“Iluminar as nuvens” pode ser a solução para conter o aquecimento do mar; entenda
Embora ajude, a estratégia carece de evidências consistentes e pode servir como plano de contingência


Quando as condições meteorológicas não ajudam, a melhor solução pode ser partir para o artificial. É assim que pensa um grupo de 30 cientistas, que juntos redigiram uma pesquisa publicada recentemente no Science Advances, em que avaliam as chances de “iluminar as nuvens”, de maneira não natural.
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Este plano é uma tentativa de conter o aquecimento do mar, mas está longe de ser uma solução segura. A estratégia, chamada de “brilho das nuvens marinhas” (MCB), consiste em adicionar partículas de aerossol em nuvens rasas sobre o oceano e, assim, torná-las mais refletivas.


Segundo os cientistas, a ideia seria usar um barco no oceano e, de lá mesmo, lançar água do mar na atmosfera através de um spray. Com as gotículas evaporando, serão produzidas as necessárias finas partículas de névoa do aerossol, deixando para os movimentos do ar a missão de transportá-las até a nuvem.
A partir daí, devido ao aumento da capacidade de reflexão à radiação solar, a quantidade de energia absorvida pelo mar diminuiria, minimizando, assim, a degradação das temperaturas do oceano — ao menos na teoria. O contraponto é que a viabilidade de iluminar a nuvem pode trazer mais problemas do que soluções.
Ainda não se sabe como o MCB afetaria o clima tanto global, quanto regional. Afinal, causar — sem aviso — a diminuição das nuvens pode levar a uma piora no aquecimento. Isso sem falar nas implicações éticas, como desencadear mudanças nas chuvas.
Por isso, são necessárias pesquisas extensas, incluindo experimentos em campo e em laboratório, além do monitoramento e modelagem em diferentes escalas. Entretanto, os cientistas estão mais inseguros quanto aos efeitos de iluminar as nuvens marinhas do que à injeção de aerossóis em grande escala.
É o que temos para hoje
Por mais que não traga a resposta teórica que a comunidade cientifica precisa, a estratégia de iluminar as nuvens pode servir como um plano de contingência. A proposta seria neutralizar alguns dos efeitos das alterações climáticas, para minimizar o atraso na luta contra as mudanças do clima.
Precisamos considerar planos alternativos não ideais, apenas para ganharmos tempo suficiente– Lynn Russell, coautora do artigo, em comunicado à imprensa
Mas essa atitude, isoladamente, não mudaria muita coisa. Russell disse que a geoengehnaria — intervenção deliberada e em grande escala no sistema climático da Terra — não impede as emissões de gases, que também causam as alterações climáticas.
Sendo assim, o ideal seria que o plano de iluminar as nuvens pudesse abrandar o agravamento de desastres climáticos, enquanto há uma política de combate às emissões. Enquanto isso, alguns ativistas ambientais defendem a prevenção do problema e se opõem à geoengenharia.
Iluminar nuvens é a solução?
Essa pergunta nem os cientistas conseguem responder — até porque não é fácil manipular algo que não se consegue tocar. Algumas nuvens bloqueiam a luz, enquanto outras podem reter o calor — a intenção dos pesquisadores é que ocorra o primeiro cenário.


Além disso, a forma como uma nuvem reage à intervenção humana dependerá de uma série de fatores complexos, imprevisíveis e mutáveis. Não à toa, Graham Feingold, autor principal e pesquisador do Laboratório de Ciências Químicas da Agência de Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), define o plano como um “grande desafio”.
Teríamos que colocar as partículas do tamanho certo, em nuvens receptivas, nos momentos certos do dia e nas estações, em áreas grandes o suficiente para sombrear grandes áreas do oceano– Graham Feingold
De acordo com o cientista, o interesse na técnica MCB está em crescimento, mas os políticos não têm a informação necessária para tomar decisões sobre o assunto. Sendo assim, enquanto nada é definido, fica o dilema: arriscar numa solução sem evidências consistentes, ou esperar e perder tempo na luta contra as mudanças climáticas?
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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