Gravuras em pedra podem ser representação mais antiga da pesca, dizem pesquisadores
De acordo com cientistas, artefato encontrado na Alemanha é datado da Idade do Gelo, há mais de 15 mil anos
O sítio arqueológico de Gönnersdorf, na Alemanha, trouxe à luz uma nova curiosidade. Por lá, acaba de ser descoberta o que pode ser a mais antiga representação de pesca já conhecida, com data estimada de cerca de 15,5 mil anos.
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Em uma parceria entre pesquisadores alemães e ingleses, as equipes do Leibniz-Zentrum für Archäologie (LEIZA) e da Universidade de Durham encontraram gravuras nas placas de xisto datado da última Era Glacial. Essas placas revelaram a existência de desenhos que remetem a prática de pesca — só que de milhares e milhares de anos atrás!
Publicada na revista PLOS One, a descoberta e identificação dos “rabiscos” no xisto é fruto das escavações realizadas no sítio arqueológico, que abriga um arsenal de artigos do povo magdaleniano — uma cultura do tempo Paleolítico Superior na Europa Central, entre 15 mil a.C e 9 mil a.C.
Com desenhos em forma de grade, a gravura pode representar, segundo a Universidade de Durham, redes ou armadilha de pesca. Inclusive, o Centro Leibniz de Arqueologia disse em comunicado que a pesquisa “está começando a identificar artistas individuais e seus estilos particulares”.
Essas descobertas expandem o repertório conhecida da arte da Idade do Gelo e oferecem deslumbres notáveis sobre as práticas simbólicas e sociais das primeiras sociedades de caçadores-coletores– disse o comunicado da Universidade de Durham
Muito mais do que um desenho
A pesquisa, de certa forma, permite que novos vislumbres das práticas sociais de caçadores-coletores do Paleolítico Superior Tardio sejam fornecidos. Conforme o estudo, as gravuras de Gönnersdorsf fornecem informações valiosas sobre as técnicas de pesca usadas pelos povos paleolíticos.
O estilo artístico minimalista das gravuras de peixes, combinado com a representação intrincada das redes, enfatiza a ação da pesca em vez de apenas representar os peixes em si– diz o estudo da PLOS One
Na interpretação dos cientistas, o desenho representa uma rede caracterizada por malhas entrelaçadas em formato de diamante e quadradas. Este também pode representar a abordagem “deliberada e sofisticada para capturar e manusear peixes durante o período magdaleniano”.
Vale ressaltar que as placas já foram estudadas no passado, mas houve pouco avanço na época. No entanto, a nova tecnologia de imagem chamada Reflectance Transformation Imaging (RTI) permitiu uma análise mais detalhada das gravuras.
A ferramenta permite manipular a luz e sombra digitalmente, destacando texturas e linhas que os métodos tradicionais não conseguem captar. Dessa forma, foi possível identificar detalhes finos, ordem das gravuras e até mesmo a sequência do desenho.
“Museu” magdaleniano
Descoberto em 1968, o sítio arqueológico de Gönnersdorf foi placo de uma série de descobertas sobre os humanos que viveram há milhares de anos. No local, há uma coleção de 406 peças com desenhos de animais, pessoas e cenas da vida cotidiana do Paleolítico Superior.
Logo quando foi encontrado, o sítio revelou uma variedade de vestígios de um antigo assentamento, que tinha sido protegido por uma camada de pedra-pomes originárias de erupção vulcânica. Sendo assim, foram preservados vários artigos e o local ficou conhecido pelas centenas de gravuras de mulheres humanas estilizadas.
Neste “museu” já foram encontrados vários registros de habitações e um total de 81 mil artefatos de pedra, sem contar as ferramentas, estatuetas, peças de armas, joias e objetos turísticos feitos em marfim e osso. Atualmente, as placas estão preservadas no Centro de Pesquisa Arqueológica MONREPOS, na Alemanha.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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