Ponto Nemo: conheça o lugar do Oceano Pacífico que abriga “cemitério” de espaçonaves

Local mais isolado que qualquer pedaço de terra abriga desde satélites até estações espaciais

03/01/2025
Foto: Captura de tela do Google Maps / Reprodução

Dizem que o ser humano sabe mais sobre o que há no espaço do que no fundo do oceano. O Ponto Nemo, nas profundezas do Pacífico Sul, é como uma junção do que há de mais misterioso nesses dois extremos do universo: o local traz um cemitério de espaçonaves diretamente do fundo do mar.

Considerado o ponto mais isolado do mundo, distante de qualquer continente ou ilha, a cerca de 2.700 km da terra mais próxima, o Ponto Nemo abriga em suas profundezas objetos espaciais já sem utilidade, como satélites, espaçonaves e estações espaciais.

Por lá estão a Estação Espacial Mir (que operou na órbita baixa da Terra entre 1986 e 2001), da era soviética, seis naves do programa Salyut (de 1970), 140 veículos de reabastecimento da Rússia, seis veículos de transferência de carga lançados pelo Japão e cinco da Agência Espacial Europeia (ESA).

 

Vale destacar que o local continua a receber restos de espaçonaves e satélites ao final de suas vidas úteis. Inclusive, no futuro, está previsto que a Estação Espacial Internacional (ISS) também seja desorbitada na área, por volta de 203,0 conforme planos divulgados pela NASA.

Estrategicamente isolado

O Ponto Nemo recebeu esse nome como uma homenagem ao livro Vinte Mil Léguas Submarinas, uma das obras literárias mais famosas do escritor francês Júlio Verne. Na história, o engenheiro e dono de um submarino batizado de Náutilus é conhecido como Capitão Nemo.

 

Para se ter uma ideia do quão isolado é o local, os humanos mais próximos do Ponto são os astronautas da Estação Espacial Internacional (a ISS), que ficam a cerca de 415 km de distância (pela altitude) quando sobrevoam o local. Não há atividades humanas nos arredores do Ponto Nemo, nem mesmo para transporte marítimo ou pesca.

Quanto aos animais, poucos deles vivem por perto. Isso se dá pelo fato de que o Ponto Nemo está no meio do Giro do Pacífico Sul, onde há uma imensa corrente oceânica giratória, com águas superficiais de 5,8ºC, que bloqueiam a entrada de água mais fria e rica em nutrientes.

 

Outro fator que implica na pequena quantidade de seres vivos no local é a baixa quantidade de matéria orgânica carregada pelo vento até lá, dificultando a proliferação de animais. Quem sai ganhando são apenas as bactérias, capazes de alimentar poucos seres, como o caranguejo-yeti.

Isolado, mas não secreto

Apesar de isolado e distante de qualquer interação humana, o Ponto Nemo pode ser localizado no globo terrestre. O local fica aproximadamente na metade do caminho entre a Nova Zelândia e o sul do Chile, em uma gigantesca faixa de azul do mar.


Para uma localização mais exata, é necessário traçar um triângulo entre três ilhas equidistantes: a Ilha Dulce (que fica próxima à Polinésia Francesa) ao norte; a Ilha de Maher, na Antártica, ao sul; e Motu Nui, uma das Ilhas de Páscoa, a nordeste. O local estará no centro deste triângulo.

 

Ou, de forma mais prática, é possível localizá-lo através do Google Maps utilizando as seguintes coordenadas: 48°52’6″S 123°23’6″ W, fornecidas pelo National Ocean Service, divisão do NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), agência do governo dos Estados Unidos.

“A localização de três pontos equiláteros é bastante única e não há outros pontos na superfície da Terra que poderiam substituir qualquer um deles”, explicou o engenheiro e pesquisador Hrvoje Lukatela, em entrevista à BBC. Lukatela foi o responsável por descobrir o Ponto Nemo em 1992, usando um software de computador.

 

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