os ou dispersando-os;
- Penetrar intencionalmente em grupos de cetáceos de qualquer espécie, dividindo-os ou dispersando-os.
- Produzir ruídos excessivos, tais como música, percussão de qualquer tipo ou outros, além daqueles gerados pela operação normal da embarcação, a menos de 500 m de qualquer cetáceo;
- Despejar qualquer tipo de detrito, substância ou material a menos de 500 m de qualquer cetáceo;
- É proibida a prática de mergulho ou natação, com ou sem o auxílio de equipamentos, a uma distância inferior a 50 m de baleia de qualquer espécie.
Vale destacar que as baleias chegam ao Brasil em um período sensível, em ciclo de reprodução — o que fazem das regras ainda mais essenciais para um avistamento saudável.
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