Família de vítima do submarino Titan pede indenização de R$ 280 milhões à OceanGate

Herdeiros de Paul-Henri Nargeolet, especialista em Titanic, acusam empresa responsável de negligência grave

13/08/2024
Foto: OceanGate Expeditions / Divulgação

Em junho de 2023, a tragédia do submarino Titan, da OceanGate, fez cinco vítimas fatais após implodir durante expedição aos destroços do Titanic. Agora, um novo capítulo dessa história começa a se desenhar: a família do francês Paul-Henri Nargeolet, um dos tripulantes, pede uma indenização de US$ 50 milhões (R$ 280 milhões) à empresa responsável.

O processo, de homicídio culposo, foi aberto na última terça-feira (6) no Condado de King, em Washington, nos Estados Unidos.

 

A família de Nargeolet acusa o operador do submersível, Stockton Rush, de negligência grave, enquanto os advogados do espólio alegam que “muitos dos detalhes sobre as falhas e deficiências do navio não foram divulgados e foram propositalmente ocultados”.

Foto: OceanGate Expeditions / Divulgação

Vítima era considerada “Sr. Titanic”

A expedição catastrófica ao Titanic não foi a primeira que Nargeolt participou. O francês já havia visitado o local em outras 37 oportunidades, o que rendeu a ele o apelido de “Sr. Titanic”. A alcunha era adotada até mesmo pelo diretor de cinema James Cameron, que produziu, em 1997, o filme sobre o naufrágio.

 

Nargeolet era considerado uma das pessoas mais bem informadas do mundo sobre o Titanic. Por essa razão, Matt Shaffer — um dos advogados que representa a família da vítima do submarino francês — chegou a dizer que “se Stockton Rush tivesse sido transparente sobre todos os problemas que teve com o Titan, bem como com os modelos semelhantes anteriores, alguém tão experiente e conhecedor quanto Nargeolet não teria participado”.


Essa tese foi também mencionada por Cameron em uma entrevista no início deste ano, e agora reforça a alegação no processo de homicídio culposo movido pela família de Paul Henri-Nargeolet.

O processo afirma que Stockton Rush simplesmente não foi direto com a tripulação e os passageiros sobre os perigos que ele e outros sabiam, mas os passageiros e a tripulação não– disse Matt Shaffer

Segundo o portal Autoevolution, uma “documentação vazada recentemente mostra que Rush foi muito cuidadoso em abafar todas as críticas à maneira como ele operava sua empresa e construía seu submarino”, além de protagonizar “medidas de corte de custos empregadas na construção do Titan”.

 

Ainda de acordo com o portal, os cortes de custos incluíam desde “usar fibra de carbono em vez do titânio” — esse último, mais caro — até a recusa em “realizar testes estruturais após cada mergulho“.

Relembre o caso das vítimas do submarino Titan

O submarino Titan, operado pela OceanGate Expeditions, era utilizado para expedições turísticas ao local do naufrágio do Titanic, localizado a cerca de 3.800 metros de profundidade, no Oceano Atlântico Norte.

 

No dia 18 de junho de 2023, contudo, durante uma dessas viagens, as vítimas do submarino Titan perderam contato com seu navio de apoio. Isso aproximadamente 1h45 minutos após o início da descida.

Foto: OceanGate Expeditions / Divulgação

Uma intensa operação de busca e resgate foi lançada, envolvendo autoridades dos Estados Unidos, Canadá e outros países. Ainda assim, após dias de buscas, os destroços do submersível foram encontrados no fundo do oceano, confirmando que submarino havia sofrido uma implosão, resultando na morte de todos os cinco ocupantes a bordo.

Foto: OceanGate Expeditions / Divulgação

O acidente levantou questões sobre a segurança das operações da OceanGate, especialmente em relação ao design e às práticas de manutenção do Titan. A empresa foi criticada por supostamente ignorar preocupações de especialistas sobre a segurança do submersível, o que resultou em uma tragédia amplamente coberta pela mídia global.

Novas expedições ao naufrágio

Depois da tragédia com o Titan, não era de se imaginar que tão cedo alguém tentaria a façanha novamente. Mas Larry Connor, investidor imobiliário bilionário dos Estados Unidos, está decidido a mostrar que a viagem pode ser feita de forma segura e, para isso, está construindo o próprio submersível.

Foto: Triton Submarines / Divulgação

Quem o acompanha na empreitada da Triton Submarines é o co-fundador da empresa, Patrick Lahey. A dupla pretende mergulhar mais de 3.700 metros até o local do naufrágio em um submersível de capacidade, justamente, para duas pessoas — diferente do Titan, que levava até cinco.

 

“Quero mostrar às pessoas em todo o mundo que, embora o oceano seja extremamente poderoso, ele pode ser maravilhoso e agradável e realmente mudar a vida se você seguir o caminho certo”, disse Connor ao Wall Street Journal.

 

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