De bicho espaguete a lula raríssima: expedição descobriu 20 novas espécies marinhas em potencial

Realizada na costa chilena, operação encontrou ecossistemas desconhecidos e criaturas "bizarras" através de ROV

06/09/2024
Lula do gênero Promachoteuthis. Foto: Schmidt Ocean Institute/ Divulgação

Durante uma expedição de 28 dias aos montes submarinos da Cordilheira de Nazca, na costa do Chile, a equipe de oceanógrafos do Schmidt Ocean Institute descobriu e documentou 20 potenciais novas espécies. Os resultados foram publicados no site oficial do instituto.

Com ajuda de um veículo subaquático operado remotamente (ROV), foram avistadas criaturas raríssimas na região — algumas que sequer tinham registros documentados. Este é o caso da Promachoteuthis, uma lula viva que, pela primeira vez, foi documentada em um vídeo:

 

 

Existem apenas três espécies deste gênero de lula formalmente descritas, sendo que a maioria data do século 19. Logo, também é a primeira vez que ela foi filmada em seu habitat natural, na zona batial — entre 1 mil a 4 mil metros abaixo da superfície do oceano.

Até agora, o gênero de lula só foi caracterizado a partir de amostras mortas encontradas em redes– afirmou um porta-voz da operação

Por falar em novas espécies, pela primeira vez o polvo Casper, também chamado de Gasparzinho — apelido dado por conta de sua aparência fantasmagórica –, foi visto no Pacífico Sul. Segundo o Schmidt Ocean Institute, o animal se encontrava a 4,3 mil km de profundidade e carece de mais estudos.

Polvo Casper. Foto: Schmidt Ocean Institute/ Divulgação

Dois raros sifonóforos Bathphysa, mais conhecidos como “monstros de espaguete voadores” — ou também “bicho espaguete” — foram encontrados. Sua aparência se assemelha a um amontoado de fios — ou espaguetes brancos. O comportamento é pouco conhecido.

Bicho espaguete. Foto: Schmidt Ocean Institute/ Divulgação

Conhecimento profundo

A expedição da Schimidt Ocean não parou por aí. Além de potenciais novas espécies, os pesquisadores encontraram uma estrela-do-mar de águas profundas, imagens do caranguejo-rei, registros do ouriço-do-mar do gênero Argopatagus e outros animais, no mínimo, inusitados.

Foto: Schmidt Ocean Institute/ Divulgação

Até o momento, essa é a terceira expedição na região em 2024, sendo que as anteriores já haviam identificado mais de 150 espécies potencialmente novas — e desconhecidas no momento. Com as descobertas das novas espécies em potencial, o número total de seres conhecidos passou de 1.019 para mais de 1.300.

A operação não descobriu apenas novas espécies ou criaturas “bizarras” — sem querer ofendê-las. Segundo o Schmidt Ocean Institute, foram explorados 10 montes submarinos, sendo que a base do maior estava a uma profundidade de 4 km da superfície.

Grande coral de bambu encontrado na expedição. Foto: ROV/ Schmidt Ocean Institute/ Divulgação

De acordo com o instituto, essa expedição — a terceira no ano às Cordilheiras de Nazca e Salas y Gómez — busca contribuir com a compreensão e gestão internacional da região, além de colaborar com o Projeto Seabed 2030 da Fundação Nippon-GEBCO, que procura mapear todo o fundo do mar até 2030.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    100 metros em cem anos: estudo prevê encolhimento das faixas de areia no Rio de Janeiro

    Projeções foram feitas com base no cenário mais otimista de aquecimento global. Entenda os impactos

    Passeios de barco na Europa: veja quais as cidades mais procuradas para a atividade

    Estudo da TUI Musement analisou milhões de buscas no Google. Amsterdã, Bruges e Paris lideram a lista

    Marina pública: infraestrutura estratégica para o desenvolvimento do turismo náutico

    Bianca Colepicolo comenta sobre modelos de infraestruturas marítimas e analisa vantagens de parcerias

    Mais de 40 cruzeiros afetados: Norwegian Cruise anuncia cancelamento de viagens

    Mudança de roteiros causou suspensão de 4 meses de cruzeiros da temporada 2026/2027 nos Estados Unidos

    Mar de plástico: alta concentração de microplástico ameaça corais no Mediterrâneo

    Estudo revela concentração "excepcionalmente alta" de resíduos em recifes de ilhas espanholas, onde o formato dos corais age como armadilha