Pedaço do Oceano Atlântico é mais raso do que pesquisadores achavam; entenda

Estudo realizado por cientistas brasileiros descobriu uma diferença de quase 15 metros entre antiga e nova medição

03/07/2024

Pesquisadores brasileiros revisaram uma antiga medição dos limites verticais do Oceano Atlântico Sudoeste — que banha a América do Sul — , e notaram uma divergência. O que antes media 30 metros, entre a parte mais superficial e profunda do mar, agora se descobriu que é bem mais raso.

A pesquisa sugere que essas áreas profundas, na verdade, podem ser até 15 metros mais rasas do que o aceito tradicionalmente — metade da medida. O estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade de São Paulo (USP) foi publicado no Marine Enviromental Research.

Ilustração da área analisada na pesquisa. Foto: Marine Environmental Research/ Divulgação

Os cientistas resolveram revisar a medida desta parte mesotrófica (ecossistema aquático com um nível moderado de nutrientes) do oceano. Entretanto, os 30 metros caíram quase pela metade e, segundo os pesquisadores, atualmente está entre 15 e 18 m na região costeira subtropical. Ou seja, os peixes que lá habitam estão bem mais próximos da superfície.

Vale ressaltar que, inicialmente, a intenção do estudo era sim estudar o Oceano Atlântico Sudoeste, mas para analisar a vida marinha em diferentes profundidades. Contudo, concretizando-se as novas evidências, essas medidas de profundidade aceitas na literatura científica teriam que ser ajustadas.

Por que o oceano está mais raso?

Na realidade, não é que o oceano tenha ficado mais raso entre uma pesquisa e outra, mas sim um erro teria sido cometido anteriormente. De acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a grande diferença entre ambos os estudos se dá pela maioria dos trabalhos terem sido feitos em ambientes tropicais acima do trópico de Capricórnio.

Por não terem se aprofundado na parte subtropical, os antigos estudos focavam mais nos recifes de corais, e não incluíam a forma diferente de como a luz e organismos interagiam com os recifes rochosos — predominantes em lugares subtropicais.

Dos males, o menor

Apesar deste provável erro de medição, nem de longe este é um dos maiores problemas que o oceano tem enfrentado — embora acenda o sinal de alerta. Segundo pesquisa, os oceanos estão ficando cada vez mais barulhentos e, num cenário moderado, é previsto um aumento de até sete decibéis até 2100, no norte do Atlântico.

Além disso, o calor fez o nível do oceano aumentar mais no Brasil do que no resto do mundo. Na costa atlântica da América do Sul, a média de elevação chegou a 3,96 mm/ano, enquanto a medida mundial ficou em 3,42mm — que, por sua vez, também é considerada alta.

 

Até mesmo parte do oceano está mudando de cor. Depois de analisar imagens de satélite, cientistas dos Estados Unidos e Reino Unido concluíram que a imensidão azul está ficando cada vez mais esverdeados.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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