Navio de pesquisa de 1962 é capaz de “ficar de pé” no mar; assista em ação

Quando na vertical, paredes internas viram pisos e móveis são adaptados para a nova posição

16/07/2024
Foto: U.S. Navy / Wikimedia Commons / Reprodução

Não é um ambicioso projeto futuro, tampouco um delírio dos amantes do mar. Um navio capaz de ficar na vertical existe e atua nos oceanos desde 1962. Sua estrutura surpreende por si só, mas ganha ares ainda mais impressionantes por ter sido pensada — e colocada em prática — há 62 anos.

Pertencente ao Escritório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos (ONR) e operado pelo Laboratório de Física Marinha da Instituição Scripps de Oceanografia, o RP Flip, ou “The Research Platform Floating Instrument Platform” (Plataforma de Instrumentos Flutuantes) é uma plataforma de pesquisa oceanográfica única.

 

 

O Flip foi feito para apoiar um estudo sobre como as ondas sonoras debaixo d’água mudam por conta das diferenças de temperatura e do formato do fundo do mar. A pesquisa fazia parte de um programa da Marinha americana chamado subrock, sobre mísseis lançados por submarinos — assunto de grande interesse dos EUA à época –, o que moveu a tecnologia da década.

Foto: U.S. Navy/Military Sealift Command / Wikimedia Commons / Reprodução

Naquele momento, pesquisadores entendiam que um navio seria mais estável do que um submarino para os estudos e assim o RP FLIP foi produzido, em Portland, no Oregon, EUA. A estrutura de 108 metros de comprimento foi lançada ao mar em 22 de junho de 1962.

Como a embarcação fica na vertical

Para o propósito que foi criado, o RP Flip precisava ser uma embarcação estável e esse recurso foi adquirido tanto na vertical, quanto na horizontal. Para que sua estrutura fique na vertical, contudo, a embarcação foi projetada para ser parcialmente inundada, o que resulta em um giro de 90° graus.

Foto: U.S. Navy/John F. Williams / Wikimedia Commons / Reprodução

Funciona assim: no início do processo, a plataforma começa na posição horizontal. Sua transição para a vertical se dá a partir do momento em que os tanques na popa da embarcação são enchidos com água do mar. Conforme o líquido preenche os tanques, a popa começa a afundar, inclinando a embarcação, em um processo que dura cerca de 28 minutos.

Foto: U.S. Navy/John F. Williams / Wikimedia Commons / Reprodução

Quanto totalmente a 90º graus, a posição do RP Flip com o lastro de água nos 91 metros submersos faz com que ele não oscile com a ação das ondas do mar, proporcionando uma plataforma estável mesmo em meio a elas, algo ideal para medições científicas precisas e para a coleta de dados sem interferência do movimento da água.


Esse é o momento em que alguns móveis, anteriormente fixos na “parede”, encontram seu lugar no novo “chão” da embarcação.

Foto: Divulgação

Para retornar à posição inicial, o processo é invertido. A água é bombeada para fora dos tanques, permitindo que a popa suba novamente e a plataforma gradualmente volte à horizontal.

O fim de uma era

Apesar de toda sua tecnologia, o RP Flip é como um vovô dos mares. Depois de contribuir para a ciência por mais de meio século, em agosto de 2023 a plataforma foi descomissionada, devido a considerações de idade e manutenção.

 

Vale ressaltar que, além de ondas sonoras subaquáticas, o Flip atuou nos estudos de dados meteorológicos, temperatura e densidade da água, deixando seu nome mais do que marcado no universo científico.

 

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