Navio de pesquisa de 1962 é capaz de “ficar de pé” no mar; assista em ação
Quando na vertical, paredes internas viram pisos e móveis são adaptados para a nova posição


Não é um ambicioso projeto futuro, tampouco um delírio dos amantes do mar. Um navio capaz de ficar na vertical existe e atua nos oceanos desde 1962. Sua estrutura surpreende por si só, mas ganha ares ainda mais impressionantes por ter sido pensada — e colocada em prática — há 62 anos.
Cemitério de cruzeiros? Entenda como acontece o desmanche de navios aposentados
Noruega tem primeira balsa totalmente elétrica do mundo
Inscreva-se no Canal Náutica no Youtube
Pertencente ao Escritório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos (ONR) e operado pelo Laboratório de Física Marinha da Instituição Scripps de Oceanografia, o RP Flip, ou “The Research Platform Floating Instrument Platform” (Plataforma de Instrumentos Flutuantes) é uma plataforma de pesquisa oceanográfica única.
O Flip foi feito para apoiar um estudo sobre como as ondas sonoras debaixo d’água mudam por conta das diferenças de temperatura e do formato do fundo do mar. A pesquisa fazia parte de um programa da Marinha americana chamado subrock, sobre mísseis lançados por submarinos — assunto de grande interesse dos EUA à época –, o que moveu a tecnologia da década.


Naquele momento, pesquisadores entendiam que um navio seria mais estável do que um submarino para os estudos e assim o RP FLIP foi produzido, em Portland, no Oregon, EUA. A estrutura de 108 metros de comprimento foi lançada ao mar em 22 de junho de 1962.
Como a embarcação fica na vertical
Para o propósito que foi criado, o RP Flip precisava ser uma embarcação estável e esse recurso foi adquirido tanto na vertical, quanto na horizontal. Para que sua estrutura fique na vertical, contudo, a embarcação foi projetada para ser parcialmente inundada, o que resulta em um giro de 90° graus.


Funciona assim: no início do processo, a plataforma começa na posição horizontal. Sua transição para a vertical se dá a partir do momento em que os tanques na popa da embarcação são enchidos com água do mar. Conforme o líquido preenche os tanques, a popa começa a afundar, inclinando a embarcação, em um processo que dura cerca de 28 minutos.


Quanto totalmente a 90º graus, a posição do RP Flip com o lastro de água nos 91 metros submersos faz com que ele não oscile com a ação das ondas do mar, proporcionando uma plataforma estável mesmo em meio a elas, algo ideal para medições científicas precisas e para a coleta de dados sem interferência do movimento da água.
Esse é o momento em que alguns móveis, anteriormente fixos na “parede”, encontram seu lugar no novo “chão” da embarcação.


Para retornar à posição inicial, o processo é invertido. A água é bombeada para fora dos tanques, permitindo que a popa suba novamente e a plataforma gradualmente volte à horizontal.
O fim de uma era
Apesar de toda sua tecnologia, o RP Flip é como um vovô dos mares. Depois de contribuir para a ciência por mais de meio século, em agosto de 2023 a plataforma foi descomissionada, devido a considerações de idade e manutenção.
Vale ressaltar que, além de ondas sonoras subaquáticas, o Flip atuou nos estudos de dados meteorológicos, temperatura e densidade da água, deixando seu nome mais do que marcado no universo científico.
Náutica Responde
Faça uma pergunta para a Náutica
Relacionadas
Turistas poderão realizar passeios sem desembarcar ainda no 1º semestre; região abriga lobos e leões-marinhos
Em homenagem à imensidão azul, NÁUTICA preparou lista onde a água doce é destaque
Especialista no turismo das águas, Bianca Colepicolo explica como cidades podem se preparar para se tornar destinos náuticos
1ª aparição do casal após a modelo dar à luz ao terceiro filho foi no barco do estaleiro brasileiro, que estará no Rio Boat Show 2025
Tecnologia da Seaturns passou por testes na França e é forte alternativa limpa para a geração de eletricidade