Criatura de 18 metros está impactando a cadeia alimentar da vida marinha; entenda
Gelatinoso e transparente, os "picles do mares" causam perturbações no ecossistema durante as ondas de calor oceânicas e preocupam cientistas


Uma criatura marítima esquisita vem aparecendo com mais frequência do que deveria, principalmente nas praias da costa oeste dos Estados Unidos. Para entender do que se trata, cientistas da Oregon State University investigaram as recentes aparições no mar dos pirossomas — mas trouxeram mais preocupações do que alívio.
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Ser vivo que tem até 18m de comprimento, as intrigantes estruturas flagradas nas águas também são chamadas popularmente de “picles do mar”. Gelatinoso e transparente, este organismo, na verdade, é uma colônia de animais. Eles foram identificados pela primeira vez em 2013, durante um período de calor atípico nos oceanos.


De acordo com as informações publicadas recentemente no periódico NewScientist, a presença dos pirossomas tem impactado negativamente na cadeia alimentar marinha.
Com dados de longo prazo de 361 tipos de organismos marinhos, informações de dieta e modelos de ecossistema, os cientistas compararam o antes e depois das recentes ondas de calor. Os resultados mostraram que, com os mares mais quentes, a relação entre predadores e presas se “bagunçam”.
Segundo o estudo, os pirossomas têm impactado a disponibilidade de alimentos para animais situados mais acima da cadeia alimentar, como os peixes. Além disso, influencia no funcionamento do ecossistema e levanta preocupações tanto sobre espécies ameaçadas quanto nas usadas na criação de peixes em cativeiro.
Pirossomas podem ser beco sem saída
O grande problema é que, enquanto os pirossomas se alimentam de animais na base da cadeia alimentar, como o fitoplâncton — base alimentar para diversas espécies — o picles do mar não costuma entrar na dieta de outros seres marinhos.


Os pirossomas consomem animais na base da cadeia alimentar e retêm essa energia. Eles estão retirando do sistema a energia de que os predadores precisam– Lisa Crozier, pesquisadora do NOAA e coautora do artigo
A pesquisa também revelou que os pirossomas são considerados “difíceis de digerir” e o valor nutricional deste organismo é incerto.


Em resumo: o aquecimento global causado pelos seres humanos traz consequências até nas profundezas do oceano, atrapalhando a sobrevivência das espécies que vivem dentro e fora d’água.
Como nada mais come realmente os pirossomas, eles simplesmente se tornam um beco sem saída, e essa energia não está disponível para mais ninguém no ecossistema– Joshua Stewart, professor do Marine Mammal Institute e coautor do artigo
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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