Pela primeira vez, baleia mais rara do mundo começa a ser estudada por cientistas
Animal só foi encontrado sete vezes ao longo da história, o que o torna um verdadeiro enigma para a ciência
Esta é uma baleia-de-dentes-de-espada. E é apenas isso que se sabe sobre esse animal, um dos mais raros do planeta e que carece de mais dados para descrevê-la melhor — pelo menos até agora. Isso porque cientistas encontraram um espécime do animal e, pela primeira vez, estão estudando a fundo a baleia misteriosa.
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Os estudos, que envolvem pesquisadores e especialistas culturais da Nova Zelândia, começaram na última segunda-feira (2), através da dissecação do animal. A baleia foi encontrada já sem vida — mas perfeitamente preservada — em uma praia na Nova Zelândia, em julho deste ano.
Para se ter uma ideia, trata-se apenas da sétima da espécie a ser avistada em toda a história. Dessa forma, nunca qualquer rastro do animal havia sido estudado de tal maneira pelos profissionais da área. Tudo o que envolve a baleia mais rara do mundo carece de informações, e até mesmo os cientistas têm mais perguntas do que respostas.
Ainda não se sabem as respostas para algumas questões consideradas básicas sobre a baleia-de-dentes-de-espada, como, por exemplo: em quais oceanos essas baleias vivem; por que elas nunca foram vistas na natureza; como são seus cérebros; como processam sua comida e muito mais.
Levando em conta, especificamente, a baleia encontrada desta vez, pode-se concluir que trata-se de um macho, faz parte das baleias-de-bico e tem cinco metros de comprimento. Pronto, só isso. O restante ainda está sendo analisado num centro de pesquisa agrícola, perto da cidade de Dunedin, também na Nova Zelândia.
Antonio Van Helden, consultor sênior de ciências marinhas da agência de conservação da Nova Zelândia, teve seu primeiro contato com o espécime e participou da dissecação do animal. No entanto, os especialistas esperam começar a colher respostas nas próximas semanas.
Pode haver parasitas completamente novos para a ciência que vivem apenas nesta baleia. Quem sabe o que descobriremos?– disse Van Helden
Van Helden, além do que o currículo indica, estuda baleias-de-bico há mais de três décadas. Empolgado com a descoberta, para ele a dissecação do animal é “extraordinária”, “inacreditável” e abre novas portas para a ciência.
A baleia mais rara do mundo encontrada não dava sinais sobre sua morte, apesar das supostas marcas de tubarão-charuto — ainda sem evidências suficientes de que este foi o causador da morte.
O que nos interessa não é apenas como esses animais morreram, mas como eles viveram– disse Joy Reidenberg, da Icahn School of Medicine no Mount Sinai
Um antigo mistério
São décadas e décadas de mistério sobre o animal. Antes desse avistamento, como já mencionado, apenas seis outros espécimes foram encontrados. Embora todos tenham sido descobertos intactos, eles acabaram sendo enterrados antes que houvesse alguma identificação por DNA para confirmar de que se tratava, de fato, de uma baleia-de-dentes-de-espada.
Os primeiros ossos dessas baleias foram encontrados há mais de um século, em 1872, na Ilha Pitt, da Nova Zelândia. Em 1950, outra amostra foi registrada numa ilha offshore e, em 1986, no Chile, mais vestígios surgiram na Ilha Robinson. Em 2002, o sequenciamento de DNA provou que todos eram da mesma espécie.
Inclusive, cogitou-se em 2010 que ela estaria em extinção, já que duas baleias-de-dente-de-espada foram encontradas mortas numa praia neozelandesa. Mas, para variar, nenhuma delas chegou a ser estudada nem antes, nem depois do ocorrido.
De momento, acredita-se que elas habitavam o Oceano Pacífico Sul, onde estavam localizadas algumas das fossas oceânicas mais profundas do mundo. Um fato curioso é que as baleias-de-bico são as que mais mergulham em busca de comida, mas as baleias-de-dente-de-espada raramente são avistadas.
Ao descobrir como elas vivem, esperamos encontrar descobertas que possamos aplicar de volta à condição humana– Joy Reindenberg
Time reforçado
Os cientistas avisaram que a dissecação será silenciosa, metódica e mais lenta que o normal, pois os Māori, povo indígena local, estão ajudando nos estudos.
Para essa comunidade indígena, as baleias são um “taonga” (tesouro, traduzido para o português). Sendo assim, o espécime será muito bem tratado, com direito a reverência concedida a um ancestral. De acordo com as tradições e crenças deles, o animal é um presente de Tangaroa, divindade do oceano.
A tribo também manterá o maxilar e os dentes da baleia ao final do estudo, antes que o esqueleto seja levado e exibido em algum museu. Por meio de uma tomografia feita da cabeça do animal, será produzida uma impressão 3D, que replicará as partes que ficarão com os indígenas.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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