Com investimento de R$ 86 bilhões, ilhas artificiais de projeto em Dubai agora estão afundando

The World previa a construção de 300 ilhas, dispostas de forma a replicar o mapa-múndi; mesmo com 60% delas comercializadas, projeto está em declínio

02/07/2024
Foto: NASA / Jesse Allen / Wikimedia Commons / Reprodução

Ambiciosos e milionários: palavras que descrevem os projetos desenvolvidos em Dubai. Muitos deles saem do papel e viram atrações que alcançam o mundo todo, como a Palm Jumeirah (ilha artificial em forma de palmeira). Mas, nem tudo são flores e, quanto maior a ambição, maior pode ser a queda. É exatamente o que está acontecendo com o projeto The World, que previa a construção de 300 ilhas artificiais.

Sendo mais coerente, o The World não está em queda: está afundando. A ideia inicial do audacioso projeto era parecida com a Palm Jumeirah — inclusive, as obras ficam a poucos metros uma da outra. No lugar da palmeira, contudo, visto do alto o The World formaria um mapa-múndi, composto por 300 ilhas artificiais, com tamanhos entre 1,4 e 4,2 hectares.

Foto: Axelspace Corporation / Wikimedia Commons / Reprodução

Com um investimento inicial de 12 bilhões de libras (cerca de R$ 85,8 bilhões na cotação de junho de 2024), o The World chegou a utilizar 321 milhões de m³ de areia do Golfo Pérsico e 386 milhões de toneladas de pedra para realizar a obra, abrangendo uma área aproximada de 54 km². Acontece que, tudo isso, foi ainda lá em 2003, 21 anos atrás.

 

A intenção original do projeto era vender as ilhas para investidores privados, que poderiam desenvolver propriedades residenciais, resorts, hotéis e outras instalações de luxo. Mesmo com 60% do complexo vendido, contudo, as obras estão paradas há anos.

Foto: Alexandar Vujadinovic / Wikimedia Commons / Reprodução

Para se ter uma ideia, das 300 ilhas previstas, apenas uma foi completamente desenvolvida e está em uso: a Ilha do Líbano. Por lá está o The Royal Island Beach Club, que inclui um restaurante, bar, piscina e atividades aquáticas. A maioria das outras ilhas permanece desocupada e sem desenvolvimento significativo​.

 

Entre os motivos estão crises econômicas (principalmente a de 2008), que levaram à paralisação de muitas construções e ao abandono de alguns planos de desenvolvimento; problemas de infraestrutura, uma vez que as ilhas não são conectadas entre si ou ao continente por pontes ou estradas, o que torna o acesso difícil; e o principal deles: o impacto ambiental.


A construção das ilhas teve impactos negativos significativos nos recifes de coral e ecossistemas marinhos locais, embora esforços tenham sido feitos para mitigar esses efeitos. Abandonadas, as ilhas do The World ainda estão acelerando o aparecimento dos primeiros sintomas de erosão nos canais que circundam as ilhas, as transformando em espécies de “terraços desertos de areia”.

 

Tendo em vista a crise climática que cresce ano após ano, dados do Greenpeace indicam ainda que as ilhas do projeto estão afundando a uma taxa de 5 mm por ano.

Foto: Flickr NASA / Wikimedia Commons / Reprodução

Apesar dos inúmeros problemas e desafios, a Nakheel Properties, empresa responsável pelo projeto, continua buscando maneiras de revitalizar o The World, de forma a atrair novos investimentos para completar o desenvolvimento das ilhas.

 

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Pesquisa usa poemas antigos para apontar queda de golfinhos no Rio Yangtze

    Estudo analisou 724 poemas chineses escritos ao longo de 1.400 anos para mapear distribuição histórica da toninha-sem-barbatana do Yangtze

    Como são feitas as lanchas Focker? NÁUTICA mostra a nova fábrica da Fibrafort

    Neste episódio do "Criadores de Sonhos", Marcio Dottori desvenda as modernas instalações do estaleiro catarinense

    Teste jet Ventura Orca Performance: emoção 10, emissão zero

    Primeiro jet elétrico do mundo tem torque instantâneo, é rápido, silencioso e deixa apenas água limpa para trás

    Reviravolta: camadas de gelo voltam a crescer na Antártica

    Segundo estudo, estruturas cresceram de maneira anormal, embora recuperação não seja definitiva

    Redemoinho gigante no Mar Báltico avistado do espaço tem motivo revelado

    Registrado em 2018 por satélite, cientistas descobriram que o fenômeno está ligado às árvores; entenda