Apenas um sobrevivente: destroços de naufrágio de 132 anos são encontrados

Barco pertencia a magnata e era considerado seguro à época. Embarcação se partiu ao meio no ano de 1892

25/03/2025
Western Reserve. Foto: GLSHS/ Divulgação

De 28 passageiros, sobrou só um para contar a história! Assim pode ser resumida a trajetória do navio Western Reserve, que afundou em 1892, enquanto navegava sentido ao Lago Superior, nos Estados Unidos. Somente após 132 anos do naufrágio, os destroços da embarcação foram  finalmente encontrados.

O mistério acabou graças aos pesquisadores da Great Lakes Shipwreck Historical Society (GLSHS, na sigla em inglês). Eles encontraram os destroços do naufrágio de 132 anos no Lago Superior, a 96 km da costa, no estado de Michigan.

Western Reserve. Foto: GLSHS/ Divulgação

O navio foi encontrado depois de operações de busca que se estenderam por mais de dois anos. De acordo com os responsáveis pela descoberta, algumas partes do barco estão em bom estado, como o sino (praticamente intacto) e a pintura original.

 

Além disso, uma luz de navegação encontrada no naufrágio de 132 anos serviu como indicação de que o navio realmente se tratava do Western Reserve — afinal, o único item recuperado deste desastre até então tinha sido justamente este. Os objetos estão em exibição no Museu Nacional dos Grandes Lagos, em Ohio.

Luz de navegação, no National Museum of Great Lakes, em Toledo, Estados Unidos. Foto: Instagram @nmgltoledo/ Reprodução

Para localizar os restos do barco, a equipe de pesquisa usou um sonar de varredura lateral, capaz de detectar e obter imagens de objetos no fundo do mar. Um veículo operado remotamente (ROV) também foi usado na operação e foi crucial para revelar a existência de um navio partindo em dois.

Cada metade calculada com a varredura lateral tinha 45 metros de comprimento. Então medimos a largura e estava certo. Havíamos encontrado o Western Reserve– Darryl Ertel, diretor de Operações Marítimas e presente na missão

O naufrágio de 132 anos

Não se tratava de qualquer navio, principalmente para a época. Ele foi um dos primeiros barcos feitos totalmente de aço a navegar nos Grandes Lagos e foi construído para quebrar recordes de transporte de carga.

 

Assim como o Titanic, o Western Reserve foi considerado um dos navios mais seguros daquele tempo.

Destroços do naufrágio. Foto: GLSHS/ Divulgação

O navio tinha quase 100 metros de comprimento e pertencia ao milionário Capitão Peter G. Minch, um magnata da navegação altamente respeitado.

 

Sob o comando do Capitão Albert Myer, o navio levava a bordo boa parte da jovem família de Minch. A programação era fazer um cruzeiro pelo Lago Huron, a caminho de Two Harbors, em Minnesota.

 

Quando estavam na Baía Whitefish, o mau tempo levou a tripulação a lançar âncora, para aguardar o tempo melhorar. Porém, quando zarparam para o Lago Superior, um vendaval atingiu o navio. Por volta das 21h, em 30 de agosto de 1892, o barco partiu ao meio e começou a afundar.

Os dois botes salva-vidas do navio foram lançados, mas um virou quase que imediatamente e os tripulantes desapareceram. Os ocupantes que sobraram conseguiram recuperar apenas duas pessoas, que ficaram no mesmo bote com a família Minch.

 

As horas seguintes foram de sofrimento, com vendaval e escuridão de 10 horas. Um navio a vapor chegou a passar por eles durante a noite e, apesar de gritarem por meia hora, não conseguiram socorro. Na manhã seguinte, a uma milha de distância da costa, a oeste da Estação de Salvamento de Deer Parl, o bote virou.

Destroços do naufrágio. Foto: GLSHS/ Divulgação

O único que sobreviveu a todos os percalços foi o timoneiro Wheelsman Harry W. Stewart. No momento do naufrágio, Stewart havia pulado uma rachadura de 90 cm no cargueiro para chegar à popa, onde os botes salva-vidas estavam.

 

Ele foi um dos dois tripulantes que subiram no bote da família Minch, após o primeiro bote virar. Família e tripulantes passaram a tentar esvaziar, com seus chapéus, a estrutura que aos poucos se enchia de água.

Cemitério de embarcações

Na época, os jornais condenaram o navio por sua construção de aço tão quebradiça e julgavam que o barco, considerado de última geração à época, deveria ter sido capaz de suportar o clima e as ondas. Inclusive, seu “irmão”, o barco WH Glicher, também afundou dois meses depois.

Sino praticamente intacto ao naufrágio. Foto: GLSHS/ Divulgação

De acordo com a GLSHS, o Lago Superior já era conhecido pelo perigo iminente, com pelo menos 200 navios afundados na Baía de Whitefish. Ele é o maior dos Grandes Lagos — o grupo de cinco lagos localizados entre Estados Unidos e Canadá.

Isso só reforça o quão perigosos os Grandes Lagos podem ser… em qualquer época do ano– Bruce Lynn, diretor-executivo da GLSHS

Segundo o Great Lakes Comission, o Lago Superior tem a maior área de superfície entre os lagos de água doce do mundo, além de ser o mais frio e profundo dentre os Grandes Lagos. A bacia do lago abrange os estados de Michigan, Minnesota, Wisconsin e Ontário.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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