Teste Schaefer V44: uma lancha pronta para conquistar o mundo

Walk around cabinada de luxo chega recheada de tecnologia e empolga pela performance esportiva

Por: Redação -
08/10/2024
Foto: Ito Cornelsen

Estaleiro brasileiro com presença global (ou “global player”, nome para uma empresa que participa da competição internacional e ocupa uma posição de destaque em tecnologia, qualidade e inovação), a catarinense Schaefer Yachts impressiona tanto pelos números quanto pela qualidade de sua construção, evidente na Schaefer V44, modelo testado por NÁUTICA em Florianópolis, Santa Catarina.

São mais de 30 anos de atividades, três unidades de produção distribuídas pela Grande Florianópolis, cerca de 700 funcionários diretos e aproximadamente 4 mil lanchas construídas, sendo boa parte delas exportadas para cerca de 30 países.

Estande da Schaefer Yachts durante o São Paulo Boat Show 2024. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Líder brasileira na tecnologia de laminação por infusão e único fabricante com uma máquina fresadora de cinco eixos para fazer moldes de barcos de até 75 pés em uma peça única, a Schaefer Yachts, empresa comandada por Marcio Luz Schaefer, tem equipe de própria de projetistas.

 

A lista dos profissionais inclui o seu filho mais velho, Marcio Schaefer (o Marcinho). Ele estreou na função com a criação da linha V, que teve como primeira embarcação projetada a Schaefer V33 — lancha brasileira mais vendida dos Estados Unidos.

Schaefer V33. Foto: Revista Náutica

O modelo fez tanto sucesso que já ganhou uma sucessora: a V44 — testada por NÁUTICA nos dois dias seguintes à cerimônia de lançamento para a imprensa e convidados na sede da Schaefer Yachts, no famoso prédio de vidro espelhado na cabeceira da Ponte Hercílio Luz, cartão-postal de Florianópolis (a apresentação ao público ficou reservada para o Rio Boat Show 2024).

 

 

Esses dois dias de testes nas águas da Baía de Florianópolis confirmam o que já sabíamos desde que navegamos na V33: que Marcinho herdou do pai o talento como designer.

A Schaefer V44

Projetada especialmente para o mercado americano — que atualmente recebe cerca de um terço da produção da Schaefer Yachts —, cujos usuários apreciam lanchas de passeio estilo retrô, com proa reta, console de pilotagem central e motores de popa, a V44 segue a trajetória de sucesso de sua antecessora, a V33, lançada em 2020.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

E, assim como sua irmã mais nova, já faz sucesso também no Brasil, seja com motores de popa ou de centro-rabeta, já que é versátil na motorização.

 

Com 13,61 m de comprimento (44,8 pés) e 4,17 m de boca, essa walk around nasceu com os avanços da indústria náutica de ponta no mundo, começando pela tripla motorização de popa de 400 hp cada, que pode chegar a uma trinca de 600 hp cada!

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Além dessa cavalaria impressionante, prenúncio de emoções fortes na hora de acelerar (vamos ver adiante), a V44 oferece recursos extras também para as horas em que o barco fica parado, como por exemplo, a possibilidade do rebatimento de parte das amuradas na popa com a criação de duas varandas laterais (beach clubs ou open decks), que aumentam a largura do cockpit em 1,35 m.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Com isso, a boca máxima do barco salta para 5,52 metros, resultando em mais espaços tanto para a circulação como para a colocação de itens adicionais de conforto, como cadeiras de sol. A ideia é garantir um dia perfeito na água, seja um passeio em família, a prática de esportes aquáticos ou uma pescaria.

Foto: Ito Cornelsen

Para quem volta da água depois de um mergulho, a V44 tem, a bombordo, uma generosa escada de popa de aço inox com quatro degraus e duas hastes na vertical, que servem de pegadores para subir a bordo, um arranjo raro de se encontrar em barcos, mas bem prático e apropriado. Próximo a essa escada há um chuveiro de acabamento caprichado, com água quente e fria.

Foto: Ito Cornelsen

No cockpit o projetista instalou dois sofás (um voltado para a popa e outro para frente), que acomodam bem até seis pessoas, e uma mesa de centro entre eles.

