Drone registra baleias narvais usando “chifre” para brincar
O dente comprido do animal, que intriga pesquisadores, chega a 3 metros e possui mais de 10 milhões de terminações nervosas


Quando se pensa em um unicórnio, o que vem à mente é um tipo de cavalo branquinho, com o tradicional chifre na testa. Contudo, a espécie que mais se aproxima deste ideal vive nas águas, mais precisamente, nas geladas do Ártico. Estamos falando das baleias narvais (Monodon monoceros), que há mais de 1 milhão de anos habitam a Terra e intrigam pesquisadores.
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Imagens registradas via drone flagraram esses “unicórnios do mar” brincando com o que mais chama atenção em sua aparência: o chifre. Na verdade, trata-se de um dente, com mais de 10 milhões de terminações nervosas e que chega a medir 3 metros de comprimento.
A presa, quase do tamanho do próprio animal — que chega a até 5 metros — , pode ser uma grande aliada dessas baleias não só para a caça, mas também para investigar, manipular e até seduzir os animais ao seu redor, conforme revelou um estudo publicado na Frontiers in Marine Science.
A caça das baleias narvais
Diferentemente do que se espera de um unicórnio, as baleias narvais não são nada dóceis. Quando a espécie resolve usar sua força física, a “chifrada” pode até matar. Esse recurso, contudo, não é o único usado pela baleia para exibir o potencial de seu dente gigante.


“Os narvais já eram conhecidos por seu comportamento de ‘presa’, em que dois ou mais deles simultaneamente levantam suas presas quase verticalmente para fora da água, cruzando-as”, explica Greg O’Corry-Crowe, autor da pesquisa.
Esse pode ser um comportamento ritualístico para avaliar as qualidades de um oponente em potencial ou para exibir essas qualidades para os pretendentes– explicou o autor
A ponta do “chifre” ainda é usada para interrogar e manipular as vítimas, como em um caso registrado pelos pesquisadores. Na ocasião, as baleias narvais cercaram um salmão ártico (Salvelinus alpinus) e atordoaram o peixe com as presas.
“Algumas das interações que vimos pareciam competitivas por natureza, com uma baleia bloqueando ou tentando bloquear o acesso de outra baleia ao mesmo peixe-alvo, enquanto outras podem ter sido mais sutis, possivelmente comunicativas e até mesmo afiliativas. Nenhuma parecia abertamente agressiva”, destaca O’Corry-Crowe.
Além disso, o estudo apontou que as presas dos narvais também são usadas para forrageamento (ação de procurar e explorar recursos alimentares), exploração e brincadeira.
Novas descobertas sobre as baleias narvais
Além de revelar novas funções para as presas desses mamíferos, a pesquisa evidenciou os primeiros relatos de interações entre narvais, peixes e pássaros. Com as gaivotas, por exemplo, há tentativas de cleptoparasitismo — quando um animal tenta roubar a comida do outro.


Para entender ainda mais o modo de viver dessas baleias, estudos de campo têm empregado ferramentas não invasivas para pesquisa, como drones.
“Os drones fornecem uma visão única e em tempo real de seu comportamento, ajudando cientistas a reunir dados cruciais sobre como os narvais estão respondendo a mudanças nos padrões de gelo, disponibilidade de presas e outras mudanças ambientais”, conclui O’Corry-Crowe.
A título de curiosidade, vale destacar que pesquisadores da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, sequenciaram o genoma de narvais que vivem no oeste da Groenlândia. Eles descobriram que há pouca diversidade genética entre esses animais.
“Isso é surpreendente porque uma alta variabilidade genética está associada a maiores chances de sobrevivência da espécie”, comentou Eline Lorenzen, principal autora do estudo. Com pouca variação no DNA, faria mais sentido que os narvais tivessem sido extintos, e não que habitassem o planeta há 1 milhão de anos.
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