Reviravolta: camadas de gelo voltam a crescer na Antártica
Segundo estudo, estruturas cresceram de maneira anormal, embora recuperação não seja definitiva


Uma reviravolta que daria inveja ao filme mais clichê aconteceu na Antártica. Depois de décadas derretendo, as camadas de gelo do extremo sul do planeta voltaram a crescer, segundo estudo publicado recentemente na revista científica Science China Earth Sciences. O resultado, porém, não é definitivo e está envolvido a um fenômeno natural.
Terra perdeu 273 bilhões de toneladas de gelo por ano
De São Paulo a Pernambuco: tartaruga-verde registrada pelo Tamar reaparece após 24 anos
Inscreva-se no Canal Náutica no YouTube
Por meio de satélites que monitoram o campo gravitacional da Terra, foi possível identificar alterações na distribuição da massa. De acordo com a pesquisa, houve um ganho significativo na camada de gelo da Antártica (AIS, na sigla inglês) entre 2021 e 2023.


Ao contrário da década de 2011 a 2020 — onde a camada da Antártica perdeu, em média, 142 gigatoneladas de gelo por ano –, no triênio seguinte o jogo virou: um ganho anual de aproximadamente 108 gigatoneladas. Segundo o estudo, o impulsionamento ocorreu por um aumento anormal na precipitação regional.
Logo, esse ganho compensou, mesmo que temporariamente, o aumento do nível global do mar em cerca de 0,3 milímetro por ano.
Pode comemorar, mas…
Num efeito dominó, as bacias das regiões de Wiles Land e Queen Mary Land se beneficiaram desse “milagre”. Inclusive, quatro grandes bacias glaciais, antes listadas entre as mais vulneráveis ao colapso, mostraram sinais de recuperação parcial: Totten, Denman, Moscou e Baía de Vincennes.


No caso, todas as bacias da Antártica vinham sofrendo com o aquecimento da superfície e o escoamento acelerado de gelo para o oceano.
Mas vale um aviso — e um momento estraga-prazeres: mesmo que animadora, a recente “virada de jogo” das camadas de gelo é atribuída a padrões climáticos naturais. Não houve nenhuma reversão definitiva.


Inclusive, há um alerta na comunidade científica de que o “milagre”, na verdade, seja apenas um fenômeno de pausa momentânea. Afinal, este novo ciclo de crescimento mostra quanto as regiões polares são sensíveis às mudanças climáticas, reforçando a importância de um acompanhamento contínuo.
A Antártica é uma das principais fontes de aumento do nível do mar e sua estabilidade depende de fatores globais complexos. Além disso, a região abriga mais de metade da água doce do planeta e tem sido uma das principais responsáveis pela elevação do nível do mar nas últimas décadas — junto à Groenlândia e ao fenômeno das expansões térmicas nos oceanos.


Caso a recuperação seja mantida, poderá influenciar nas projeções futuras — mas não é o caso. De momento, apenas ações climáticas mais amplas e consistentes a nível global podem garantir que a reviravolta seja definitiva. Enquanto isso não acontece, vale comemorar essa pequena vitória parcial.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
Náutica Responde
Faça uma pergunta para a Náutica
Relacionadas
Estudo revela mudança de comportamento por redução de peixes limpadores em estações de limpeza do oceano
Representante da fabricante canadense BRP é presença confirmada no evento que acontece de 3 a 6 de julho
Durante a Idade do Bronze, povo enigmático povoou a Bacia do Tarim, na China, e se destacava pelas práticas funerárias. Conheça
Empresa é especializada em produtos náuticos tecnológicos e traz ao Brasil marcas consagradas no exterior. Salão acontece de 3 a 6 de julho
Nas águas geladas da Antártica, saga em parceria com a Yanmar passa por contaminação no diesel, cratera vulcânica e mudança de rota