Teste Solara 380 Bowrider: lancha encanta com amplos espaços e boa navegabilidade

Muito agradável para uso externo, a nova embarcação tem aberturas laterais na popa, solário triplo e cockpit espaçoso

Por: Redação -
29/05/2024
Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Depois de apostas acertadas, o estaleiro gaúcho Lanchas Solara retornou às origens com a Solara 380 Bowrider, barco que encantou quem não abre mão de amplos espaços ao ar livre para curtir o verão. Para testar seu desempenho e navegabilidade, a equipe de NÁUTICA se lançou em uma viagem do Canal de Bertioga ao Indaiá, no litoral de São Paulo. Confira como foi o teste da Solara 380 Bowrider!

De olho em novos horizontes, nos últimos anos a Lanchas Solara ousou entrar em um segmento diferente, com a produção de embarcações cujo sucesso de vendas atesta o acerto da investida, como Pontoon 300 T, Pontoon 300T Top, Pontoon 300 Double Deck e Solara Boat House. Mas sem abandonar a construção de lanchas tradicionais de fibra.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

De volta às suas raízes, a empresa apresentou no São Paulo Boat Show 2023 a Solara 380 Bowrider, que tem espaço de respeito no cockpit, com capacidade para até 14 pessoas durante o dia, com opção de pernoite para quatro.

 

 

Ao contrário do que a palavra Bowrider sugere, não se trata de uma lancha de proa aberta (até porque ela tem uma boa cabine). O nome é uma referência à proa rebaixada em relação à amurada — apenas a caixa de âncora e o solário ficam um degrau acima —, formato feito para quem gosta, sobretudo, de tomar um bom banho de sol.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Com 11,90 metros de comprimento (39 pés) e boca máxima de 3,25 metros, a Solara 380 Bowrider surpreende em termos de espaço e desempenho. Sua plataforma de popa tem mais de 3 metros de largura por 2 metros de comprimento. Ou seja, são seis metros quadrados de área de lazer, onde é possível colocar duas cadeiras dobráveis, do tipo “diretor de cinema”, em vez dos tradicionais banquinhos de madeira.

 

O móvel gourmet tem uma churrasqueira a carvão (na unidade testada), que poderia ser elétrica, mais geleira, tábua de corte, pia e armário. A escada, retrátil, tem quatro degraus, como deve ser. E ainda há um toldo do tipo Stobag, manual ou elétrico.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Já na praça de popa, as aberturas laterais de acionamento elétrico (com sustentação hidráulica) nos dois bordos ampliam a área livre do convés em 2,40 metros. A área de convivência, aliás, é bastante generosa, por conta do projeto bem-bolado, que elimina a passagem lateral para a proa.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A sensação é de estar numa lancha bem maior. Tudo é muito bem iluminado, muito arejado. Mas, se preferir, nos dias mais quentes o proprietário pode fechar a parte de trás com uma lona e ligar o ar-condicionado, que é outro benefício incorporado pela Solara 380 Bowrider, com gerador.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

O cockpit, com teto em hard-top com abertura elétrica, tem um arranjo que privilegia a circulação das pessoas. Há um sofá em L a boreste, com espaço para até cinco pessoas, e uma mesa dobrável de madeira à frente, com porta-copos e pega-mão, além de um segundo sofá na popa, para quatro pessoas. Embaixo de cada assento há um grande paiol.

 

A cozinha também fica no cockpit, a bombordo, e vem equipada com pia, fogão elétrico de duas bocas, tábua de corte, dois armários, geleira e — atenção para o detalhe — uma chopeira, opcional oferecido pelo estaleiro.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

O acesso principal à casa das máquinas se dá por uma abertura no centro do cockpit. Há ainda um segundo acesso, a partir do levantamento do sofá de popa e do móvel gourmet, com ajuda de molas pneumáticas, que na unidade testada por NÁUTICA estavam com uma pressão excessiva, exigindo muito esforço para voltar ao lugar. A altura lá dentro é confortável e o espaço, adequado para as manutenções.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

O padrão das instalações é muito bom. Destaque também para o isolamento térmico e acústico e para a distribuição equilibrada do peso dos motores, dos tanques, do banco de baterias e do gerador.

 

No costado de bombordo foram instalados os bocais de entrada de diesel (para o gerador) e de gasolina, para os motores. Porém, eles estão muito próximos um do outro e são muitos parecidos, podendo provocar um grave erro na hora do abastecimento.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

No posto de comando, com bancos anatômicos duplos (ou, opcionalmente, único, com assento rebatível, para pilotagem em pé), revestidos com tecido naval macio e com encosto alto, o painel tem espaço para vários instrumentos, podendo ser digitais ou mesclados com os inigualáveis reloginhos analógicos.

 

Todos os controles necessários para operar o barco de forma segura e eficiente estão bem-posicionados, inclusive os botões de acionamento dos flapes elétricos. A botoeira é de inox, material bonito e resistente, mas que aquece demais quando submetido ao sol, causando um certo desconforto nos dedos do piloto.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Os manetes de comando dos motores, do tipo DTS (Digital Throttle & Shift), proporcionam mudanças suaves e silenciosas e resposta instantânea do acelerador. Quem estiver acostumado com comando mecânico pode estranhar um pouco nas primeiras saídas. Mas logo pega o jeito.

 

Embaixo do nicho dos manetes, há duas tomadas USB, mas falta um suporte para o celular. Um detalhe interessante de segurança do modelo testado são as chaves para acionamento dos extintores da casa de máquinas, que ficam abaixo do painel, ao alcance fácil das mãos do piloto.

