Destroços de iate de Saddam Hussein viram ponto turístico no Iraque
O que restou da embarcação após invasão dos EUA atrai turistas e serve até como ponto de encontro entre pescadores
Saddam Hussein viu as décadas de seu regime chegarem ao fim quando, há 20 anos, o Iraque foi invadido pelos Estados Unidos. A imagem que marca esse ponto da história resiste até hoje na confluência dos rios Tigre e Eufrates. É lá que estão as ruínas do iate de Saddam Hussein, chamando a atenção sobre as águas.
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O iate de Saddam Husein leva o nome de Al-Mansur, que significa “Vitorioso”, em árabe. O fato de a embarcação ter virado até ponto de encontro faz sentido, já que não é difícil identificar o que, um dia, foi um megaiate presidencial luxuoso.
São 120 metros de comprimento e mais de 7 mil toneladas de uma embarcação que simboliza muito bem como se deu o fim de uma era.
Al-Mansur foi bombardeado, mas nunca afundou
A Guerra do Iraque começou em 20 de março de 2003, quando uma coalizão militar internacional, liderada pelos Estados Unidos, invadiu o país. No período que antecedeu o fatídico dia, o iate de Saddam Hussein estava atracado no Golfo.
Contudo, o próprio Saddam (que nunca havia embarcado no iate) emitiu ordens para que a embarcação deixasse seu ancoradouro em Umm Qasr.
Foi assim que o Al-Mansur chegou até onde está nos dias atuais: Basra, uma das três maiores cidades do Iraque e o principal porto do país. A intenção de Saddam era proteger a embarcação dos bombardeios, mas o que aconteceu foi o contrário.
Vários ataques foram lançados contra o iate de Saddam Hussein ao longo de muitos dias. “Ele foi bombardeado pelo menos três vezes, mas nunca afundou”, contou Qahtan al-Obeid, ex-chefe de patrimônio de Basra, em entrevista à agência Reuters.
Como está o iate de Saddam Hussein atualmente
O iate de Saddam Hussein pode ser visto sobre as águas até hoje, carregando as marcas de um momento histórico da história mundial. Seus andares superiores (que ficam mais à vista), encontram-se carbonizados por um incêndio que começou devido ao bombardeio.
Após seus motores serem roubados, o barco começou a se inclinar. “Isso criou aberturas e a água entrou, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio”, afirma Obeid. Além dos motores, o iate foi também saqueado, perdendo móveis, lustres e até partes de sua estrutura.
A decadência do iate de Saddam Hussein é um fato. Alguns iraquianos defendem a preservação dos destroços, contudo, foram muitos os governos que não conseguiram alocar fundos para recuperar a embarcação.
Zahi Moussa, capitão naval que atua no ministério iraquiano dos transportes, é um dos que lamentam a situação atual do antigo iate presidencial. Para ele, o iate de Saddam Hussein “é como uma joia preciosa, como uma obra-prima rara que se guarda em casa. Nos entristece que esteja assim”, relata.
Saiba mais sobre o iate de Saddam Hussein
O Al-Mansur foi desenvolvido com casco de aço e superestrutura de alumínio, com deques de teca. Alimentado por dois motores a diesel Wartsila (8ZL40/48) de 8 cilindros e 5.997 hp operando a 560 rpm, o megaiate era capaz de atingir uma velocidade máxima de 20 nós.
O iate de Saddam Hussein tem 120 metros e foi construído pelo antigo estaleiro Wärtsila (hoje STX Finland OY), na Finlândia, sendo projetado para o governo da República do Iraque como um iate de luxo presidencial oceânico.
Segundo o site do designer responsável pela obra, o dinamarquês Knud E. Hansen, o Al-Mansur foi entregue ao Iraque em 1983, duas décadas antes dos ataques.
Projetado para acomodar confortavelmente até 20 hóspedes em 10 suítes, a embarcação transportava até 120 tripulantes a bordo, com direito a elevador e ar-condicionado. Além disso, o megaiate foi equipado com uma cápsula de resgate mini-submarina. Curiosamente, ela também foi bombardeada durante a invasão americana, mas provou ser difícil de afundar e precisou ser demolida dois anos depois.
Agora, os destroços do iate de Saddam Hussein servem como ponto turístico e de encontro para pescadores. Entre eles, está Hussein Sabahi, que gosta de finalizar seus dias no rio Shatt al-Arab com uma xícara de chá a bordo do que restou da embarcação.
Segundo ele mesmo afirmou à agência Reuters, “quando era propriedade do ex-presidente, ninguém chegava perto (do barco). Custo a acreditar que isso pertenceu a Saddam e agora sou eu que transito por aqui.”
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