Do que se alimentavam os megalodontes? Estudo inédito aponta nova descoberta

A partir do dente do animal, pesquisa indica que dieta de mais de 100 mil kcal não se baseava apenas em grandes baleias

13/06/2025
Foto: PLBechly / Wikimedia Commons / Reprodução

Há cerca de 20 milhões de anos, um tubarão que podia atingir até 24 metros de comprimento, com dentes do tamanho de mãos humanas, habitava os oceanos da Terra. Conhecido como megalodonte (Otodus megalodon), essa figura que já protagonizou filmes no cinema era também o principal predador dos mares. Seus hábitos alimentares foram alvo de um estudo inédito, que trouxe revelações.

No topo da cadeia alimentar daquela época, acreditava-se que o megalodonte se alimentava majoritariamente de baleias para manter a dieta de nada menos que 100 mil kcal por dia. Os dados de um artigo publicado na revista científica Earth and Planetary Science Letters, contudo, revelam que o cardápio era mais diversificado do que se imaginava.

Análise partiu dos dentes do animal

Uma vez que sua estrutura esquelética cartilaginosa não tenha favorecido a preservação ao longo do tempo, quase tudo o que se sabe sobre os megalodontes foi a partir das análises de sua dentição — e nesse estudo não foi diferente.

Jeremy McCormack, coautor do estudo, com um dente fossilizado de megalodonte. Foto: Uwe Dettmar para a Universidade Goethe / Reprodução

Dentes de depósitos fósseis nas cidades de Sigmaringen e Passau, ambas na Alemanha, foram estudados a partir de um método diferente: com base no conteúdo mineral, levando em conta a proporção de isótopos de zinco (Zn-66 e Zn-64) na dentição do megalodonte.

 

Isso porque pesquisas anteriores já haviam mostrado que animais que comem mais carne absorvem mais do isótopo zinco-64 do que do zinco-66. Assim, quanto mais alto um animal está na cadeia alimentar, menor é a proporção de zinco-66 em relação ao zinco-64 nos seus dentes. Essa relação permite estimar o quão carnívoro um animal é e, portanto, sua posição na cadeia alimentar.

Foto: Uwe Dettmar para a Universidade Goethe / Reprodução

“Como não sabemos qual era a proporção dos dois isótopos de zinco na base da pirâmide alimentar naquela época, comparamos os dentes de várias espécies de tubarão pré-históricas e atuais entre si e com outras espécies animais”, explicou Jeremy McCormack, coautor do estudo, em comunicado.

Isso nos permitiu ter uma ideia da relação predador-presa há 18 milhões de anos– destacou

Como esperado, essa análise colocou o megalodonte no topo da cadeia alimentar, mas com uma surpresa: os dados mostraram que a espécie também se alimentava de animais de níveis mais baixos da cadeia, já que não houveram grandes diferenças entre o gigante e os animais abaixo dele.


Isso indica um comportamento alimentar generalista, similar ao do tubarão-branco moderno, que tem na dieta qualquer animal que esteja disponível no ambiente — indo de outros peixes até alguns mamíferos.

 

“Acreditamos que o megalodonte era flexível o suficiente para se alimentar de mamíferos marinhos e peixes grandes, tanto do topo da pirâmide alimentar quanto dos níveis mais baixos, dependendo da disponibilidade”, explica McCormack. Essa descoberta lança luz sobre a ideia de que os grandes tubarões se concentravam em mamíferos marinhos — que, agora, precisa ser revista.

Isso nos oferece percepções importantes sobre como as comunidades marinhas mudaram ao longo do tempo geológico, mas, mais importante, o fato de que mesmo os ‘supercarnívoros’ não estão imunes à extinção– ressaltou Kenshu Shimada, coautor da descoberta

 

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