 

O acesso à proa é feito por uma passagem a bombordo, com a abertura parcial do para-brisa. Essa porta é fechada com duas travas de segurança. Porém, é um pouco pesada para abrir e fechar. Aqui caberia o apoio de uma mola pneumática. Fica a sugestão para o estaleiro.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

O corredor de acesso à proa é largo e seguro, protegido por um guarda-mancebo bem-posicionado. O guincho de âncora tem comando duplo (os botões ficam ao lado do paiol e são espelhados no painel do posto de comando), facilitando o manejo da corrente.

 

Os cunhos, de inox, são bem-dimensionados. Há ainda uma pequena ducha, que serve tanto para lavar a âncora quanto para refrescar as pessoas que estiverem estendidas tomando banho de sol.

 

O solário — que acomoda bem três pessoas (ou, apertando um pouco, até quatro), tem encostos de cabeça e porta-copos nas laterais. Fica um degrau acima do piso. Aliás, toda área da proa fica rebaixada em relação à borda do casco — motivo de a lancha ser chamada de Bowrider. Essa configuração, inspirada no estilo americano, mais esportivo, resulta em conforto maior para quem se acomoda nessa área, como o barco parado, naturalmente, mesmo com o mar mais agitado.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Em contrapartida, afeta a altura no camarote de proa — é, não se pode ter tudo ao mesmo tempo. Por privilegiar os banhos de sol, o projeto excluiu a gaiuta que tradicionalmente ocupa esse espaço. Em compensação, para iluminar o camarote de proa, incluiu uma janela a bombordo, instalada na lateral do corredor de acesso à proa.

 

Para a entrada na cabine, o estaleiro optou pela instalação de uma porta de correr (que contribui para economia de espaço), com travas tanto para ficar aberta quanto para permanecer fechada, o que é importante para o isolamento acústico.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A escada de madeira tem três degraus e estrutura de inox. A altura, na entrada, é de 1,80 m, e depois diminui em direção ao camarote de proa, que é aberto e tem dois sofás em V e uma mesa no centro. A altura fica em torno de 1,50 m, por conta do estilo bowrider do barco.

 

Como a cozinha fica no cockpit, na cabine, a bombordo, foi instalado apenas um frigobar e um micro-ondas, que dão conta para preparar um prato rápido, e um pequeno armário para guardar os utensílios, como talheres, pratos e copos.

 

A boreste, com 1,80 m de altura, fica o banheiro, com pia com água pressurizada, armários e box fechado, além de vaso sanitário com bombeamento elétrico e de uma janela com vigia para a ventilação.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

O camarote de meia-nau tem uma cama de casal, com uma janela em formato de vírgula (com uma pequena vigia embutida, para entrada de ar) na cabeceira, a boreste; já a bombordo há uma televisão, um armário com cabideiro e um grande baú, perfeito para se guardar a roupa de cama e o material de salvatagem. A altura sobre a cama não passa de 1,05 m, por conta do estilo do barco.

Navegação da Solara 380 Bowrider

Navegamos com a Solara 380 Bowrider nas águas do Canal de Bertioga, no litoral de São Paulo, com um bate-volta até o Indaiá, num dia de mar relativamente calmo, com ondas 50 centímetros a 1 metro de altura. Estava equipada com dois motores V8 Mercruiser 6.2 litros de 300 hp, a gasolina.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A bordo, seis pessoas, 200 litros de combustível e 100 litros de água. Nessas condições, a mais nova integrante da família Solara entrou em planeio ao atingir 15 nós, passando a cruzar as marolas suave e tranquilamente. Nas curvas, sem o uso dos flapes, a lancha inclinou um pouco, sem nunca deixar de ser segura.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Fácil de manobrar e respondendo prontamente aos comandos, no teste de aceleração, em duas passagens, nos dois sentidos, para evitar efeitos de ventos e de corrente, precisou em média de 10,3 segundos para ir da marcha lenta aos 20 nós. No desempenho, sem levantar os flapes, a velocidade máxima, a 4.500 rpm, foi de 32 nós, com consumo razoável de 97 litros/hora em cada motor.

 

A visão do piloto na posição sentada através do para-brisa laminado na fibra é excelente. Os vidros laterais se abrem ao lado do piloto, o que é importante na hora das manobras de atracação, além de facilitarem a ventilação natural.

 

A parte de trás do painel é revestida de um material fosco, que evita reflexos nos olhos do piloto e no para-brisa. Mas, faltam jatos de lavagem (ou um esguicho) no para-brisa, importante quando ocorrem respingos da água do mar.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Em resumo, uma lancha com cockpit muito espaçoso e aquele algo mais na proa oferecido por uma bowrider, e que ainda permite quatro pessoas dormindo a bordo. Tudo isso com a marca de um estaleiro com mais de 1.200 barcos navegando pelas águas do Brasil e do mundo.

Saiba tudo sobre a Solara 380 Bowrider

Pontos altos

  • Cockpit muito espaçoso e com ótimo pé-direito
  • Boa navegabilidade em curvas e cortando ondas
  • Ampla área de lazer na plataforma de popa

Pontos baixos 

  • Bocais de abastecimento (gerador e motores) muito próximo
  • Falta um esguicho de água doce junto ao limpador de para-brisa
  • Assento do piloto não é rebatível

Características técnicas

  • Comprimento total: 12,10 metros
  • Comprimento na linha d’água: 9 metros
  • Boca: 3,25 m
  • Capacidade (dia): 14 pessoas
  • Capacidade (noite): 4 pessoas
  • Pé-direito na cabine: 1,80 m
  • Tanque de combustível: 450 litros
  • Deslocamento leve: 6800 kg
  • Deslocamento carregado: 8800 kg
  • Tanque de água: 250 litros
  • Potência: de 270 a 300 hp, parelha
  • Motorização: popa ou centro-rabeta

 

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