Solução para evitar o derretimento da “geleira do Juízo Final” pode custar quase R$ 250 bilhões
Cientistas trabalham para impedir o fim do Thwaites, que pode ter efeitos catastróficos em regiões costeiras
Basta 60 centímetros de aumento no nível do mar para que as comunidades costeiras sintam os efeitos de inundações devastadoras com o derretimento das geleiras. Pode parecer apocalíptico, mas é essa a previsão caso a Thwaites — apelidada de “geleira do Juízo Final” — entre em colapso.
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Com área estimada em aproximadamente 190 mil km² — superior ao tamanho do estado da Flórida, Estados Unidos — , o derretimento desse imenso bloco de gelo resultaria em 97 milhões de pessoas em risco de terem suas casas invadidas por água, além de prejudicar a níveis desastrosos as comunidades e meios de subsistência. Porém, ainda há uma chance disso não acontecer.
A estratégia dos engenheiros para evitar que o dia do juízo final chegue envolve cortinas subaquáticas. Com 100 quilômetros de comprimento, a ideia é que essa “rede” gigantesca consiga evitar que a água quente do mar atinja e derreta as geleiras.
Segundo os cientistas envolvidos no projeto, além de bloquear o fluxo de correntes quentes para a geleira do Juízo Final, a inovação evitaria o derretimento, dando tempo suficiente para que sua plataforma de gelo volte a crescer. E ela também poderia ser facilmente removida, caso um impacto indesejado no ambiente seja percebido.
As cortinas subaquáticas já estão nos estágios iniciais de desenvolvimento e teste de um protótipo. Para 2025, o objetivo é instalar as barreiras em um rio, além de uma “rede” de 33 metros de comprimento em um fiorde norueguês nos próximos dois anos.
Uma ideia bilionária
A ideia que promete salvar a geleira do Juízo Final saiu da cabeça de John Moore, glaciologista e pesquisador de geoengenharia da Universidade da Lapônia. Mas, certamente, o custo dessa inovadora sugestão é salgado. O projeto custaria US$ 50 bilhões (R$ 249 bilhões, em conversão realizada em março de 2024).
Na verdade, este é o valor mínimo para cumprir essa missão. Só os experimentos deste ano devem custar algo próximo de US$ 10 mil (cerca de R$ 50 mil), com acréscimos de US$ 10 milhões para a tecnologia ser implementada. Por fim, viriam os US$ 50 bilhões necessários para instalar a cortina no Mar de Armundsen.
Por mais que possa parecer muito caro — e de fato, é — a execução da ideia valerá o custo-benefício, segundo Moore. Ele afirma que o mesmo valor já é gasto anualmente só para a proteção do nível do mar em todo o mundo, apenas com defesas costeiras.
O tempo está acabando
Não bastava a situação já ser complexa, ela ainda pode ficar mais delicada. Afinal, um colapso do Thwaites provocaria uma cascata de derretimento que poderia elevar o nível em mais de três metros. E nem seria a primeira vez que essa geleira aprontaria das suas.
O derretimento da “geleira do Juízo Final” já contribuiu para o aumento do nível do mar em 4%. Além disso, o Thwaites perderam mais de um trilhão de toneladas de gelo desde o ano 2000. Tudo isso acontece por causa daquele velho culpado de sempre: o aquecimento global.
Realmente não sabemos se [os Twhaites] poderão entrar em colapso amanhã, daqui a 10 anos ou daqui a 50 anos– John Moore
Para ter mais dados sobre seu derretimento, seria necessário tempo — que os especialistas julgam não ter até lá. Por isso, os defensores desta pesquisa acreditam que o momento de intervenção é agora. Porém, alguns especialistas discordam e argumentam que a redução de emissões é a única solução.
Sem consenso científico, com uma verdadeira fortuna para ser gasta e uma demora que pode ser tarde demais, não se sabe se essa ideia irá para frente. Mas a certeza é uma só: de toda forma custará caro — seja para o bolso ou para o futuro da humanidade.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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