Mudanças climáticas podem tornar o oceano até cinco vezes mais barulhento, alerta pesquisa
Estudo aponta que o aumento do número de decibéis no mar já prejudica a vida marinha, e pode piorar até 2100
Mais um capítulo sobre as mudanças climáticas afetando a vida marinha. Segundo estudo publicado no periódico Environmental Science, o oceano está mais barulhento, já prejudica a vida dos animais que habitam o mar, e a situação pode ficar até cinco vezes pior daqui 70 anos.
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A pesquisa feita pela Universidade de Utrecht e a Organização Holandesa para Pesquisa Científica Aplicada (TNO), concluiu que as contínuas emissões de gases do efeito estufa estão resultando em águas oceânicas mais ácidas. Além disso, o aumento da temperatura também influencia na transmissão de sons subaquáticos.
De acordo com Luca Possenti, oceanógrafo do Instituto Real de Pesquisa Marinha dos Países Baixos (NIOZ), na Holanda, “em alguns lugares, até o final deste século, o som dos navios, por exemplo, será cinco vezes mais alto”.
Conforme o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, a pesquisa utilizou modelagem matemática para analisar cenários climáticos extremos e moderados, e nem mesmo a previsão mais ponderada dos próximos anos é animadora.
Por esses métodos, chegou a conclusão que, num cenário moderado, é previsto um aumento de sete decibéis nos níveis de som debaixo d’água até 2100, no norte do Oceano Atlântico. Para se ter ideia, um aumento deste nível corresponde a quase cinco vezes mais energia sonora subaquática.
Isso intensificará os sons gerados por aras de ar comprimido usadas em pesquisas sísmicas e pelo tráfego marítimo, que tende a crescer com o provável aumento de navios em alto-mar — que resultará num oceano mais barulhento.
Segundo Possenti, na falta de boa visibilidade debaixo d’água, os animais se comunicam, principalmente, por meio de sons.
Se os peixes não puderem mais ouvir seus predadores ou se as baleias tiverem mais dificuldade para se comunicar com as outras, isso afetará todo o sistema– Luca Possenti
Um oceano mais barulhento
Devido às mudanças nas correntes oceânicas e nas camadas de temperatura, uma provável diminuição de fornecimento de água superficial mais quente na região resultaria na formação de uma espécie de “canal sonoro”, que transportará sons por distâncias maiores e deixará o oceano mais barulhento.
Sendo assim, para melhor avaliação dessas mudanças, o TNO e o Maritime Reserach Institute Netherlands (MARIN) também estão fazendo medições dos sons debaixo d’água. Através de esferas de vidros que se quebram, os cientistas criaram sons em profundidades semelhantes àquelas usadas por mamíferos marinhos.
Desta maneira, os pesquisadores as gravam de dezenas a centenas de quilômetros de distância. Entretanto, Possenti reiterou que ainda não se sabe muito sobre os efeitos das condições subaquáticas na velocidade do som, e como isso deixará o oceano mais barulhento.
Devido aos efeitos potencialmente profundos sobre o ecossistema, esse conhecimento é essencial se quisermos entender o que as mudanças climáticas podem fazer com a vida marinha– Luca Possenti
Com o avanço desta pesquisa, mais políticas de preservação aos mares e ao ecossistema da vida marinha, a torcida agora é para que possamos não apenas ver mudanças acontecendo, mas também ouvi-las.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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