Por que apenas 20% do oceano foi explorado até agora? Entenda as dificuldades do fundo do mar
Mesmo que ocupe 70% do Planeta Terra, fatores como custo e pressão no fundo do mar dificultam as descobertas


Você já ouviu falar que “sabemos mais do espaço do que do oceano”? Esta frase faz sentido e ressalta o quão difícil é explorar o fundo do mar, visto que conhecemos apenas 1/4 do que cobre 70% do planeta Terra. Mas afinal, por que é tão difícil mapear sua totalidade?
Conheça a origem do Bloop, o som misterioso identificado no oceano há 26 anos
Saiba como uma garrafa de champanhe salvou três tripulantes de barco a remo
Inscreva-se no Canal Náutica no YouTube
Primeiramente, é preciso saber a imensidão que isso representa. Responsável por cobrir boa parte da Terra — só o Pacífico ocupa 45% — , o mar pode chegar a níveis de profundidades completamente inacessíveis para o ser humano — aí começa o primeiro problema de mapear o oceano.
A profundidade média dos oceanos é maior que 3,6 quilômetros. Para se ter ideia, o nível de 100 metros — onde começa a síndrome de descompressão — já pode ser mortal aos humanos. É claro que há registro de pessoas que desceram bem mais que isso, como James Cameron, diretor do filme Titanic.
A nível de curiosidade, o ponto mais profundo conhecido pelo homem é a Fossa das Marianas, com mais de 10,9 quilômetros — maior até mesmo que o Monte Everest. Caracterizada por depressões longas e estreitas, o ponto mais profundo também fica nela, o Challenger Deep, com quase 11 km.
Ainda é pouco
Com o passar do tempo, foi possível analisar as características dos oceanos de acordo com a profundidade, além de descobrir algumas espécies que precisam de uma certa altitude para viver.
A tecnologia trouxe ainda drones submersíveis (ou ROV, sigla em inglês para “veículo aquático operado remotamente”), que permitem aos pesquisadores explorar as profundezas — mas esse uso ainda representa uma fração minúscula.
É neste momento que a frase sobre conhecermos mais o espaço do que o oceano se cumpre. Enquanto 12 astronautas passaram um total coletivo de 300 horas na superfície lunar, só três pessoas passaram cerca de três horas explorando o Challenger Deep, segundo o Woods Hole Ocenographic Institution.
Temos melhores mapas da Lua e de Marte do que do nosso próprio planeta- Gene Feldman, oceanógrafo emérito da NASA
Outros problemas de explorar o oceano
Suponhamos que, por algum milagre, você consiga resistir a toda pressão da profundidade do oceano e mergulhar até o fundo do mar. Ainda assim, teria uma série de problemas para enfrentar, como animais nem sequer descobertos pela ciência, água extremamente gelada e inexistência de luz.
Sem contar que a própria logística para se chegar até o fundo do oceano é um grande problema. Afinal, trata-se de um investimento de alto risco em todos sentidos, inclusive financeiro, que inclui o uso de submarinos especiais, profissionais e outras tecnologias nada baratas.
É possível explorar todo o oceano?
A missão é complexa e pode envolver derivadores oceânicos (boias que dependem das correntes oceânicas para carregá-los, enquanto coletam dados) e veículos — ocupados por humanos (HOVs) ou remotamente (ROVs).
Mas sim, é possível explorar todo o oceano — só demoraria cerca 200 anos! Pelo menos é isso que, em 2001, disse Walter Smith, geofísico da Agência Americana Oceânica (NOAA), numa hipótese na qual o mapeamento aconteceria com apenas um navio oceanográfico.
Com 40 embarcações, levaria 5 anos– Walter Smith
Na época, ele estimava que o custo dessa operação seria de aproximadamente US$ 3 bilhões de dólares. Vale ressaltar que a tecnologia evoluiu de lá para cá, o que poderia encurtar o tempo que levaríamos para explorar 100% o oceano.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
Náutica Responde
Faça uma pergunta para a Náutica
Relacionadas
Estaleiro promete novidades na disposição interna de lanchas. Evento será 26/04 a 04/05
Ao todo, serão 6 produtos com tecnologia antifungo e resistentes ao sol apresentados pela Agroquímica. Salão acontece de 26/04 a 04/05
Registro aconteceu enquanto pesquisadores realizavam expedição em busca de predadores, na Nova Zelândia
O dente comprido do animal, que intriga pesquisadores, chega a 3 metros e possui mais de 10 milhões de terminações nervosas
Layout do barco foi elaborado para promover o amplo convívio social, interação e proximidade com as águas