 

O pulo-do-gato para tirar o máximo proveito dessa área está no mecanismo do sofá de ré, cujo encosto (basculante) pode ser deslocado para frente, dando origem a um enorme solário de popa com apoio para as costas e porta-copos ao lado, uma amostra do conforto e da funcionalidade que se pode encontrar no cockpit da V44.

Foto: Ito Cornelsen

Há ainda outro solário na proa, também com encostos de cabeças e porta-copos ao lado. Lugares perfeitos para curtir o passeio ou se entregar à leitura de um livro.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica
Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A planta simples e organizada do convés facilita muito a movimentação a bordo. Porém, na unidade testada por NÁUTICA, faltavam pega-mãos, além de degraus para o desembarque. Alguns pegadores a mais — posicionados em pontos estratégicos, próximos da área de comando — facilitariam a vida a bordo, especialmente nos deslocamentos em direção à proa, em dias de mar mais agitado.

Foto: Ito Cornelsen

Seriam bem-vindos também alguns degraus (plataformas) para o desembarque pelas laterais, junto ao posto de comando. Segundo o estaleiro, as demais unidades dessa série já contam com esses itens de segurança.

 

Embaixo do solário de popa há um grande paiol, muito útil para guardar os vários pertences de bordo. Espaço para armazenamento também não falta sob os assentos dos dois sofás.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Até mesmo nos dois open-decks o projetista conseguiu incorporar paióis para guardar tanto o obrigatório de material de salvatagem, como aqueles variados itens que se costuma levar a bordo, como equipamento de mergulho, cabos para amarração, âncora de reserva, defensas, material de limpeza e as tralhas de pesca, entre outros.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Chama atenção o nível de acabamento e a escolha dos materiais empregados no revestimento do convés. A mesa de centro com abas dobráveis, por exemplo, é de madeira teca.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Atrás do posto central de pilotagem está posicionado o grande móvel gourmet, equipado na parte superior com grill elétrico (com dispositivo de corte automático da energia caso a tampa da churrasqueira seja fechada acidentalmente), caixa térmica, cuba, além da indispensável lixeira na lateral a boreste.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Na parte vertical do móvel gourmet fica uma geladeira elétrica, além de um armário e de uma máquina de gelo (icemaker), item opcional. Acima, como item de série, há uma a tv de 43 polegadas, que fica embutida no teto solar, de acionamento elétrico. Tudo bem construído e prático no manuseio.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Assim como a V33, a Schaefer V44 tem comando central — e este é um dos grandes trunfos dessa walk around de luxo. Porém, o timão fica deslocado para boreste.

 

O painel é muito espaçoso, comportando com folga dois monitores de LCD de 16 polegadas cada. Normalmente, num barco desse porte, cabem no máximo monitores de 9 ou 12 polegadas —lembrando que é sempre bom ter duas telas, caso uma deixe de funcionar.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Além dos instrumentos de navegação, há lugar para mais um monitor (este, menor) para acompanhar o funcionamento dos motores (o que não é o caso desse barco, que mantém esses dados disponíveis nas telas grandes de navegação).

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

E ainda sobra espaço para a instalação de alguns equipamentos opcionais, como por exemplo o sistema de flaps automáticos da Zipwake (usado em parte deste teste), que ajusta automaticamente tanto a inclinação longitudinal (trim) como a inclinação transversal (banda) da lancha.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Outros opcionais instalados na parte vertical do painel da V44 são o controle do som Fusion e duas saídas de ar-condicionado. Já na parte horizontal ficam os manetes dos aceleradores, o joystick para o controle total das manobras em marcha lenta e os botões de comando das funções elétricas, como luzes, buzinas, bombas de porão, guincho da âncora e outros itens relativos à navegação.


