Ciência no gelo: navios da Marinha partem do RJ pela 44ª Operação Antártica
Expedição científica reúne 26 projetos, do clima à arqueologia, e promete descobertas sobre o futuro do planeta


Neste domingo (5), dois navios da Marinha do Brasil deixam o calor carioca da Base Naval da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, e partem em direção ao frio glacial na Antártica. A bordo, parte dos 181 pesquisadores que integram a 44ª Operação Antártica (OPERANTAR), um dos maiores programas científicos do país. Durante mais de seis meses, eles vão enfrentar mares revoltos, ventos cortantes e temperaturas extremas em nome da ciência — e da presença do Brasil no continente branco.
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Criada em 1982, a OPERANTAR garante não apenas a produção científica nacional, mas também o direito de o Brasil participar das decisões globais sobre o futuro da Antártica. Nesta edição, 26 projetos foram aprovados em áreas que vão da biodiversidade à arqueologia, passando por clima, geologia, impactos ambientais e até mudanças socioeconômicas ligadas ao continente.


A expedição conta com dois navios da Marinha: o Navio Polar Almirante Maximiano (H41), carinhosamente chamado de “Tio Max”, e o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel (H44), conhecido como “Gigante Vermelho”. Aviões e helicópteros também dão suporte, transportando pesquisadores entre o Brasil, o Chile e a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), a principal base nacional no continente gelado.
O trajeto tem algumas escalas: do Rio de Janeiro vai até Rio Grande (RS), depois segue para Punta Arenas, no Chile, e enfim corta as águas até a Antártica. Parte dos cientistas permanece embarcada para pesquisar o oceano ao longo do caminho, enquanto outros seguem de avião diretamente ao continente gelado.
Veteranos e estreantes no gelo
Entre os cientistas da 44ª OPERANTAR está o biólogo Paulo Camara, pós-doutor em botânica que soma mais de 15 expedições à Antártica. Ele participa do projeto BRYOANTAR, que busca mapear espécies ameaçadas da flora local.
Ver o projeto aprovado é prova de reconhecimento e produtividade– contou


Do outro lado da experiência está a pesquisadora Izadora Galera, que pisará pela primeira vez no continente gelado. A bordo do “Tio Max”, ela se surpreendeu com a estrutura da embarcação.
Participar sempre foi um sonho. É uma experiência de outro mundo, estou animada com o que vem por aí– disse
Ciência em várias frentes
A OPERANTAR reúne pesquisas em diferentes áreas. Um deles é o projeto IMANTAR, que estuda a alta atmosfera e os efeitos de fenômenos como tempestades solares. Os equipamentos, instalados na base brasileira, funcionam o ano inteiro e recebem manutenção anual durante a expedição.


Para o pesquisador Eduardo Perez Macho, mesmo após três viagens, a sensação de estar e estudar na Antártica não perde a força — e segue impressionante. “Não é apenas uma oportunidade científica, mas uma vivência transformadora”, confessou.
Outro destaque é o projeto ArqueoAntar, com três décadas de existência. Nesta edição, a equipe pretende escanear os sítios arqueológicos estudados em detalhes, para criarem um modelo em 3D que revele novidades sobre as primeiras ocupações no continente.


Trabalhamos com histórias de grupos pouco visibilizados. Por isso, vamos também registrar um documentário durante a expedição– contou a pesquisadora Luara Stollmeier
Na linha do clima, o projeto PRO-SAMBA investiga como mudanças hidrográficas e químicas do oceano Austral se relacionam com o ciclo do carbono e o aquecimento global. “Pela primeira vez, vamos monitorar as trocas de gás carbônico durante todo o verão austral, e não apenas em coletas pontuais”, explicou Rodrigo Kerr.
Já o FRÁGILMAR busca entender como peixes antárticos respondem às variações de temperatura e estresse ambiental. Para Ana Paula Nascimento Corrêa, estar no projeto é mais que ciência:
Participar da Operantar traz sensação de dever cumprido. É uma oportunidade única de contribuir com a conservação desse ambiente e ainda representar o Brasil– revelou à NÁUTICA


Investimento e futuro
Segundo a Marinha, a 44ª OPERANTAR recebeu R$ 2,25 milhões em recursos públicos destinados à manutenção dos laboratórios e alojamentos na Estação Antártica. O número de pesquisadores apoiados pelos 26 projetos é 32% maior do que na edição de dois anos atrás, o que reforça a ampliação do apoio à ciência brasileira no continente.
A missão está prevista para retornar com os cientistas às águas cariocas do Rio de Janeiro em 11 de abril de 2026. Até lá, o que se descobrir no gelo poderá ajudar a entender não apenas a Antártica, mas também o futuro do planeta.
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