Vulcões submarinos criaram rombo em corrente que protege Antártica; entenda

Barreira comprometida leva água quente ao continente gelado, causando derretimento e aumento do nível do mar

14/01/2024

Um grupo de cientistas encontrou uma cadeia de vulcões submarinos posicionados diretamente no caminho da corrente oceânica mais forte da Terra, a Corrente Circumpolar Antártica. Isso pode ter criado uma espécie de rombo no sistema responsável por ajudar a manter o estado congelado da Antártica — pelo menos até agora.

A Corrente Circumpolar Antártica — ou CCA — é um sistema de correntes que corre no sentido horário ao redor do Polo Sul e acaba funcionando como uma barreira de calor na água. No entanto, pesquisadores australianos identificaram uma região onde essa proteção estaria comprometida, permitindo que a água quente das regiões subtropicais cheguem ao continente gelado.

 

Ocupando uma área de 20 mil km² entre a Tasmânia e a Antártica, a cordilheira submarina reúne oito vulcões adormecidos — quatro deles descobertos só agora. As montanhas alcançam alturas de até 1.500 m acima do fundo do mar.

Foto: FOCUS/ CSIRO/ Divulgação

Benoit Legresy, cientista-chefe da expedição de mapeamento na Universidade da Tasmânia, explicou que a região atua como um portal de calor direcionado para a Antártica. Assim, contribui com o derretimento do gelo e elevações dos níveis do mar.

 

Vale ressaltar que esse “rombo” na CCA, de acordo com comunicado feito pelos pesquisadores, não é exatamente uma novidade. Porém, os últimos mapas feitos pela equipe ajudam a prever como essa abertura vai evoluir em resposta às mudanças climáticas e ao aquecimento do oceano.


Quebrando barreiras

Para realizar o mapeamento desses vulcões submarinos foram usados o navio de pesquisa australiano “Investigator” e o satélite SWOT (Surface Water and Ocean Topography, ou, em português, Águas Superficiais e Topografia Oceânica), da NASA — capaz de medir a altura da superfície do oceano a partir do espaço.

 

Os pesquisadores revelaram uma cadeia de montanhas submarinas no oeste da Ilha Macquarie e próxima à (tectonicamente ativa) Cordilheira de Macquarie.

Foto: FOCUS/ CSIRO/ Mark Horstman/ Divulgação

Segundo estimativa, esses vulcões teriam se formado nos últimos 20 milhões de anos e podem influenciar as correntes oceânicas ao redor da Antártica. Helen Phillips, co-chefe cientista da viagem e professora de oceanografia da Universidade da Tasmânia, explicou:

A Corrente Circumpolar Antártica ‘sente’ o fundo do mar e as montanhas em seu caminho, e onde encontra barreiras, como cristas ou montes submarinos, ‘oscilações’ são criadas no fluxo de água– Helen Phillips

Helen Phillips está falando de “ondulações”, responsáveis por formarem redemoinhos circulares que, crucialmente, transportam o calor e carbono da camada superior do oceano para as camadas mais profundas, como um amortecedor contra o aquecimento global.

Foto: FOCUS/ CSIRO/ Amelia Pearson/ Divulgação

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Pela primeira vez, baleia mais rara do mundo começa a ser estudada por cientistas

    Animal só foi encontrado sete vezes ao longo da história, o que o torna um verdadeiro enigma para a ciência

    16 anos depois: mensagem em garrafa lançada na costa brasileira chega à Austrália

    Americano realizou o feito em novembro de 2008, prometendo prêmio para quem a encontrasse; saiba o que ele escreveu

    Caranguejos-aranha formam "tapete vermelho" no fundo do mar e intrigam cientistas

    Região onde animais foram avistados é rodeada de mistérios, como cânions submarinos e hotspots de biodiversidade

    Nova expedição promete cruzar o Ártico com zero emissão de carbono

    Viagens no navio de 230 pés com capacidade para 38 hóspedes acontecerão a partir de 2026

    Praia de Paulista: rio Pinheiros ganha prainha com música, yoga e beach tennis

    Atração ficará disponível até domingo (8), promove sustentabilidade e traz atividades para todas as idades