O rádio VHF, posicionado na parte inferior do painel, é fácil de alcançar, permitindo que o piloto não faça muita ginástica para visualizar o canal. Também não há críticas em relação à posição do timão e dos manetes.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Tanto o teto solar amplo (o que aumenta a sensação de conforto e liberdade) como os refinados assentos basculantes e os bancos do piloto e do carona merecem destaque. Outro ponto alto é o para-brisa de vidro, que vai até o teto e proporciona excelente proteção para quem está no posto de comando.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Porém, os passageiros posicionados atrás do móvel gourmet não contam com essa proteção, motivo pelo qual não se aconselha lotar o cockpit da V44 (homologada para 14 pessoas) nos dias mais frios e chuvosos.

 

Também é preciso tomar cuidado com o trânsito de crianças pequenas, uma vez que o cockpit fica totalmente aberto quando as laterais do costado estão abaixadas. Por outro lado, em dias quentes a gurizada pode se divertir muito pulando na água de qualquer lugar na popa, usando inclusive os open-decks como trampolins.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Além disso, com os beach clubs fechados, há duas portinholas na passagem entre o cockpit e a plataforma de popa, uma em cada bordo, para segurança das crianças.

 

Chegar na proa da V 44 é muito fácil, por conta do comando central, com passagens largas por boreste e bombordo. Além disso, as laterais internas do casco são acolchoadas. E ainda há os pegadores laterais de inox nos dois bordos. Para quem gosta de praticar a pesca esportiva, porta-varas são itens de série nas duas amuradas.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica
Foto: Victor Santos / Revista Náutica

No bico de proa, a curiosidade fica por conta de um sistema que permite embutir a âncora, do tipo Bruce, no paiol do ferro. Um braço metálico viabiliza este recurso, mas o estaleiro optou por deixar parte do processo no modo manual, o que significa que é necessário dar um empurrãozinho neste braço para o âncora descer, antes de soltar a corrente.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Cunhos de embutir de 20 cm cada (dois na proa, dois à meia-nau e dois na popa) estão bem dimensionados para o porte desta lancha. No entanto, precisam receber borrifos de silicone de vez em quando, para facilitar o manuseio de subir e descer.

 

Apesar de privilegiar as áreas externas, essa lancha de console central com acabamento refinado tem uma cabine com pernoite para quatro pessoas, com conforto. Afinal, não há aperto no interior da V44, cujo pé-direito passa dos dois metros tanto na entrada da cabine como no bom banheiro, com box fechado, a boreste.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Além do chamado espaço gourmet no cockpit, a V44 conta com uma cozinha completa a bombordo da cabine, com fogão elétrico de duas bocas, forno de micro-ondas, geladeira e pia com cuba profunda.

Os eletrodomésticos são de excelente qualidade. Uma cozinha como essa é muito bem-vinda, especialmente em dias de temperatura mais amena ou quando se tem uma família numerosa a bordo, seja para esquentar a comida, fazer um lanche ou preparar uma pequena refeição. E sem a preocupação de encontrar os utensílios espalhados pelo chão da cabine.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Porém, na unidade testada por NÁUTICA, não havia ainda um suporte no fogão para impedir que as panelas saíssem do lugar.

 

A entrada na cabine é feita por uma escada de três degraus bem largos. Mas falta um pegador auxiliar. Na proa, há o clássico sofá em V conversível em uma cama de casal, nesse caso protegida por uma cortina e servida por armários.

Foto: Ito Cornelsen

À meia-nau, debaixo do cockpit, fica o segundo camarote aberto, com duas boas camas de solteiro. Neste caso, como de costume, o pé-direito sobre as camas é baixo, o que já não ocorre no espaço lateral. Uma cortina também dá certa privacidade a este ambiente.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Tanto a iluminação quanto a ventilação natural são dois pontos fortes da cabine da V44, que conta com vigias nos dois bordos, além de uma escotilha na frente do solário, que permite a entrada de ar fresco direto no camarote de proa.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica
Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Chama atenção ainda o uso abundante de materiais nobres, como aço inox e couro verdadeiro (de primeira) nos acabamentos. Em resumo, essa cabine representa um convite e tanto para o uso do barco em pequenos cruzeiros de fim de semana.

