Estudo explica como as baleias podem cantar debaixo d’água sem se afogar
Segundo a pesquisa, o animal possui um mecanismo específico na laringe para emitir som sem respirar; entenda
Por acaso você já tentou fechar a boca, prender a respiração e cantar? Caso tenha feito esse teste, com certeza falhou — além de ter gerado uma cena cômica. Mas é exatamente isso que as baleias fazem debaixo d’água, quando emitem sons mesmo sem respirar.
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Para explicar essa curiosa “habilidade”, pesquisadores investigaram como funciona a anatomia das baleias de barbatanas — grupo composto por espécies como as baleias jubarte, franca e cinzenta, por exemplo.
Afinal, ao contrário das baleias dentadas — que usam um órgão nasal para “cantar” — , acredita-se que as de barbatana usam a laringe. As conclusões foram publicadas na revista científica Nature.
Como era de se imaginar, elas têm um sistema exclusivo que possibilita essa peripécia, pois quando a laringe dessas baleias produz som, suas vias aéreas se fecham. Segundo as pesquisas, essas espécies têm estruturas únicas que permitem a produção de ruídos de baixa frequência.
Inclusive, esse mesmo mecanismo de som é semelhante ao de outros mamíferos terrestres, aves e odontocetos. No entanto, que a laringe das baleias era especial os cientistas já sabiam, mas faltava ainda descobrir como é que elas faziam para cantar sem se afogarem.
Não se pode simplesmente colocar um endoscópio em uma baleia e ver o que ela faz quando está cantando– Joy Reidenberg, professora da Icahn School of Medicine of Mount Sinai
A anatomia de uma baleia
Por mais que seja difícil fazer esse teste numa baleia morta, não é impossível. Pensando nisso, o autor principal do estudo, Ceon Elemans, coletou tratos vocais frescos de três espécimes encalhadas que estavam mortas a pouco tempo, perto de seu laboratório.
No teste, o pesquisador usou uma baleia-jubarte, uma baleia-minke e uma baleia-sei — três espécies do grupo de baleias de barbatana. Além de realizar tomografias computadorizadas e simulações em 3D, os cientistas usaram amostras para fornecer ar com a intenção de imitar o funcionamento dos pulmões.
Acabamos usando balões de festa para alimentar a instalação– Ceon Elemans
Dessa maneira, os cientistas colocaram as três laringes em um espaço aéreo de laboratório, e sopraram lentamente o ar. Este experimento permitiu que eles percebessem que — ao contrário dos humanos — as cordas vocais da baleia se esfregam contra uma almofada de gordura, na parte superior da garganta.
De certa forma, isso também explica o motivo das baleias produzirem sons tão diferentes: enquanto as jubartes costumam cantar músicas mais complexas, as minke grasnam como patos e as baleias sardinheiras criam sons de baixa frequência.
Apesar dessa descoberta, os pesquisadores ressaltaram que ainda são necessárias mais pesquisas, com uma amostra de estudo maior e outras espécimes de baleias, para entender — sem generalizar — como funciona o mecanismo de comunicação do animal.
Um prejuízo sonoro
Segundo Elemans, que observou a adaptação das baleias, esse “dom” de cantar sem se afogar surgiu quando seus ancestrais terrestres retornaram ao oceano, há cerca de 50 milhões de anos. Diante da necessidade de se comunicar enquanto usavam a laringe na alimentação, elas desenvolveram esse sistema.
Por meio dos experimentos, os cientistas descobriram que as baleias de barbatana não são capazes de produzir frequência acima de 300 hertz ou abaixo de 100 metros. Logo, Elemans explicou que essa “profundidade e faixa de frequência se sobrepõem quase perfeitamente ao que os humanos produzem”.
Levando em conta que o ruído gerado pelos navios fica entre 30 a 300 hertz, esse barulho já é suficiente para complicar a forma como as baleias se comunicam. Ou seja: a poluição sonora produzida pelos seres humanos a tornam mais vulneráveis — e nem mesmo cantar soluciona o problema.
Segundo a professora de biologia marinha, Heidi Pearson — que não participou da pesquisa –, o estudo destaca a necessidade urgente da diminuição da poluição sonora, implementando zonas lentas que protegem áreas com muitas baleias “cantoras” e tornam os navios mais silenciosos, logo, menos prejudiciais à vida marinha.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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