Pesquisadores encontram possível nova espécie de coral no fundo do Oceano Ártico; confira

Durante expedição, cientistas descobriram algumas corais que sobreviviam no caule de uma lírio-do-mar

31/05/2024
Foto: Instagram @oceancensus/ Reprodução

A ciência prova a cada dia que sempre há algo a ser descoberto. Durante uma missão de exploração no gelado Ártico, os pesquisadores da Fundação Nippon-Nekton Ocean Census descobriram no fundo do oceano o que pode ser uma nova espécie de coral — ambiente esse que eles não costumam sobreviver.

Junto com a Universidade Ártica da Noruega (UiT) e REV Ocean, a expedição reuniu uma equipe multidisciplinar de 36 cientistas e especialistas de mídia de 15 instituições acadêmicas, todos com um só propósito: investigar uma das regiões menos exploradas da Terra.

Foto: Instagram @oceancensus/ Reprodução

Para a surpresa dos pesquisadores, foi encontrado uma possível nova espécie de coral num lugar inesperado: no caule de uma crinóide — também conhecida como “lírio-do-mar”. Além disso, chama atenção o fato destes animais terem sido avistados no Ártico, um ambiente extremamente afetado pela mineração e mudanças climáticas.

 

Geralmente associados a climas tropicais, os corais costumam estar em águas quentes, claras e repletas de peixes entre os recifes. Entretanto, eles costumam ser mais diversos que isso, e podem sobreviver em uma infinidade de ecossistemas diferentes — como a pesquisa acaba de comprovar.

Segundo a Ocean Census, o Ártico é um ambiente expansivo, onde encontram-se habitats de inúmeras espécies e ecossistemas, muitos dos quais permanecem desconhecidos ou pouco estudados pela ciência. No entanto, essa expedição pode significar uma virada de chave nesse tópico.

Nasce uma nova espécie?

Como já mencionado, a descoberta da possível nova espécie de coral aconteceu enquanto os cientistas da Ocean Census estudavam o Ártico. Segundo o comunicado, eles começaram sua expedição em Tromsø, no norte da Noruega, em 3 de maio. No entanto, os corais estavam cada vez mais raros.

Foto: Ocean Census/ YouTube/ Reprodução

Vimos muito poucos corais desde que chegamos aqui no Ártico. No mergulho de hoje, vimos muitos destes crinóides crescendo, e o que encontramos neste crinóide foi um coral vivendo no caule. É quase certamente uma nova espécie – Alex Rogers, pesquisador principal da Ocean Census.

Neste caso, este que pode ser uma nova espécie de coral se adaptou ao ambiente extremo, vivendo ao longo da borda da plataforma continental. Numa demonstração de coevolução nas profundezas do mar, este grupo de animais sobrevive nas águas que medem pouco acima de 0ºC.

Isso realmente demonstra a coevolução no fundo do mar, mas também a eficácia do veículo operado remotamente (ROV). Obtemos os espécimes em tão boas condições que esse tipo de relação é realmente preservado– Alex Rogers

Mencionado pelo pesquisador, o ROV é um submersível operado remotamente por uma pessoa a bordo de uma embarcação — neste caso, direto do navio RV Kronprins Haakon. Inclusive, o Ocean Census divulgou um vídeo usando imagens tiradas pelo veículo. Confira!

 

 

O impacto na ciência

O lugar explorado pelos cientistas é repleto de fontes hidrotermais, que atraem vida de todos os tipos. Como essas aberturas bombeiam metano e enxofre — que são relativamente quentes — , diferentes criaturas fixam residência em um local que, em situações normais, seria impróprio de viver.

Foto: Ocean Census/ YouTube/ Reprodução

Encontrar vida no Ártico é de suma importância aos cientistas, que estão preocupados com os impactos da mineração. Afinal, a busca por lítio e cobalto — usados em baterias de veículos elétricos — exige a escavação do fundo do oceano, resultando na destruição dos ecossistemas.

 

Pensando em preservar esses ecossistemas que já estão em situações delicadas, os pesquisadores utilizaram técnicas modernas e consideradas cruciais para encontrar a possível nova espécie de coral e expandir o conhecimento científico, como o avanço na taxonomia, análise de eDNA e aprendizado de máquina.

Se estes dados se tornarem acessíveis e partilhados amplamente, e não apenas por aqueles que os recolheram, poderão ter um impacto profundo na compreensão científica– Jan-Gunnar Winther, Diretor Especialista do Instituo Polar, em comunicado

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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