Estudo aponta que aumento na força das ondas está ligado ao aquecimento global

Mudanças climáticas mudam também o comportamento dos mares; entenda

13/11/2023

Recentemente, ondas gigantes de 3,5 metros de altura tomaram conta das orlas das praias do Rio de Janeiro. Imagens que viralizaram na internet mostram a água atingindo banhistas, ultrapassando os calçadões e chegando até mesmo às avenidas. Mas o que tem deixado o mar tão revolto?

No caso do Rio de Janeiro, as ondas fortes se formaram por conta de uma ressaca provocada por um ciclone no mar. Mas o problema vai muito além disso e, cada vez mais, tem deixado de ser pontual e se tornado constante.

Naturalmente, os oceanos sobem e descem, exercendo força no fundo do mar e gerando as chamadas ondas sísmicas, que reverberam pelo mundo inteiro. Contudo, as mudanças climáticas têm deixado esse movimento cada vez mais intenso — e os cientistas estão acompanhando essa movimentação.

Aquecimento global tem aumentado a força das ondas

Em décadas de estudo, pesquisadores têm observado o aumento da força das ondas sísmicas ao redor do globo, com o apoio de estudos sísmicos oceânicos, de satélite e regionais. As pesquisas mostram que o aumento das temperaturas globais e das tempestades que elas trazem podem ser a causa principal das ondas gigantes.

 

Um dos principais aliados dessa descoberta são os sismógrafos, aparelhos hipersensíveis, capazes de detectar os movimentos do solo — incluindo os gerados pelas ondas sísmicas.

 

Para entender como houve uma identificação da força das ondas, vale saber sobre como elas funcionam. Existem dois tipos de sinais microssísmicos gerados pelas ondas oceânicas: o microssismo primário e o microssismo secundário.

No primeiro deles, as ondas do oceano empurram e puxam diretamente o fundo do mar. Ele se manifesta como um zumbido constante em períodos entre 14 e 20 segundos, — principalmente nas regiões em que a profundidade da água é inferior a aproximadamente 300 metros.

 

Já o segundo, mais enérgico, pulsa em períodos entre oito e 14 segundos e é resultado da interferência de ondas que viajam em diversas direções, criando variações de pressão no fundo do mar.

 

Partindo desse princípio, um estudo analisou dados de intensidade do microssismo primário do final da década de 1980, em 52 locais sismógrafos no mundo inteiro. Os estudiosos observaram que 79% das estações registraram aumentos significativos na energia ao longo dos anos, indicando que a energia das ondas oceânicas médias globais tem aumentado desde o final do século 20, com média anual de 0,27%.


Mas não parou por aí. Ainda segundo o estudo, desde os anos 2000, a média anual bateu os 0,35% — sendo que o Oceano Antártico apresenta a maior energia de microssismo. O Atlântico Norte, por sua vez, registrou a intensificação recente mais significativa —  considerada uma tendência com o aumento da intensidade das tempestades e dos perigos costeiros.

 

O histórico de várias décadas de microssismos não apenas evidencia o crescimento da energia das ondas no oceano, mas também ressalta as variações sazonais das tempestades de inverno entre os hemisférios norte e sul.

 

Além disso, esse registro documenta a influência das mudanças no gelo marinho da Antártida, os impactos do El Niño (fenômeno de aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico) e La Niña (fênomeno que corresponde ao resfriamento anormal das águas do Pacífico), bem como suas repercussões de longo alcance nas ondas e tempestades oceânicas.

 

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