 

Embora esteja equipada com os motores de popa, a V44 conta com uma sala de máquinas, onde estão instalados o gerador, o sistema de água pressurizada quente e fria, os tanques de combustível, de água e de esgoto, o carregador de bateria e parte do sistema de ar-condicionado.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A montagem criteriosa dos equipamentos, bem como o uso de fiação elétrica certificada internacionalmente para uso náutico, da Ocean Brazil, são uma garantia de muitos anos sem se preocupar com a manutenção na parte crucial de toda lancha.

Navegação da Schaefer V44

Se exibe qualidades acima da média para uma lancha desse tipo — visual irresistível, ótimo espaço de convivência no cockpit, cabine de primeira, posto de comando excelente —, o que será que a Schaefer V44 entrega na hora de navegar?

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A expectativa não poderia ser melhor, já que se trata de um casco projetado pelos mesmos responsáveis pela V33. Foi concebido para ser rápido, equilibrado e preciso na navegação. No caso da V44, ficou melhor ainda do que a encomenda.

 

Navegador, macio no embate com as vagas, o casco dessa 44 pés forma um belo casamento com os três motores de popa de 400 hp cada. É impressionante o equilíbrio do leme, poderoso e leve ao mesmo tempo. A gente manobra com muita facilidade.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A velocidade máxima foi de 44,2 nós (82 km/h) na média de várias passagens contra e a favor da correnteza e dos ventos nas condições atmosféricas presentes no dia do teste, na baía de Florianópolis.

 

Na aceleração, precisou de apenas 6,6 segundos para ir do zero até os 20 nós (37 km/h), outra marca notável, comparável à de uma pequena lancha com motor de popa que costuma dar um salto na arrancada. A bordo estavam quatro adultos, os taques de combustível carregavam 60% do volume e o de água, 100%.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Com os tanques cheios (1.650 litros) — em condições de mar calmo e ventos com intensidade abaixo de 6 nós — pode-se navegar até 223 milhas a 24,9 nós (46 km/h), uma autonomia muito boa para o propósito dessa lancha, lembrando que a distância entre Santos e Rio de Janeiro é de 200 milhas.

 

Se não houver preocupação com o consumo, pode-se navegar a 38 nós (70 km/h) sem forçar os motores. Porém, raramente isso é possível navegando pelo mar.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Para quem deseja maior autonomia, o estaleiro oferece a V44 com motores de centro-rabeta, em duas versões diesel: com dois Volvo D6 de 440 hp cada; e com o sistema IPS 650 (dois D6 de 480 hp cada).

 

Para quem exige ainda mais performance, o estaleiro oferece a versão popa com três motores Mercury de 600 hp cada (1800 hp!), capazes de levar a V44, de acordo com nossa estimativa, à casa dos 55 nós (ou 102 km/h!), deixando seus ocupantes com a sensação de estarem voando no mar. Em águas marítimas brasileiras, pouquíssimas lanchas conseguem chegar perto disso.

 

Como principais opcionais, vale destacar: essa lancha de estilo retrô já vem preparada de fábrica para a instalação de estabilizador de movimento, equipamento que aumenta o conforto com o barco parado, diminuindo um bocado o movimento provocado pelas marolas.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Enfim, a Schaefer V44 é uma lancha com um casco construído para durar (já nasce forte no berço, independentemente da potência dos motores que irá empurrar) e que oferece um desempenho empolgante.

 

É uma grande pedida para quem deseja ir e voltar rapidamente para qualquer lugar da costa brasileira (ou norte-americana) ou que procura (muita) diversão em passeios diurnos, em dias de sol quente e ventos amenos.

Saiba tudo sobre a Schaefer V44

  • Comprimento máximo: 13,61 m (44,8 pés)
  • Boca: 4,17 m (5,52 m laterais abertas)
  • Calado com propulsão: 1,06 m
  • Ângulo do V na popa: 20 graus
  • Borda-livre proa: 1,44 m
  • Borda-livre popa: 1,39 m
  • Peso com motores: 8.700 kg
  • Combustível: 1650 litros
  • Água: 275 litros
  • Capacidade (dia): 14 pessoas
  • Capacidade (noite): 4 pessoas

Desempenho com dois motores de popa 400 hp cada

 

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