Governo dos EUA faz parceria inédita com povos indígenas pela preservação de santuário marinho
Com ajuda dos nativos que vivem na costa da Califórnia Central, local terá maior apoio e proteção contra exploração
Pense o seguinte: qual é o melhor grupo possível para cuidar de um lugar senão as pessoas que vivem lá há séculos? Nesse raciocínio, nasceu uma parceria inédita entre os Estados Unidos e os povos indígenas da costa da Califórnia Central, que farão parte da conservação local.
Com seca histórica no Amazonas, navio do século 19 emerge do rio Madeira
Ameaçadas de extinção, baleias-francas são monitoradas via satélite pela 1ª vez no Brasil
Inscreva-se no Canal Náutica no YouTube
Cerca de 11.766 km² de oceano desta região se tornaram oficialmente o mais novo santuário marinho nacional dos EUA. A área foi nomeada como Chumash Heritage National Marine Sanctuary — em 2015, foi proposto o nome Northen Chumash Tribal Council, que remetia mais a tribo local.
A área protegida é a terceira maior do tipo no país e a primeira a ser liderada em parceria com os povos indígenas. Além disso, a costa da California Central se tornará a única área marinha em 30 anos que será gerenciada especificamente para conservação da biodiversidade.
Tal conservação ocorre pois o santuário abriga uma área rica em variedade de vida marinha e características ambientais que estão ameaçadas pelas atividades humanas e mudanças climáticas, segundo a Administração Ocêanica e Atmosférica Nacional (NOAA).
De acordo com John Armor, diretor do Escritório de Santuários Marinhos Nacionais da NOAA, o projeto “cria novas oportunidades para pesquisa, recreação e turismo responsáveis” da área conservada, que pode ser protegida para que as “gerações futuras possam vivenciar e aproveitar”.
União pela conservação
Proteger e cuidar da região costeira sempre fez parte da rotina dos povos indígenas. Entretanto, agora eles terão mais apoio do governo americano em atividades contra perfuração de petróleo offshore, gás e mineração submarina — a pesca ainda será permitida.
Ser capaz de lidar com as mudanças climáticas, usar o conhecimento ecológico tradicional e participar da cogestão é a contribuição dos povos indígenas para salvar o planeta– Violet Sage Walker, presidente do Northern Chumash Tribal Council, à NPR
Ocorrerá também a proibição de despejo de resíduos e regulamentações para garantir que espécies nativas da área não sejam perturbadas — além de introduzir seres que não são nativos da região. Este controle significa maior monitoramento de impactos ambientais, vital para entender como as mudanças climáticas afetam o ecossistema.
O santuário sob o poder do povo indígena também é um sonho realizado do pai de Walker, Fred Collins. Ele nomeou a área para se tornar um santuário ainda em 2015, mas a proposta definhou no governo Trump. Fred Collins faleceu em 2021, porém, seu sonho está mais vivo do que nunca.
Em uma das últimas conversas que tivemos, ele disse que o santuário foi uma das coisas mais importantes que já fez, e queria que eu o terminasse– Walker Collins, sobre seu pai
A batalha continua
O envolvimento e o conhecimento dos povos indígenas Chumash na proteção do santuário certamente tem sua importância. Apesar da intenção, isso não quer dizer que esse processo não enfrente críticas.
Enquanto alguns dizem que não houve consulta suficiente aos povos indígenas, outros reclamaram que a área delimitada para o santuário foi menor do que o inicialmente proposto, por conta do desenvolvimento eólico offshore.
De acordo com o NOAA, as expansões dos limites do santuário serão consideradas no futuro. Por agora, o próximo passo para a preservação da costa será criar um conselho consultivo — que também incluirá representantes das comunidades indígenas.
Para se ter ideia do tamanho desta região para os povos nativos, eles acreditam que é nesse local que “todas as pessoas deixam este mundo para a próxima vida”, conta Walker.
Após séculos de opressão e deslocamento, o ativista entende que levará tempo para que os indígenas restaurem o relacionamento com o governo federal.
Enquanto eu estiver respirando, vamos lutar para proteger nossa Terra, a mãe Terra. É assim que a maioria dos povos indígenas são– Walker Collins
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
Náutica Responde
Faça uma pergunta para a Náutica
Relacionadas
Dois grandes sucessos da marca atracarão no salão, de 28 de novembro a 1º de dezembro, no Lago de Itaipu
Espécie não era vista na costa de Washington desde 1970; um dos animais avistados é sobrevivente das capturas
Preparado em uma tradicional panela de barro, prato exclusivo é o carro-chefe do restaurante especializado em frutos do mar
Evento acontece em paralelo com o salão náutico, no dia 30 de novembro, no Iate Clube Lago de Itaipu
Público poderá conferir equipamentos a partir de R$ 9,5 mil no estande da marca; salão acontece no Lago de Itaipu, de 28 de novembro a 1º de dezembro