Microcontinente formado há mais de 40 milhões de anos é descoberto submerso, diz pesquisa

Localizado entre a Groenlândia e o Canadá, fragmento continental foi encontrado sem estar completamente rachado

30/07/2024
Conexão do Mar do Labrador (Oceano Atlântico) ao sul com a Baía de Baffin ao norte. Foto: NASA/ Divulgação

Nem sempre nosso planeta foi do jeito que conhecemos hoje. Há aproximadamente 300 milhões de anos, o mundo se resumia a um supercontinente chamado Pangeia, que se fragmentou após os movimentos das placas tectônicas e resultou na formação de continentes e — menos conhecidos — microcontinentes.

Desde então, foram avistados alguns desses fragmentos continentais pelo mundo, sendo o mais recente o “proto-microcontinente do Estreito de Davis”, formado há 40 milhões de anos e encontrado submerso entre a Ilha de Baffin, no Canadá, e a costa oeste da Groenlândia. A descoberta foi publicada na revista científica Gondwana Research.

Ilha de Baffin, no Canadá. Foto: NASA World Wind/ Domínio Público

Na prática, um microcontinente é um pedaço de uma crosta continental que foi quebrado das principais massas continentais, resultando em formação de ilhas distintas. Acontece que, no caso deste achado, além de estar submerso, o enorme bloco não foi completamente rachado.

 

Assim como em todos os casos, esses “pedaços” continentais surgem em lugares bem distantes do seu local de origem. Neste caso, esse proto-microcontinente do Estreito de Davis se separou da Groenlândia há milhões de anos e formou um bloco espesso com cerca de 19 a 24 km, segundo os pesquisadores.

De acordo com a pesquisa, essa formação geológica surgiu, provavelmente, entre 48 e 58 milhões de anos atrás, e só teria parado de se mover há 33 milhões de anos, quando a Groenlândia se chocou com a Ilha de Ellesmere, no extremo norte do Canadá — voltando a fazer parte da placa tectônica da América do Norte.

Uma viagem no tempo

Por estar localizada em meio à Groenlândia e ao Canadá, este microcontinente submerso é uma passagem oceânica que conecta os mares Labrador e Baía Baffin, que variam entre 1 mil e 2 mil metros de profundidade. Porém, a real diferença deste Estreito para o resto da região é a grossura da costa.

 

Enquanto as áreas que o separam da Groenlândia e Ilha Baffin têm entre 15 e 17 km de espessura, este novo microcontinente submerso tem, conforme mencionado, entre 19 e 24 km. Mas todo esse trabalho só foi possível porque os cientistas da pesquisa realizaram uma reconstrução histórica geológica.

Ilha de Baffin. Foto: Creative Commons/ Reprodução

Através de mapas que contêm dados de gravidade e atividade sísmica, os cientistas reconstruíram todo o processo da formação da região e como as placas tectônicas se moviam há 30 milhões de anos atrás, tendo uma compreensão melhor da origem deste microcontinente submerso.

 

Na “construção” deste Estreito, ocorreu um processo constante: o afinamento e ruptura da crosta terrestre — que criou fendas continentais chamadas de “riftes”. Inclusive, cada terremoto ou atividade de nível sísmico pode causar novas separações desses fragmentos continentais.

Groenlândia. Foto ilustrativa.

A equipe de pesquisa chegou a usar mapas derivados de dados de gravidade e reflexão sísmica para determinar a idade das falhas associadas ao “rifteamento”. Logo, os cientistas determinaram que a divisão inicial entre as duas regiões começou há aproximadamente 118 milhões de anos, durante a época Cretáceo Inferior.

 

O conhecimento gerado por este estudo é crucial para a compreensão das dinâmicas tectônicas globais. Além disso, o artigo sugere que a formação de microcontinentes, como a do Estreito de Davis, pode ser comum em outras partes do mundo, e mais pesquisas são necessárias para entender melhor esse processo.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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