Por que “bolha fria” está resfriando parte do Oceano Atlântico?

Enquanto oceanos esquentam pelo mundo, anomalia faz com que parte dele esfrie

17/08/2023

Na contramão dos recentes relatos sobre o aquecimento de oceanos pelo mundo, uma mancha chamada “bolha fria” (conhecida como “cold blob”, em inglês), localizada entre o Canadá e a Groenlândia, parece estar contrariando essa tendência.

Mesmo com o mês de julho sendo o mais quente da história recente, os cientistas vêm observando há anos uma estranha bolha fria, responsável por manter as temperaturas do Oceano Atlântico mais amenas e geladas do que o normal.

Foto: NOAA/ Reprodução

No mapa térmico compartilhado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), é possível visualizar uma mancha azulada, no norte do Oceano Atlântico. Enquanto isso, o restante do globo está em vermelho, indicando altas temperaturas no oceano.

Mudanças climáticas

Uma das teorias mais aceitas para explicar a bolha fria atribui a anomalia à desaceleração de um sistema oceânico importante: a Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico (AMOC, em inglês). O sistema de correntes oceânicas transporta águas quentes dos trópicos até o norte do Atlântico.

Foto: NOAA Climate.gov/ Reprodução

Segundo estudo realizado pela Universidade Estadual da Pensilvânia, as mudanças em grande escala nos padrões climáticos podem significar um papel importante na formação da bolha fria.

A mudança na circulação atmosférica é significativa o suficiente para induzir um impacto de longo prazo nos sistemas climáticos – Laifang Li, professora da universidade e coautora da pesquisa.

Além disso, um padrão de circulação atmosférica envolvendo um sistema de baixa pressão perto da Islândia, junto a um sistema de alta pressão perto das ilhas dos Açores — conhecido como Oscilação do Atlântico Norte (NAO, em inglês) — também tem contribuído significativamente para a existência da bolha fria.



Esse efeito influencia a forma como os ventos do oeste sopram no oceano. Segundo Li, durante uma fase do NAO, os ventos sobre o Atlântico Norte subpolar se intensificam, ajudando a explicar o motivo da bolha fria não ser sinal de uma não-existência do aquecimento global – mas apenas uma manifestação da mudança climática.

Quais serão os impactos da bolha fria?

Embora possa ser encarada como uma ferramenta boa contra o derretimento das geleiras no Ártico — e reduzir a temperatura média global — os pesquisadores da Penn State não estão muito otimistas com essas possibilidades, e buscam entender os impactos negativos da bolha fria.

Aumenta a instabilidade na atmosfera e favorece a passagem de tempestades que podem atravessar a bacia oceânica e trazer eventos climáticos extremos para a América do Norte e Europa – Laifang Li, pesquisadora

Além disso, a pesquisadora ainda acrescenta que a bolha fria “pode adicionar outra camada de complexidade às projeções de futuros eventos climáticos de alto impacto”. Por isso, os cientistas consideram importante acompanhar a sua evolução.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Almirante Carlos Roberto detalha novos barcos da Marinha no NÁUTICA Talks

    Principais projetos estratégicos em andamento, construções do navio polar e de nova fragata serão destrinchadas durante o Rio Boat Show 2024

    Gasolina Podium e Diesel Verana serão produtos de destaque no Rio Boat Show 2024

    Marca de combustíveis náuticos premium terá estande interativo na Marina da Glória e será parceira do NÁUTICA Talks

    Confira um compilado com os mais de 60 barcos que estarão nas águas do Rio Boat Show 2024

    Iate, veleiros, catamarãs, lanchas e botes estarão atracados na Baía de Guanabara, de 28 de abril a 5 de maio

    Porsche exibe carros esportivos de luxo no Rio Boat Show 2024, incluindo sedã híbrido

    Com dois modelos, especialista em carros de luxo terá estande no famoso Espaço dos Desejos

    NÁUTICA Talks: em clima de Olimpíadas, CBVela explica sucesso do Brasil na vela

    Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da CBVela, e Luiz Guilherme, head de marketing da confederação, falarão sobre o tema no Rio Boat Show