Veleiro Atrevida celebra 100 anos; conheça a reviravolta na história do barco

Embarcação já foi ícone de regatas, depois abandonada até ser vendida como sucata e ganhou nova vida após restauração

22/05/2023
Fotos: MCP Yachts / Divulgação

O veleiro Atrevida guarda uma história pra lá de interessante, já que ele renasceu ao longo de sua história. Nataniel Herreshoff — um dos arquitetos navais mais famosos do final do século 19 — foi quem concebeu o barco, em 1923. Neste ano, portanto, o mundo náutico celebra o centenário do Atrevida.

Apontado como ícone na disputa de regatas, o veleiro Atrevida foi, literalmente, do luxo ao lixo. Para a sorte dos amantes de barcos, ele passou por uma restauração completa, que fez o veleiro voltar à sua melhor forma.

Conheça a história do veleiro Atrevida

Construído no Estaleiro Herreshoff, em Bristol, nos Estados Unidos, o veleiro de 95 pés foi batizado inicialmente de Wildfire. O barco fez sucesso nas regatas da Nova Inglaterra na década de 1920 e foi a primeira Schooner com a vela grande Marconi.


Em 1946, o barco deixou os Estados Unidos com destino ao Iate Clube do Rio de Janeiro, sob comando do comodoro Jorge Bhering de Mattos. Foi Jorge quem, ao comprar a embarcação, rebatizou-a como Atrevida.

Há relatos de que, nessa época, o veleiro Atrevida recebeu visitas ilustres — inclusive rainhas, reis, presidentes e artistas internacionais. Ainda no Rio de Janeiro, o barco navegou sob o comando das famílias Fontoura e Mourandrade.

 

Porém, anos mais tarde, já nas mãos de um grupo empresarial estrangeiro, o Atrevida quase afundou na Baía de Guanabara. Logo após, foi abandonado no seco, no pátio de um estaleiro em Niterói, levando o barco histórico a um estado deplorável.

 

O antigo e imponente veleiro foi, então, vendido como sucata.

A volta por cima do veleiro Atrevida

O que parecia o triste fim de uma embarcação histórica foi, na verdade, o ponto de partida para uma reviravolta na saga do veleiro Atrevida.

 

A ideia de resgatar a embarcação até então esquecida surgiu em 2004, após o Atrevida ser apresentado por Auro Mourandrade e Manoel Chaves (do estaleiro MCP Yachts) a Gilberto Miranda.

O barco teve os furos do casco fechados antes de ser lançado na água, para ser rebocado por um barco pesqueiro até Santos. No litoral paulista, o Atrevida foi novamente colocado no seco, no estaleiro MCP Yachts.

 

Em contato com o Museu Herreshoff e o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), o estaleiro conseguiu os planos originais do Atrevida em Bristol, local de sua origem.

Uma equipe de profissionais então embarcou na obra — que durou mais de um ano. A restauração foi feita de forma minuciosa, tanto no exterior quanto no interior do barco, para trazer o Atrevida de volta ao projeto original.

 

Em julho de 2005, 14 meses após o início da reforma, aconteceu o lançamento do veleiro Atrevida, marcando o seu renascimento. Desde então, ele tem navegado pelas águas do Caribe e da América do Sul, mostrando toda sua beleza — que vem acompanhada de um ótimo desempenho.

Participando de eventos náuticos e regatas, o Atrevida exibe elegância atemporal e cativa os amantes do universo náutico. Agora, nas mãos de Alexandre e Daniella Ferrari, o barco tem como comandante o experiente capitão Átila Bohm.

Atrevida na 50ª edição da Semana Internacional de Vela de Ilhabela

Oriundo do Yacht Club Ilhabela, o Atrevida já está inscrito para a especial 50ª edição da SIVI (Semana Internacional de Vela de Ilhabela), e vai competir na classe clássico. Este ano, a maior regata da América do Sul acontece de 23 a 30 de julho.

Foto: Aline Bassi / Balaio de Ideias / Reprodução

Para a celebração dos 100 anos do veleiro, nesta edição, a competição terá a tradicional regata Alcatrazes por Boreste – 100 anos Veleiro Atrevida – Marinha do Brasil. A travessia de mais de 50 milhas náuticas contorna a icônica ilha do litoral norte paulista.

Foto: Aline Bassi / Balaio de Ideias / Reprodução

Vale ressaltar que a SIVI é considerada o maior encontro da modalidade na América Latina, sendo uma competição tradicional, que acontece desde os anos 1970. Nesse tempo, o evento já atraiu inúmeros velejadores de renome mundial, entre eles campeões olímpicos, mundiais e pan-americanos, além de formar a nova geração do esporte.

 

 

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Confira um compilado com os mais de 60 barcos que estarão nas águas do Rio Boat Show 2024

    Iate, veleiros, catamarãs, lanchas e botes estarão atracados na Baía de Guanabara, de 28 de abril a 5 de maio

    Porsche exibe carros esportivos de luxo no Rio Boat Show 2024, incluindo sedã híbrido

    Com dois modelos, especialista em carros de luxo terá estande no famoso Espaço dos Desejos

    NÁUTICA Talks: em clima de Olimpíadas, CBVela explica sucesso do Brasil na vela

    Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da CBVela, e Luiz Guilherme, head de marketing da confederação, falarão sobre o tema no Rio Boat Show

    No NÁUTICA Talks, Guilherme Guimarães conta porque ilha no Caribe tornou-se o paraíso dos brasileiros

    Recifense que mora no local há mais de 20 anos vai contar tudo que quem pretende ir à ilha precisa saber; palestra acontece dentro do Rio Boat Show 2024

    No NÁUTICA Talks, Yuri Benites descortina turismo náutico no Lago de Itaipu

    Diretor de Turismo na Fundação PTI integra agenda de palestras durante o Rio Boat Show 2024