Colapso de 90% dos caranguejos-das-neves pode ter influência humana, segundo pesquisa
De acordo com a NOAA, a "borealização" causada pelos humanos aumentou a temperatura das águas do Ártico; entenda
Nos últimos anos, um verdadeiro colapso fez com que a população de caranguejo-das-neves, no Alasca, despencasse em mais de 90%. Porém, segundo os cientistas do NOAA (Agência de Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos), o motivo para tamanha queda tem influência dos humanos, no que eles chamam de “borealização”.
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A borealização é uma mudança ecológica das condições árticas para as subárticas no sudeste. Ou seja, acontece uma alteração de fundo climático na região do Ártico que, com o aumento das temperaturas, ganha características boreais — típicas do Hemisfério Norte.
Segundo os cientistas, essa borealização impacta na vida de diversos seres vivos e, entre eles, o caranguejo-das-neves. Já que a espécie está acostumada ao frio, essa mudança de clima faz com que este “novo habitat” seja menos propício a vida — na contramão, beneficia os seres adaptados ao calor.
Além disso, outros fatores influenciaram na queda drástica dos caranguejos-das-neves, como a redução do gelo marinho, aumento de predadores e outras alterações ecológicas.
Por incrível que pareça, os cientistas descartaram a captura acidental de pesca de arrasto como um dos motivos do colapso. Segundo os pesquisadores, essa atividade ocorre em “ordens de magnitude muito pequena para justificar esse nível de mortalidade”.
Como a borealização afetou os caranguejos-das-neves?
De acordo com os pesquisadores — e de maneira surpreendente — , o estresse térmico causado pelas elevados temperaturas nos oceanos não foi o principal problema para a sobrevivência desta espécie. Afinal, caranguejos juvenis não foram afetados por temperaturas de até 8°C.
No entanto, os cientistas suspeitam que as temperaturas mais altas da água teriam aumentado o metabolismo do animal. Logo, as presas disponíveis no habitat não seriam suficientes para atender às demandas calóricas — que ocasionaria maior densidade de caranguejos em busca de alimento.
Todos esses fatores são resultado da mudança climática causada pela atividade humana desde o início da revolução industrial no início dos anos 1900- Mike Litzow, diretor do Laboratório Kodiak do Alaska Fisheries Science Center
Além disso, os cientistas apontaram que a borealização espalhou a doença do caranguejo amargo — considerada fatal — , causou a abundância de bacalhau no Pacífico — um predador do caranguejo-das-neves — e, como mencionado, aumentou as temperaturas mínimas.
Consequentemente, o colapso nesta espécie impactaria o ecossistema local e a pesca comercial — uma das mais valiosas do Ártico, estimada em US$ 227 milhões (aproximadamente R$1,2 bilhão, em conversão realizada em setembro de 2024) milhões por ano.
Tem esperança para o futuro?
A resposta é: sim, um pouco. Segundo os pesquisadores, o aquecimento esperado nos próximos 10 a 20 anos deve ser ainda maior. Logo, as características árticas necessárias para o estoque de caranguejo-das-neves podem se tornar escassas no sudeste do Mar de Bering.
O grupo de cientistas da NOAA espera ver condições árticas na região em apenas 8% nos próximos. Essa porcentagem pode ficar ainda menor com as maiores taxas de aquecimento que são esperadas futuramente. Caso a expectativa se confirme, poderá haver um potencial deslocamento para o norte na pesca comercial.
Tudo isso são indicações de uma mudança de um regime ártico para um subártico– site oficial do NOAA
Porém, ainda há um pouco de esperança. Em 2022, houve uma singela recuperação na população destes caranguejos. Além disso, uma pesquisa anual do Alaska Fisheries Science Center observaram águas mais frias — que beneficiam diretamente os caranguejos-das-neves.
Houve também um aumento no número dos caranguejos-das-neves jovens, que anima e fornece esperança para uma recuperação de curto prazo — em torno de cinco anos. Porém, essa descoberta depende de projeções de mudanças climáticas futuras.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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